Demônios - Raio de Sol

3 2 0
                                    

O que são esses demônios dentro de mim?
A maldade abriga tão cômoda em meu coração,
Não desde agora,
Não desde de ontem,
Desde o berço,
Nos primeiros passos,
Nas primeiras lágrimas
E na primeira expiração.

Eu tento recuar, mas nem sempre é possível.
O caminho tem duas vias,
Mas a crueldade e frieza parecem meu destino.

Dois passos a frente, e um para trás.
Eu avanço lenta e resistente,
Mas não há como vencer o demônio que me habita.
É insistente.

Tantas batalhas perdidas,
Feridas abertas,
A outros e também a mim.
Algumas expostas,
Outras encobertas.

Posso me calar,
Ninguém nunca vai saber,
Que a maldade que mora em meu interior,
É algo tão profundo e assustador.
Eu poderia escapar de um perseguidor,
De um ladrão de corações,
Um assassino, um aproveirador.
Mas como posso fugir de mim mesma?

Eu sou o meu próprio demônio.
Eu mesma sou o que mais temo.
Não posso confiar em meus desejos,
Meus instintos,
Meus almejos.

Todo esforço parece vão,
Tantas lutas,
Poucas ganhas,
Muitas perdas.

Nada resta,
Não resta amor,
Não resta esperança.

Do pouco que sobrou,
Resta dor,
Resta desconfiança.

Meus demônios,
Silenciosos, porém existentes,
Nem sempre me vencem,
Mas são persistentes.

Quanto posso aguentar até o próximo plano ardiloso
Do meu próprio coração venenoso?
Até Junho, Julho, Agosto?

Talvez dure anos,
Minha onda de boa anja,
Meu surto de bondade,
Mas o mal desejo goteja,
Gota a gota até que tranborde e eu enlouqueça.

Mais um gole de vinho mortal,
Mais um pouco de sangue derramado,
Mais um pouco de desejos egoístas realizados,
Algumas lágrimas jorradas,
Segredos revelados.

E por fim minha maldade novamente um dia se fará consumada.
Cedo o tarde,
Por amor, ou por dor
Serei desmarcarada.

Memórias Dolorosas e AfinsOnde histórias criam vida. Descubra agora