A vida cobra de você seus erros

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Uma semana

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Uma semana.
Haviam se passado uma semana sem que Hashirama sequer ligasse para falar com ele, e mesmo não querendo admitir, Madara estava preocupado.
Estava preocupado porque conseguia sentir o desconforto do ômega, apesar da ligação estar fraca pela distância e os sentimentos deles parecerem mais uma lembrança longínqua, deixando o Alfa sem saber se realmente era aquilo.
Mas também estava preocupado porque não sentia nada além daquele desconforto. Aquela altura, Hashirama deveria estar delirando, sem conseguir levantar da cama de tanta dor, o corpo dele deveria estar frágil e ele mal conseguiria estar lúcido. Porém tudo o que sua marca transmitia era um desconforto. O que isso queria dizer o moreno não sabia, contudo não julgava ser bom.
A situação não era boa de forma alguma, pelo contrário, toda a família ainda estava abalada. Naruto não estava tão alegre saltitando pela casa e, quando questionado, ele simplesmente respondeu que não havia alegria em uma casa incompleta comportando uma família infeliz. Sasuke foi afetado pelo humor do louro e o semblante tava sempre fechado, ambos não lembravam nem metade das pessoinhas que eram. Na maior parte do tempo eles estavam no quarto do moreno conversando baixinho e, por vezes, Madara achou que eles estavam planejando alguma coisa. Só o pensamento já é desconcertante se considerando que eram duas crianças.
E tinha Itachi que não conversava com ninguém, não saia do quarto a não ser para ir a faculdade, e parece que brigou com Deidara também. Minato e Fugaku não estavam tão bem como deveriam quando havia com casamento a caminho. Estar sem o seu Sunshine, que iluminava sua vida e tranquiliza a seu coração mesmo nas piores situações, mexia com o loiro que estava com a expressão mais fechada que um Uchiha poderia ter.
A questão é que todos ali foram afetados pelas palavras mais do que feridas do seu ômega e não falavam com ele exatamente a uma semana. Porque, de acordo com todos, ele deixou o ômega para morrer de novo e, para piorar, condenou o próprio filhote, quem ele deveria amar e cuidar acima de todos.
E Madara só queria que todos entendessem que aquele homem, um assassino criado por um monstro, não pode jamais conviver com eles, isso é o melhor para todos.
No entanto, parece que todos pensam o contrário e apenas ele ainda via o perigo que o moreno representa.
O que aconteceu com eles, pelo amor de Deus!
Era um absurdo que Obito tenha mudado a cabeça de todos mesmo longe, do outro lado da cidade!
Suspirou bebendo seu whisky mais uma vez. Viveu essa última semana a base de whisky e soníferos. O ômega não era o único afetado com a distância, afinal. Ele, como Alfa que o mordeu e prometeu não abandona-lo e parar de ama-lo, sentia a culpa o correr, mesmo que a negasse.
Hashirama quem decidiu largar a todos e ficar com a cria do Batsuma, ele quem deixou filho, netos e seu Alfa para voltar a mansão Senju, o culpado da distância era ele. Não há sombra de dúvidas.
Mas então porque seu Alfa estava furioso consigo e não com o ômega? Porque sentia a todo segundo a vontade de se bater até aprender a deixar de ser um maldito orgulhoso? Porque ele estava se odiando tanto que precisava viver a base de álcool e dopado, para não fazer uma besteira contra si próprio?
Porque se sentia tão morto?
De Hashirama só sentia um leve desconforto.
Teria seu ômega o superado? Teria seu ômega aberto mão deles de uma vez por todas?
Para saber todas as respostas para seus infindáveis questionamentos, Madara só precisava levantar do escritório na mansão do filho e dirigir por três horas, mas ele não fez isso durante aquela semana e não faria agora.
Não estando tão zonzo, não se sentindo tão miserável. Não com medo do que encontraria e das respostas que teria. Não com a vergonha de ver seu filhote, não depois de tê-lo largado com se ele não importasse.
Não depois de todos os erros que cometeu com as pessoas mais importantes da sua miserável vida.
Izuna tinha razão, ele estava mesmo a cópia do pai.
E ele abominava o homem tanto quanto abominou Batsuma.

~~~***~~~

É complicado dizer como estava se sentindo.
Tinha momentos em que a dor que sentia o fazia enlouquecer, às vezes queria arrancar a marca e, em outras, queria agarrar seu Alfa e nunca mais sair do colo dele. E para piorar, seu lindo filhote perdido entrou no cio.
Não, isso não é algo ruim, pelo contrário, saber que ele tinha cio e poderia gerar uma criança mesmo depois das atrocidades de Batsuma no seu corpo, ou da sua aparente indefinição, deixava seu papa extremamente feliz.
