Ao abrir os olhos, Atlanta foi recebida por um mundo distorcido e confuso. As paredes brancas do quarto hospitalar dançavam diante de seus olhos, uma visão embaçada de um cenário que não se encaixava em sua memória recente. A tentativa de compreender o que havia acontecido era como juntar peças de um quebra-cabeça que se desfizera.
- Onde estou? - A voz de Atlanta, ainda enfraquecida pelo coma, escapou como um sussurro tremido.
A preocupação pairava no ar quando Ruby, ao lado da cama, segurava a mão de Atlanta com firmeza.
- Você está em casa, Atlanta. Houve um acidente, mas você está segura agora. Tudo vai ficar bem.
- Ruby? É você?
- Oi... - Ruby respondia, emocionada. - Sou eu...Atlanta, porém, sentia-se isolada em um mar de confusão. A sensação de não conseguir enxergar mergulhou-a em uma ansiedade crescente.
- Por que está tão escuro? O que aconteceu com os meus olhos? - Atlanta perguntava, desesperada.Os médicos, presentes no quarto, compartilhavam olhares preocupados enquanto tentavam acalmar Atlanta. Um deles explicou gentilmente:
- Você sofreu uma colisão muito grave e com isso, suas retinas foram afetadas pelos estilhaços do carro.
- Eu vou ficar cega? Não... isso não está acontecendo. - Atlanta estava desesperada. - E a minha carreira? Meus livros... não.
- Calma. - Tranquilizava o médico. - Agora que você acordou vamos começar o tratamento adequado, não é uma condição permanente, existem chances de você recuperar a visão.A escuridão ao redor de Atlanta parecia pesar como um manto, e a ideia de não poder ver o rosto de Ruby, o ambiente familiar e o mundo ao seu redor a atormentava.
- Não.. eu não posso ficar assim, eu não vou aguentar. - A estrela ficava cada vez mais agitada e angustiada pela possibilidade de nunca mais enxergar.
- Calma... - Disse Dexter, sem saber muito como reagir aquilo.Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto de Atlanta enquanto ela tentava processar a nova realidade. A incerteza do desconhecido e a escuridão que se abatia sobre ela tornavam a recuperação um desafio ainda maior.
- O acidente foi só comigo? A Zara está bem? - Atlanta perguntou, preocupada.
Ao mencionar o nome de Zara, Atlanta percebeu um breve silêncio que pairou sobre o quarto, como se a menção da fotógrafa tivesse evocado uma sombra desconhecida:- Dexter, Ruby... O que aconteceu? Por que esse silêncio?. - Atlanta questionou, tentando decifrar o enigma que se desenrolava em sua mente turva. - Ela está bem? Respondam!
- Zara?... Qual é a ultima coisa de que se lembra Atlanta? - Dexter perguntou, como um teste para entender o que estava acontecendo. Nesse momento os médicos já sabiam que talvez a escritora havia perdido parte de suas lembranças.
- Eu não... não consigo me lembrar muito bem... eu.. não lembro de muita coisa.
- Tudo bem. - Disse um médico, interrompendo. - É muita informação para ela, agora. É melhor Atlanta repousar, afinal, ela acabou de acordar de um coma. Sua mente ainda está confusa.Os olhares trocados entre Dexter e Ruby foram carregados de significado, como se uma comunicação silenciosa se desenrolasse diante das palavras de Atlanta.
A confusão nos olhos de Atlanta persistia, mas ela optou por aceitar o pedido do médico, pelo menos por enquanto. O desconhecido pairava sobre as informações que não foram compartilhadas, e Ruby, apesar de seu próprio coração pesado, escolheu não adicionar mais peso à já complicada jornada de Atlanta. Dexter conduziu Ruby para fora do quarto, ambos já sabiam o que estava acontecendo e precisavam conversar o quanto antes:
- Ela perdeu a memória, não se lembra da gente. - Ruby comentou, assim que saíram do quarto.
- Eu sinto muito... - Dexter disse, percebendo como Ruby havia ficado mexida com aquilo. - Eu tenho certeza que ela vai recobrar as lembranças de vocês, mais cedo ou mais tarde.
- Pouco me importa, Dexter... ela lembrando ou não, você nunca nos deixaria em paz, não é?- Não é bem assim... eu..
- Me desculpe, eu não deveria estar descontando nada em você. Eu só... eu não sei o que fazer. - Ruby estava com o coração ainda mais partido. Era uma tristeza profunda que ela sentia naquele momento. - O mais importante é que ela acordou.
- É... você tem razão...
- Escuta, eu vou contratar uma cuidadora para ela, alguém para ajudar em tudo o que ela precisar, quero que Atlanta se recupere logo.
- Acho que é uma boa ideia, não quero deixar ela sozinha nem um minuto sequer.
- Eu vou providenciar isso, não se preocupe. - Disse Ruby.
- Sabe nunca entendi completamente esse vínculo tão forte que você tem com Atlanta. É como se você sempre estivesse disposta a sacrificar qualquer coisa por ela...- O amor não é algo que você pode entender apenas racionalmente. Para mim, amar é colocar a felicidade de Atlanta acima de tudo. A alegria dela é a minha alegria, e sua dor é a minha dor.
Dexter arqueou uma sobrancelha, expressando sua perplexidade.
- E quanto a você? E sua própria felicidade? Você está disposta a sacrificar isso indefinidamente?"Ruby sorriu, um sorriso terno que refletia a profundidade de seus sentimentos.
- O amor, Dexter, é sobre compartilhar a alegria e a dor. Eu acredito que, ao escolher a felicidade de Atlanta, também estou construindo a minha. Ver o sorriso dela é a minha recompensa.Dexter, embora respeitoso, não conseguiu conter a preocupação.
- Não acho que esse tipo de amor seja saudável, acho que mesmo que soa bonito, alguém sempre sai machucado. - Ele rebateu - Você é uma pessoa incrível, mas não pode dedicar toda a sua vida à felicidade de outra pessoa. Você precisa pensar em si mesma também. Afinal, o que Atlanta te dá em troca disso?
Ruby se pois a pensar por alguns segundos e ao concluir sua resposta, ela olhou certa de suas convicções:
- Vida. - Ela disse. - Para mim não há nada mais importante do que ver ela viver.
- É difícil compreender.Ruby, com um olhar determinado, respondeu:
- Eu entendo sua preocupação, Dexter. Mas para mim, colocar Atlanta em primeiro lugar não é um sacrifício. É uma escolha que faço com o coração. Não consigo imaginar outra maneira de amar.- Um dia eu gostaria de experimentar um amor assim... mas eu ainda não tenho maturidade para isso... mas afinal, o que pretende fazer com essa história da Atlanta estar sem memórias?
- O que eu tenho para fazer? Nada. É obvio que me dói saber que ela não se recorda de nós, mas esse não é o foco no momento. E se for preciso, eu conquisto ela mais uma vez.
- Bom, para o que você precisar, eu estarei aqui... - Ruby sorriu, sarcasticamente, lembrando da vez em que precisou que Dexter fosse empático, e ele não foi. Mas ela não quis jogar isso em sua cara, pelo menos não naquele momento.
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Boa Noite, Atlanta.
Romance1° lugar no ranking - 13/10/2020 1° lugar no ranking - 14/10/2020 (LGBT+) Atlanta Delano é uma escritora de sucesso nos Estados Unidos. Um pouco egocêntrica e um tanto imodesta, ela lidera o ranking de celebridades mais populares do momento em Holl...