capítulo 2

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Lição número 2: Nunca arrume briga com a filha do diretor, ou melhor, com ninguém. Mesmo que a pessoa em questão mereça um olho roxo, ou uma perna quebrada, em casos mais graves, agredir alguém vai te tirar todo o direito de exigir uma punição para ela.

Depois de ter que aceitar aquele zero na minha nota, eu me revoltei. Poxa! Eu nunca fiz nada para ninguém e sofria como se eu tivesse atirado pedra na cruz! Não vou dizer que eu era uma santa, porque eu não era, estava longe de ser.

Mas eu só queria ter paz, ficar no meu canto e tentar passar de ano, porque os professores pareciam que gostavam de ferrar com a nossa vida. Não estava fácil! E pra completar tinha Regina e seu bando para infernizar a minha vida.

Era segunda feira, eu estava saindo dos banheiros da quadra depois da aula de educação física, quando Regina brotou na minha frente. Eu praguejei, por conta do susto, mas meu susto foi maior quando ela disse:

-Vamos fazer as pazes? - Disse de forma debochada e sinica.

"Mas e se ela estivesse apenas arrependida? "

" Alice, aprenda uma coisa, pessoas como Regina não se arrependem, nunca caia na ladainha delas "

" Por que diz isso?"

" Vai saber se me deixar terminar de contar! "

-Você tomou seu remédio? - Perguntei porque talvez ela pudesse ter esquecido de tomar seu tarja preta.

-Não bobinha! - Disse tocando no meu rosto como quem brinca com um bebê -Eu só queria me redimir com você, sabe, nós poderíamos ser... amigas - As últimas palavras saíram com dificuldade da sua boca.

O que eu poderia perder? Já tinham aprontado o bastante comigo, talvez ela estivesse cansada dessas brincadeiras.

"Que boba que eu fui!"

-Amigas eu não sei se podemos ser, mas eu te perdou. Talvez você esteja mesmo arrependida.

Ela acenou com a cabeça e sorriu.

-Tá bem, agora que estamos de bem, eu já vou. Tchau flor! - E saiu saltitante.

"Esquisito, mãe"

"Demais, Alice... demais"

Na hora nem dei atenção. Regina era meio maluca mesmo mesmo.

Quando deu o intervalo, fui até a cantina pegar uma cachorro quente, e quando entrei estavam todos gargalhando, enquanto eu caminhava entre as mesas, as risadas pareciam aumentar. Minhas costas pareciam queimar, no fundo tive a impressão que todos riam de mim.

"Paranóico eu sei. Mas eu estava certa."

Perguntei para tio da cantina e ele disse que viu Regina distribuindo páginas para todos uns minutos antes, mas ele não sabia o que era, só sabia que era o motivo de todos estarem rindo.

Fui caminhando pela cantina curiosa, e me sentei em uma mesa vazia no fundo, não demorou muito mais gargalhadas tornaram a estourar, e a Marta veio até a minha mesa.

- Você deve estar péssima! - Ela disse olhando nos meus olhos.

- Porque eu ficaria?

-Então você não ficou sabendo? -Perguntou com um olhar péssimo.

-Do que diabos eu não fiquei sabendo? - Cheguei a gritar para ela fazendo as gargalhadas cessarem.

Ela olhou para mim com dó e colocou vários papéis na minha mesa, saindo em seguida. Eu olhei curiosa para aqueles papéis e o que vi quase me fez chorar.

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