O problema era que, com sua habilidade, Obito mantinha Hashirama em um tipo de campo de força anestésica que acabava com as dores e alucinações, deixando o ômega menos doente e menos fraco. Isso estava ótimo e era o suficiente, mas seu filho acabou de entrar no cio e, em menos de duas horas, Hashirama pensou seriamente em se matar para acabar com aquilo.
Não aguentava mais.
Seu telefone tocou. Como estava na cama revirando de um lado pro outro, Hashirama não pode fazer nada a não ser escutar ele tocar no andar de baixo. Conseguia sentir os feromônios do Alfa do seu filho, que não lhe afetavam em eram agressivo por ele ser um ômega e ainda por cima atado, ou seja, longe de ser uma ameaça a um Alfa.
Segundos depois escutou passos nas escadas e uma batida leve na porta.
_ Senhor Senju, é o senhor Namikaze.
Ter seu filho chamado pelo sobrenome do falecido pai o incomodava de forma absurda.
_ Me traga o telefone sem fio, e o chame de senhor Senju, ele é meu filho!
Sentimental como apenas um ômega longe do Alfa poderia ser.
Tudo culpa daquele Alfa estupidamente orgulhoso que o destino lhe deu. Hashirama o ama, mas as vezes queria mandar o destino ir se fuder.
Doía de mais, não conseguia mais pensar coerentemente.
A porra foi aberta e ela trouxe o telefone, entregou para o ômega trêmulo, e saiu com uma reverência. Hashirama não era grosso, não usualmente, mas estava com tanta dor...
_ Alô. _ falou impaciente.
Ouviu um suspiro na outra linha e sentiu automaticamente o quanto seu filho não estava bem. A distância complicava sua conexão com todos, mas sentiu, nos momentos mais lúcidos, que a família inteira estava abalados.
_ Papa, eu estou indo ficar aí.
O Senju sentou rapidamente e mordeu os lábios para não gritar com a dor. Mais importante: Como assim?
_ O que você quer dizer com “estou indo ficar aí”?
Minato suspirou mais uma vez.
_ Esses malditos Uchihas, eu não aguento mais! _ afirmou exaltado. _ Esse ambiente está adoecendo o Naru, Menina também está depressivo e Fugaku não abre a boca, tentei falar com ele, pedir pra ele conversar com o pai, mas ele tem a merda da sensibilidade de uma porta e Madara é o mesmo de sempre. _ ele ficou em silêncio por um segundo antes de fungar. Hashirama soube que ele estava a ponto de se desfazer em lágrimas. _ E eu tô tão preocupado com o senhor. Sei que tá doendo, sinto isso nas minhas veias, não só eu como todo mundo. Eu me arrependo tanto de não ter te escutado e convencido o Fugaku, porque aí você estaria aqui e, mesmo que machucasse o Madara e o tratamento que ele te daria, você ainda estaria melhor com ele por perto.
Hashirama se concentrou no seu filho para ficar o mais lúcido possível.
_ Eu quero que você se acalme. Você sempre foi o mais calmo na família. _ falou o mais suave que consegui. _ Eu sei que é difícil agora, mas não esqueça que Madara te sente e te tem como filho, então você ir embora e levar os netos dele não vai ser bom nem pra você, nem para os garotos e muito menos pra ele, sem falar que Fugaku pode tomar isso como abandono e nunca te perdoar. O problema do Madara é que ele espera chegar ao extremo da situação até ele não ter mais saída, então deixe assim, ele vai perceber cedo ou tarde.
Esperou a resposta, que demorou um pouco. Acabou deixando e gemendo de dor. Do outro lado da linha, Minato riu sarcástico. Foi tão repentino que o assustou.
_ Já estamos no extremo da situação, papa. Eu nem sei como estou conseguindo falar com você. O quanto você fica lúcido agora? Bem pouco, aposto. A dor já te fez pensar em se matar? _ silêncio. _ Eu sei que sim. O próximo passo, nos dois sabemos, é você morrer. Você acha que eu vou deixar? Dói! _ sussurrou agora. _ Dói eu estar indo porque eu amo o meu Alfa e meu pai, _ falou se referindo a Madara. _ Mas eles não enxergam nada além do orgulho maldito deles e eu não vou te perder por isso. Se eles te forçaram a isso e estão me deixando a ir embora, então que eles arquem com as consequências.
_ Se você vier quem vai me fazer companhia na cama e nos delírios é você, meu filho! _ praticamente implorou que ele entendesse. _ Não quero que passe por isso. Não posso deixar que passe, sou seu papa, e te proíbo de vir para cá.
