Caro sumido

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Caro Sumido,

Você dizia que eu era um robô. Toda organização, obsessão e insensibilidade. O pior é que você gostou de me ter como porto seguro e nunca hesitou em jogar peso em meus ombros.

Eu sou invencível, não é? Foi o que você disse naquele dia...

Eu sou a garota que não quebra apesar de tudo. Sou aquela que vê o mundo desabar, sentada em posição de lótus, com um olhar cético. 

Quando você desapareceu, garoto, eu não sofri. Acredite, continuei bem aqui, observando as chamas do incêndio que você causou. E se quer saber? Estou muito melhor do que você, contrariando todas as suas expectativas. 

Enquanto você destrói seu fígado com aquelas bebidas, eu distribuo sorrisos aguados. Enquanto você se intoxica com cigarros, eu respiro um ar que não me satisfaz. Nós morremos um pouco mais todos os dias, cada qual com seus métodos. 

Porém, no fim do dia, quando você me olha sobre o capô do seu velho carro, sinto sua angústia. Vejo em seus olhos a dor e a solidão que esconde.

E eu continuo aqui, no mesmo lugar de sempre. Ancorada, vendo seu mundo ser levado pelo vento, como as cinzas depois do fogo. No rosto um olhar cético e aquele meio sorriso que te desarmava.

Com indiferença, 
Da garota que um dia você chamou de veneno.

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Passou alguma música pela sua cabeça enquanto lia esse texto? Comenta ela aqui!

E me diz o que sentiu lendo essa carta!

Até logo...

(Im)pessoalOnde histórias criam vida. Descubra agora