Dez anos - Diamante

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Dez anos atrás,
Conheci um jovem diferente,
Totalmente singular, exótico,
Um tanto desajustado,
Mas nada preocupante.

Tão belo para os olhos
E muito mais para minha consciência.
Eu soube que precisava conhecê-lo.
Exigiria esforço,
Mas seria questão de se ter paciência.

Nunca fui do tipo de garota que chamava a atenção.
Talvez agora você esteja discordando em pensamento,
Dizendo que não.
Ou não?

Esse verso te arrancou um sorriso contido?
Eu ainda o guardo na lembrança,
Nossa!
Como eu adorava aquilo.

Mas veja só,
Não me lembro bem o motivo,
Você me notou.
Nem demorou tanto.

Mesmo que por tão pouco tempo,
Você foi meu.
E eu fui sua, ah eu fui.
Por um segundo ou dois você me pertenceu.

Mesmo se de início, só pela distração,
Com o tempo houve um algo a mais,
Eu ria da sua negação,
Na verdade, eu e seu irmão.

E sua irmã, aquela fofa.
Até de cunhada já me chamava.
Eles estavam todos admirados,
Pois pelo visto fui a primeira que te fisgara.

Se quiser pode negar, não falo por presunção.
O que confirma isso,
É saber que até hoje você lembra meu sabor, meu toque, meus beijos,
Ou vai dizer que não?

Foi tão gostoso,
Porque nos divertiamos como nunca.
Quanto mais o tempo passava,
Nos tornávamos mais amigos, cúmplices cheios de benefícios.
E eu adorava.

Às aventuras.
Que frio na barriga.
Pulando janelas.
E perto na lixeira,
Na quadra, no bloco, no bicicletário
No seu sofá...

Eu não queria mais ninguém,
Estava perfeito.
Eu go... gosto, só de lembrar.

Foi incrível do primeiro ao último dia,
Quando você me chamou,
E se despediu.
Depois partiu, e se mudou.
Foi assim que acabou.

Lembra das minhas lágrimas?
Quentes e salgadas.
Que saudade.
De verdade!

Que tempo perdido,
Quando me envolvi com otários que cruzaram meu caminho.
Eu podia ter gasto meu tempo só contigo,
Se sonhasse que um dia você partiria.

E eu não saí mais depois disso.
Porque não havia mais por quem estar lá.
Eu me excluí do mundo, dos amores,
Dos desejos e foquei nos estudos.

Seguimos rumos opostos,
Um tanto conexos, eu aposto.
Mas por que era tão forte que doía,
Se eu sempre soube que não duraria?
Não por uma vida.
Não nutri essa expectativa.

Se dói ainda,
Foi porque na verdade durou.
Porque até hoje te carrego em mim,
Com muito amor.

Dez anos atrás, desde o primeiro olhar, eu já sabia.
Eu te queria pelo tempo que aquilo durasse,
Quer fosse por uma ou duas horas,
Semanas ou meses.
Mas te carrego em mim até esse dia.

Você me marcou.
Não precisa dizer que passou todo esse tempo também pensando em mim.
Sei que não foi assim.

Mas diz que também guardou,
Num lugar recondido da memória,
O que vivemos e fizemos.
Só diz que ainda lembra.

Se algumas coisas tivessem sido diferentes,
Talvez eu não teria estragado os bons momentos que tivemos,
Talvez você não tivesse me magoado de propósito tantas vezes.

Quem sabe você ainda estaria ligado a mim,
De alguma maneira, mesmo após anos...
Mesmo tão longe...
Nunca saberemos.

Teria sido você, o primeiro?
Era o que eu mais queria.
Você foi meu escolhido,
E mesmo não tendo acontecido,
Te considero o primeiro da minha vida.

Mesmo agora, passados dez anos,
Eu conto a mim mesma essa história de amor,
Não como ela realmente se passou,
Mas da maneira como sempre desejei que tivesse sido.

Fecho os olhos e você está comigo.
É mais que amor, mais que amigo.
Nós dois presos eternamente aos 14, 15 anos,
Vivendo aventuras,
Sem consequências,
Descobrindo juntos
Tudo de bom e ruim que há no mundo,
Sem interferências.

Diz que leu essas palavras bestas.
Diz que sou louca,
Possessiva e obsessiva.
Não interessa.
Só diga que essa tralha aqui escrita, te importa,
Só por ser sobre nossas histórias.

Memórias Dolorosas e AfinsOnde histórias criam vida. Descubra agora