Minato achou que teria doido, mas descobriu já saber que seria assim. Respirando fundo para não chorar, porque escutava os gemido de dor dele, partir para o plano B.
_ Então venha para cá.
_ Meu filho não é bem vindo aí, não vou deixá-lo.
_ Quero Obito aqui também.
Hashirama achou estar delirando de novo.
_ Você disse que quer ele aí? _ soou com pura descrença.
_ Sim, papa. Não apenas eu, tirando Fugaku e Madara, todos queremos. Naruto não fala em outra coisa. “ O pedacinho perdido da família voltou papa, onde está meu titio?” _ imitou a voz infantil e animada do filho. Seu papa riu mesmo em meio aos gemidos e ofegos de dor. _ Venha, pai, desses dois cuido eu.
Hashirama mordeu os lábios e fechou os olhos quando outra pontada o atingiu em cheio.
_ Seu irmão está no cio. O Alfa deve morde-lo até o final do dia. Assim que eles se recuperarem nós vamos.
Minato soou muito satisfeito ao dizer: Vou preparar os quartos.
O Senju gemeu um “ótimo” e iria desligar, mas então escutou.
_ Eu te amo, papa.
Suspirou feliz, até a dor diminuiu com o quanto seu coração ficou mais quente.
_ Eu também te amo, meu filhote.

~~~***~~~

Não conseguia se segurar de tanta ansiedade. Passou a semana inteira perguntando e toda e qualquer alma viva dentro da mansão: onde estava seu tio?
E não é como se Naruto não soubesse que o que o homem fez estava errado e lembrava perfeitamente da dor que sentiu no frio, porém ele também sabia o quanto o tio estava sofrendo, pode ver nos olhos dele o quanto estava quebrado.
Seu avô, que deveria amar todos eles, era o monstro em seus pesadelos, e podia apostar que também era nos sonhos do tio.
E era por isso que Naruto queria tanto ele ali, bem pertinho dele. Queria abraça-lo, diz que estava tudo bem, que já tinha o perdoado, porque o loirinho tinha completa noção do quão cruel é seu avô e que seu tio não tinha opção a não ser obedecer.
Se sentia estremecer só de pensar no quanto ele aguentou por todos aqueles anos. Sentia emanar dele o desespero e a desesperança. Sentiu que ele desistiu muitas vezes da própria vida. Naruto podia sentir e por isso o entendia.
Para uma criança de cinco anos, ele era bem esperto.
Mas se tinha uma coisa que ele entendia bem, era de sentimentos. Nasceu com esse dom, afinal.
E esse era um dos motivos pelo qual não falava a uma semana com o pai Fugaku e o avô Madara.
Ora, onde já se viu eles expulsarem seu vovô e titio? Logos depois de tudo que ambos passaram? Sem falar que ele conseguia sentir a dor que seu vovô estava passando.
Pelo menos do tio ele sentia esperança, desde aquela manhã ele sentia que o moreno estava em paz, que seu peito não tinha mais todos os sentimentos ruins acumulados durante trinta anos. Havia também um forte sentimento que Naruto desconhecia, além de muito amor.
A única pessoa que sabia disso tudo era Sasuke. Ele ficou um pouco chateado quando Naruto bateu o pé afirmando que queria o tio ao seu lado, coladinho (se ele fosse uma mãe, diriam que ele queria Obito embaixo das suas asas). Mas seu Sas sempre lhe entendia e apoiava, principalmente depois que o loiro contou pra ele que Obito chorou o caminho inteiro até a gruta e que pediu desculpas várias vezes enquanto o aprisionava ali.
_Não vai demorar, ele logo vai te buscar e então você vai ficar quentinho de novo. _ foi o que seu tio disse, naquele dia, tentando o acalmar.
E funcionou porque Naruto parou de soluçar e encarou bem os olhos do homem, notando então que aquela fagulha de sentimento veio por ele ser seu tio, e no mesmo instante viu como ele estava devastado pelos olhos negros opacos.
Ele seria lindo se não fosse por causa do Batsuma.
_ Meu papa vai vim me buscar?
_ Não, sou bisavô vai tentar consertar o impossível.
_ Eu tô com frio _ gemeu tremendo.
Obito, nesse momento, chorou como um bebê.
_ Você logo, logo, vai dormir e a dor vai parar.
E, depois que ele saiu, Naruto começou a se questionar o porquê de estar ali e porque tinha que estar ali. Pediu pelo seu Sas, quis os braços quentes dele e se preocupou com sua ferida. Pediu pelo seu pai, pelo papa, pelo tio que estava lá fora.
