Ponto de Ruptura

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A tensão no quarto – consequente da troca de olhares carregados de animosidade entre os dois Alfas –, acarretou no despertar precoce de Óbito.

Sem entender o que causou seu despertar quando ele ainda se sente exausto com as emoções forte da noite, o que só foi piorado quando a renegação do seu pai foi esfregada na sua cara, Óbito se remexeu na cama tentando achar o culpado de tê-lo retirado do seu sono. Não demorou muito para que ele notasse duas pessoas paradas ao lado da cama, entretanto.

_ Amor? _ o ômega chamou em meio a um choramingo de desconforto quando virou totalmente para a porta de entrada do quarto. _ Aconteceu alguma coisa? _ estando mais acordado, de repente ele sentiu uma onda de preocupação inquietante atravessar seu peito. _ Não é o Naru, é? _ perguntou sentando-se de uma vez.

Então finalmente os olhos de pai e filho se encontraram. No próximo instante, os dois morenos ficaram paralisados se encarando: Óbito nunca esperou que seu pai apareceria de boa vontade no quarto que ele e seu Alfa estão usando por enquanto (visto que não há ninguém junto a ele, parece que ele veio sozinho, porque quis), mas Madara estava congelado no lugar por um motivo muito mais doloroso, pois a coberta caiu quando seu filho se sentou sem cuidado, e a pele que estava escondida ficou a mostra... Madara suspirou alto, tremendo de ódio, porque mesmo de onde ele estava, as cicatrizes eram nítidas, algumas ainda avermelhadas parecendo estar na carne viva.

_ Pa... Madara-san, porque o senhor está aqui? _Óbito perguntou sem perceber o que seu pai tanto encarava. _ Seria porque o senhor quer que eu vá embora? _ sua voz estava tremula. _ Está um tanto tarde, a minha bebê... _ ele engoliu em seco, os olhos lacrimejando, porém diante do silêncio do pai, o ômega se preparou para sair da cama, esquecendo inclusive que está nu. _ ... vou ir agora, na-

Parecendo acordar de um sonho (estando mais para pesadelo onde ele imaginou todo tipo de tortura que seu filho sofreu nos últimos segundos), Madara se apressou a atravessar a cama e ficar ao lado do filho, para então tocar delicadamente os ombros ossudos, mas nem de longe tão magros quanto no dia que eles os livraram do sofrimento.

_ Não quero que vá embora. _ Madara praticamente sussurrou, ainda abalado de mais. _ Nunca deixaria você correr tal perigo enquanto está esperando um bebê...

"Um bebê", não "minha neta", jamais ele ou seu Alfa ou sua filha fariam parte verdadeiramente dessa família, Óbito não sabe porque acreditou que seria diferente.

_ ... fora das minhas vistas, sem seu irmão ou meus seguranças para lhe proteger. _ Madara continuou falando sem perceber que o ômega entendeu sua fala brevemente errado. _ Principalmente quando a minha netinha, a nossa princesinha, está no início da gestação.

Se ele estivesse de pé, Óbito teria caído, tamanha emoção que o tomou. _ É isso que o senhor sente, Madara-san? O senhor realmente a quer como sua princesa? O Senhor vai aceitá-la como sua neta? _ quase chorando, ele completou com um sussurro amedrontado: Você vai querer ela mesma que ela venha de mim?

Foi como um tapa na cara, melhor ainda, um murro. Madara nunca tinha percebido o quanto ele machucou seu filho até que ele mesmo escutasse a dor em seu medo da sua filha não nascida não ser aceita, assim como ele não foi.

_ Eu preciso que você entenda que não é fácil pra mim. _ Madara começou de vagar, procurando as palavras certas. _ Ao contrário do que todos pensaram, estive longe não por causa do meu orgulho, ou porque te desprezo, e sim porque não sei lhe dar com essa situação. Essa família é tudo pra mim, quando eu vi a situação que você deixou o colégio dos meus netos, logo depois a forma que encontramos Naruto... até mesmo a cicatriz do Menma que foi feita com sua participação...

Óbito claramente não conseguiu segurar o choro. Para ele estava óbvio que Madara queria dizer o porquê de não poder perdoar ele, mas agora, depois do que o mais velho disse, ele acredita que pelo menos sua filha será aceita, e isso é o bastante, mesmo que doa bem fundo na sua alma.

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