The Experiment ☣ [Jerrie]

02 ☣

Dezenas de mãos a tocavam simultaneamente, mas Perrie sentia como se não houvesse interação real.
Era como se fosse uma boneca, maleável e inanimada que não possuía opção além de seguir imposições.

Observou o teto branco e as paredes azuladas enquanto suas roupas eram cortadas e seu corpo nu era posto sobre a cama. O familiar embrulho no estômago veio ao ver os objetos dispostos por tamanho na bandeja cirúrgica, suas mãos e pernas foram presos às amarras estrategicamente postas na cama, agora com lençóis novos, embora o saco transparente que continha o forro ensopado de cor vermelha da menina anterior ainda pudesse ser visto.

Normalmente era o momento em que colocavam a máscara de gás em seu rosto pra que fosse inalado e a deixasse dopada o bastante pra não se mover. Não era gás anestésico, não pois eles precisavam que as preciosas cobaias reagissem a dor, era apenas imobilizante. Fraca demais pra dar transtorno, porém consciente o suficiente pra sentir todo o processo lancinante.

Alguns fios de seu cabelo dourado caíram sobre seus olhos quanto Perrie se virou em direção a porta que foi vagarosamente aberta, revelando a figura da dama impiedosa de olhos de chocolate.
Desesperou-se pois a presença da Doutora Thirlwall não podia ser, em nenhum aspecto, boa.

— Estou aqui, inicie o processo. - Perrie buscou com olhos curiosos a posição da mulher, não pode crer como sua voz era suave aos ouvidos, quase como uma afronta ao que ela realmente representava. A mulher ajustou os óculos, segurando o que parecia ser uma planilha, ao ser abaixada pude notar o número 042 carimbado em tinta vermelha no início da ficha.

— Doutora Thirlwall, acabamos de lidar com um caso falho, não acha recomendável fazer alterações?

— O caso foi falho porque abriram a cobaia ao meio e injetaram toxinas em  seus órgãos. Eu estou no comando dessa pesquisa agora e não permitirei tais erros estúpidos. -a voz até então suave, embora ainda fosse inabalável possuía um tom tão profundamente cortante que não houve alma corajosa o suficiente para questioná-la. —Tragam os cilindros e as cânulas, vamos iniciar o processo.

Perrie não gritou, não ainda. Sabia que iria eventualmente, mas tinha aprendido a retardar o máximo possível suas reações, não queria dar a esses homens o prazer da percepção de que apenas a visão dos uniformes e luvas de silicone eram o bastante para despertar nela absurdo desespero.

Agulhas foram injetadas em seus braços, cilindros foram posicionados ao lado  de sua cama. Esses continham um líquido roxo espesso que curiosamente a lembrou lavanda. As cânulas tomaram leve vibração e os líquido no cilindro tremeu assim que a sucção dos tubos o puxou direto para as agulhas posicionadas em suas veias.

— Documentem a reação. -ouviu absorta a voz de Thirlwall falar ao fundo, estava fixada no líquido que vinha descendo lentamente pela cânula, pronto para invadir seu corpo. Era novo, e tudo que é novo dentro da percepção humana é duplamente mais assustador.
Apenas uma cobaia, se lembrou mais uma vez do que era.

—Doutora, ela não irá aguentar tamanha dosagem. -uma voz preocupada soou. Doutora Thirlwall ajustou os óculos, observando a planilha.

—Documentem a reação. -repetiu cortante. E Perrie soube nesse momento que nem ao menos uma cobaia era. Era um teste descartável.
E quando o líquido fez contato com sua corrente sanguínea, soube que o outro homem estava certo; desta vez não aguentaria.

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Possivelmente vou att ainda hoje ❤