Mas não disse nada, em parte porque seu queixo batia sem parar pelo frio, e também porque acreditou nele, acreditou que passaria logo.
E ele não mentiu, pois minutos depois Naruto adormeceu.
Por tudo o que tinha acontecido naquele dia ele queria o tio por perto, para ajudá-lo e dizer que o perdoava. E Sasuke, o único que realmente sabia como foi seu breve sequestro, apoiou seu loirinho.
Naruto não se incomodou e nem sentiu a necessidade de falar como realmente foi aquela noite – e ele sentia que os adultos não iriam ver como ele viu e culpariam ainda mais seu titio. Às vezes adultos não são nada inteligentes.
Não como Sas, pelo menos.
_ Naru, o papa está aprontando o quarto do tio. Vem, vamos ajudar! _ chamou o moreno aparecendo no jardim que Naruto estava brincando.
Sem demora ele levantou e correu para Sasuke, indo então para dentro da mansão.
Antes de chegar lá, ele viu Itachi ao longe com o semblante impassível. Sentia a infelicidade mesmo com ele distante.
Na sala, Menma estava sentado olhando para a TV apagada.
Todos eles precisavam de Obito ali. Uns para se desculpar, outros para tentar lhe perdoar. E, os dois morenos orgulhosos, para aprender que as coisas não eram um “ele foi criado pelo assassino então também é um”.
Naruto, mais decidido que nunca, subiu com cuidado para o segundo andar, sua mão entrelaçada na do Sasuke.
Mal podia esperar pelo tio.


~~~***~~~

Deidara não respondia suas mensagens, não atendia suas ligações, e não conseguiu o encontrar na faculdade. A sala dele continuava trancada e não havia barulhos lá. Ele havia evaporado e Itachi estava a ponto de enlouquecer.
Primeiro porque queria seu namorado. Segundo porque estava preocupado, não apenas com sua relação, mas também por ele. Terceiro porque seu cio estava batendo na sua porta e ele era seu parceiro, pelo amor de Deus! Não tê-lo ali para cheira-lo e agrada-lo deixava seu Alfa furioso.
Sua vontade era de arrancar as roupas, tornar sua forma lupina, e caça-lo.
Mas não podia fazer nada daquilo.
Queria seu beta de volta.
Que arrependimento de falar aqueles absurdos para o namorado.
Itachi fez a burrada de comentar sobre como o ômega do seu avô preferiu deixar o Alfa dele para ficar perto de um assassino. Deidara perguntou suavemente o que tinha acontecido e o moreno resumiu a história de forma bem parcial: o filhote perdido do Hashirama, que foi criado por Batsuma, sequestrou o filho do Minato, Naru, e praticamente ômega do seu irmãozinho. Contou inclusive do absurdo que foi ele, Hashirama, pedir para deixarem o monstro no teto deles. Soou horrorizado com o comportamento dele e praticamente o culpou pelos ares da família não estar bom. Ainda finalizou falando palavra por palavra do que disse ao ômega.
Itachi achou mesmo estar certo e que Deidara concordaria com cada frase dita.
Não podia estar mais errado.
O loiro gentilmente tentou mostrar para o namorado os inúmeros erros cometidos não só na sua fala para o parceiro do avô, assim como na sua visão sobre a história em geral. Ele até escutou quieto e estava pensando no que Deidara falava, mas no momento em que ele começou a defender as atitudes do ômega, Itachi não ficou quieto e rebateu.
Mas ele rebateu de uma forma bem... Uchiha, por assim dizer. E não demorou para as palavras pingarem sarcasmo e ele foi bem ofensivo com ômegas, mesmo sem a intensão.
Deidara elegantemente levantou; eles estavam sentados ali mesmo, no jardim, olhando o campo de flores que o loiro tanto gosta, soltou um “eu não sabia que você era esse tipo de Alfa, Itachi, e eu definitivamente não quero me unir com alguém assim”.
E saiu.
Agora ele estava ali, se remoendo por ter sido um babaca não só com o namorado quanto com Hashirama, que é basicamente seu avô, por ser papa do seu já considerado papa e companheiro do avô Madara.
Escurou ao longe os gritinhos de Naruto falando algo sobre “o titio tá pra chegar!”.
Suspirou e sorriu com os lábios fechados. Com Obito e Hashirama ali ele conseguiria se desculpar verdadeiramente e, talvez, consiga encontrar Deidara.
Esperava que Naruto lhe ajudasse com isso depois de ver como o moreno estava arrependido.
E riu nasalmente ao perceber estar nas mãos do julgamento de uma criança.
Muito especial, então não tinha problema de verdade.




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