Juntos para sempre, de todas as formas

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Não tinha noção do tempo que estava ali, pendurado como um porco, acorrentado pelos braços, o corpo suspendido, mas os pés ainda tocando no chão, estava sujo e com a pele dilacerada.

Não sabia muito bem como foi parar ali, estava no parque com Menma, e então ouviu o carro derrapando. A última coisa que lembrava era de gritar procurando o filho.

_ Finalmente acordou, seu pai aguentava mais tempo antes de desmaiar.

A voz era suave, rouca, era quase inacreditável uma voz tão tranquila falasse tantas crueldades.

Seu dono não ficava para trás. Estava velho de mais para guerras, mas não velho o suficiente para deixar de realizar seus desejos mais obscuros. Os olhos castanhos não escondiam o olhar sombrio, os fios castanhos não passavam dos ombros. Ele não aparentava a idade que tinha, setenta anos se não fugia da memória, assim como não aparentava o maldito perverso que era.

Minato gemeu, _ O que você quer?

Batsuma olhou ao redor, a pergunta parecendo lhe divertir. _ O que eu quero? Isso é fácil de responder, _ se aproximou do "neto". _ Quero vocês dois mortos.

Minato soluçou, os braços dormentes, o corpo balançando. Estava de cueca, as costas queimavam das feridas feitas por um chicote com várias pontas e pelo álcool que ele derramava para "não infeccionar" – o louro sabia que era pela diversão em lhe aplicar mais dor.

O velho andou ao redor do corpo aprisionado. A satisfação de tê-lo ali, depois do filho ter o protegido muito bem, era quase física. Poderia gozar só de ver a agonia dele.

_ Mas agora você deu cria também, uma raça maldita que procria como baratas imundas e nojentas.

Segurou o rosto com força para machucar, liberando seus feromônios de forma bem agressiva. Minato gritou com muita dor, sentindo o fogo se alastras por dentro de sua pele.

_ Vou esmaga-los assim como esmagamos baratas _ rosnou em voz de comando.

Seus ouvidos doeram, sangrando, quase com tímpano estourado.

A porta foi arrombada, a figura ofegante, os olhos vermelhos, os feromônios assassinos. Batsuma sorriu cruel.

_ Um bom filho a casa retorna.

Tobirama rosnou, batendo com o ferro no velho. _ Não sou um bom filho.

Ele correu em direção ao louro e segurou nas correntes, puxando com toda sua força. O louro caiu em seus braços, totalmente apagado. Tobirama o pegou no colo e saiu da torre deixando o velho inconsciente.

~~~***~~~

A melhor parte do seu dia era quando estava na creche. Mesmo gostando muito de estar em casa com o seu pai e o seu nii-san, o momento em que ia para a creche era o seu preferido. Quase que religiosamente, o pequeno moreno sentava na mesa do canto esperando seu mais novo amigo chegar e sentar ao seu lado, formando dupla consigo.

No primeiro dia de aulinha, seu amigo ficou quieto no final da salinha. Pelo o que ouviu de sua professora – que erroneamente seus colegas chamavam de tia, afinal ela não tinha parentesco com nenhum deles, – que o mais novo aluno tem uma personalidade tímida e insegura, por isso ele não tentava fazer amizade com as outras crianças.

Ele, no entanto, ficou curioso para saber o porquê de ser inseguro nesse assunto tão irrelevante. Aproximou-se devagar, como se estivesse perto de um gato de rua, arisco, em que o menor descuido ele lhe daria arranhadas no rosto. Na primeira semana apenas passou a sentar na mesma mesa em que ele sentava.

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