Capítulo 1

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Bem-Vindos a história de Manoela e Austin. Vamos ver como cada um deles encontra o amor. 

   Afonso

Lisboa está ensolarada e movimentada quando caminho para a revista. Sentia saudades daqui. A oportunidade de voltar por umas semanas para casa me fez aceitar o trabalho na hora.

Não é algo que esperava. Deixei Portugal aos sete anos. Quando meus pais se divorciaram e minha mãe me levou com ela e o novo marido. Marido com quem ela mantinha um caso há quatro anos.

Na época não entendi nada, me lembro de sentir saudades do meu pai, de vir uma vez aos dez anos e depois só fui reencontra-lo aos dezessete. Minha mãe já tinha deixado meu primeiro padrasto e estava no segundo, ela tinha um jeito alegre de viver, mas pouca noção de respeito e fidelidade.

Meu pai nunca me contou o que ela fez, nunca disse que foi traído por quatro anos até descobrir e muito menos que ela evitava nossa aproximação. Foi o segundo marido que me explicou tudo isso depois do divórcio.

Nossa relação se complicou um pouco. Meu pai faleceu quando eu fiz vinte anos, ainda estava na faculdade. Queria ter tido mais tempo. Adoraria ter podido reverter o tempo que perdemos juntos. Essa magoa eu carreguei por muito tempo. Até três anos atrás, quando ela ficou doente e decidi que era hora de passar por cima de toda magoa e ficar ao seu lado. A doença durou dois anos. Até que por fim, ela perdeu a batalha.

Pego o elevador para o bairro alto. Os editores estão a minha espera. Tem dez anos que trabalho para a revista como correspondente em Florença. Tenho alguns outros trabalhos, mas esse é o que paga melhor.

Infelizmente, não escolho as pautas, investigar roubo de objetos de arte não parece o tipo de coisa que me importo. Não levo jeito para James Bond. Meu negócio sempre foi cobrir politica internacional.

Sempre gostei do tema e sempre achei que de algum modo eu estaria prestando um serviço público para a sociedade.

A revista precisava de alguém que falasse a língua, que não fosse um rosto conhecido, sabia que a matéria cairia em minhas mãos. Infelizmente, não pude recusar.

Atravesso o largo do Carmo com passos apressados para a primeira reunião. A verdade é que não tenho ideia do que esperam. Tudo que sei é que um grande ladrão de obras de arte vive em Lisboa e a revista quer uma matéria sobre isso.

O prédio onde a revista se encontra é antigo, portas de ferro e bronze talhada com delicadeza, subo escadas longas, dois lances e então o corredor de tacos antigos e encerados faz um barulho irritante em contato com a borracha do tênis.

A revista tem uma base pequena em Florença, duas salas onde um grupo de redatores, diretores, secretária e o editor chefe trabalham. Aqui em Portugal é completamente diferente. Um andar todo para a editora, a revista mensal da qual faço parte da equipe usa três salas.

— Bom dia. – Cumprimento a secretária. – Sou Afonso Ribeiro. – Ela afirma sorrindo.

— Bom dia, Amália está a sua espera. – Amália é minha editora. Atravesso o pequeno corredor junto a secretária e depois ela me deixa na porta bato levemente e escuto uma voz firme me convidando a entrar.

Amália está atrás de sua mesa, olhos distraídos na tela do computador, que jornalista não começa seu dia lendo notícias?

Ela faz sinal apontando a cadeira e leva um longo minuto para tirar os olhos da tela e me encarar. Amália tem cinquenta anos, é uma mulher madura e dura. Não tem espaço para conversa fiada com ela, não tem meias palavra e muito menos chance para erros, não tem mais prazo, não tem mais dinheiro. É ir fundo e nunca ser medíocre ou está fora sem dó ou piedade. Ela não mente, não engana e não finge.

Série Família De Marttino - Encontros de Amor (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora