Foi em um dia qualquer, eu tava no nono ano, prestes a ir por ensino médio, a minha "Amiga" (Colega na verdade, não gosto dessa coisa de amiga) me desafiou a fazer um corte com o estilete que eu tinha, eu gargalhei e aceitei rapidamente aquele desafio bobo, era apenas UM corte, qual mau ia ter isso pra minha vida???
Eu peguei o estilete, apesar de ter coragem dentro de mim, eu estava tremendo e algo me falava para largar aquele objeto e ir fazer a atividade de matemática, mas mesmo assim, gravei aquele objeto insignificante na carne do meu braço e o puxei, o estilete tava meio ceg e não cortou de primeira, apenas arranhou e inchou o local onde o estilete esteve. Cravei-o mais fundo e o puxei com mais força, então vi o sangue. foi o começo da minha desgraça, comecei a fazer um corte pequeno a cada dia, duas semanas depois eu ganhei uma caixinha de giletes de "A" e pronto. A diferença da gilete para o apontador é que a gilete era nova e não estava cega, eu que pensava que a gilete tinha o mesmo defeito do apontado, cravei-o na carne e o puxei, isso fez uma dor aguda no local surgir e saiu uma quantia de sangue considerável, mas três folhas de caderno foi o suficiente para conter. Um dia eu e "A" tivemos uma ideia idiota, eu cortava e ela jogava um pouco de perfume em cima. Fiz o corte e ela jogou, eu mal tinha sentido o perfume em meu braço e já tava contorcendo o meu corpo. Dor infeliz, eu a senti aguda, como uma facada em meu coração, era uma dor bem dolorosa, mas era boa, era viciante. E fizemos isso até o frasquinho de perfume acabar. Passei a ir de roupa de frio pra escola, pois os cortes já estavam dominando o meu braço. Passei a tomar remédios desnecessários e em grande quantidade, mas logo desisti, o meu vÃcio era os cortes mesmo. Aà você pergunta: "A sua mãe não via os seus cortes?"
Óbvio que não! Quando eu chegava a minha mãe estava colocando o almoço, eu ia direto pro quarto, depois de colocar o almoço, ela ia pro quarto e ficava lá, às vezes até saia. A noite ela e os meus irmãos estava na rua brincando ou conversando. Era bem fácil pra mim esconder os meus cortes. Não tinha medo do que podia acontecer se um dia ela descobrisse. Sei lá, foi tipo naquele ano que eu vi o tamanho da minha dor, da minha raiva e do meu ódio. Minha vida foi uma merda.... Grande merda