— FICO FELIZ QUE ESTEJA MELHOR, CHAE — Suho sorriu. Depois colocou algumas pastas em cima da mesa dela. — Estava ocupado aqui, então pedi para Kyungsoo cuidar de você. Ele chegou calado.
— Ah, não, tudo ocorreu bem. Obrigada por se preocupar — agradeceu. Kyungsoo, na realidade, foi mais que educado (ela não admitiria para seu amigo, mas ficou muito grata), e parecia ter se importado verdadeiramente com sua situação. — E então, saiu com Jinah noite passada?
— N-não, só convidei. Ela riu quando gaguejei, como agora... faz tempo que não tenho um encontro de verdade — colocou a mão no queixo, pensativo. — Eu até perguntaria para meus amigos como fazer um encontro ser inesquecível, mas meus amigos nunca tiveram um. Quer dizer, Kyungsoo teve, entretanto eu gostei mais da pessoa com quem ele se encontrou do que ele mesmo. É válido?
— Infelizmente, para ele, não.
— Eu tô aqui e vocês sabem, certo? — Kyungsoo disse, emergindo de só Deus-sabe-onde, causando um susto hilário em Suho.
— Minha nossa! De onde raios você surgiu? — perguntou com a mão no coração.
— Da barriga da minha mãe — e, apesar de odiar fazer piadinhas, o sarcasmo de Kyungsoo era ótimo; ele esboçou um sorriso falso e guardou os papéis organizados em ordem alfabética na gaveta de documentos.
— Ei... vocês dois podiam ir no meu encontro com a Jinah hoje — Chaeyoung e Kyungsoo responderam com uma cara de nojo. — Não?
— Quer saber como deixar uma garota desconfortável? Que tal levar a sua melhor amiga e o ex-quase-futuro-namorado dela para um encontro, juntos, de novo? — ela disse, ainda não acreditando naquela ideia ridícula.
— Ops, foi mal. Estou acostumado a levar vocês nos meus ombros para os lugares, ainda preciso me acostumar.
Chaeyoung achou engraçado, mas foi genuíno o fato de que aquela piada a atingiu um pouco. Porque era verdade. Suho trabalhava, dava atenção a sua família e a ela igualmente, mas ele precisava de um alguém especial, e talvez nunca tenha encontrado por querer cuidar demais da amiga.
Ela estava feliz por vê-lo começando a caminhar para frente. Mesmo com o medo de ele deixá-la algum dia, Chaeyoung sabia que uma hora ou outra isso teria que acontecer. Cada um tinha sua própria vida. E ela não podia impedir Suho de viver a dele.
Se Jinah não gostasse dele igualmente, Suho conheceria outro alguém, e talvez, se não desse certo, haveriam outras pessoas. Ela tinha certeza de que o amigo arrumaria um jeito de encontrar a felicidade, tanto acompanhado quanto sozinho. Mas Chaeyoung não tinha tanta certeza sobre si mesma.
Pensou muito sobre isso enquanto trabalhava. Não pode tirar aquele sentimento pessimista da sua cabeça, de que se distanciaria de Suho. Era melhor ir se preparando, ele já tinha quase trinta anos e recusaria virar um tiozão solteiro.
Ao passo em que ela arrumava o seu local de trabalho e mostrava quadros aos visitantes, Kyungsoo escrevia em seu bloco enquanto não tinha nenhuma responsabilidade no momento. O coração dele pareceu inflar como um balão, porque se encontrava cheio de inspiração (e sangue, um pouco óbvio), provocando nele uma espécie de epifania de criatividade.
Ele não tinha o enredo perfeito, mas algumas situações e possíveis ideias que se encaixariam para formar um. Desde que começou a escrever, nunca sentiu tanta vontade de colocar no papel palavras românticas; sempre esteve sozinho, então que amor poderia tirar do vazio?
Eram estranhas aquelas sensações. Poderiam ter aparecido por que ele estava desesperado por elas? Digamos que sim, dessa maneira não ficamos mais curiosos quanto a isso.
— É a primeira vez que vejo esse gênio em ação depois de algum tempo — Suho, vendo o amigo concentrado, não pôde fazer nada a não ser atrapalhar. — Yah, como um milagre aconteceu?
— Eu estou planejando um assassinato, nada demais. Quer saber quem vai ser a vítima? — Kyungsoo levantou o lápis e balançou para Suho, de olhos semicerrados.
— O quê? Que nada, relaxa — dispensou, irônico, fazendo uma expressão sem graça. — Sério, achei que você ia desistir e começar a focar só no trabalho. Fico feliz que não.
— Eu também — suspirou. — Mas não posso desistir quando estou tendo ideias maravilhosas. Suho, meu best-seller vai sair e vai ser um sucesso. Escreva minhas palavras.
Suho fez um sinal para Kyungsoo esperar e tirou do bolso um papelzinho, mostrando para o amigo: "Kyungsoo disse que o best-seller dele vai ser um sucesso".
— Ah... eu já disse isso?
— Já. Seis vezes, mas eu fico com preguiça de escrever quando você fala. Enfim! O que vai fazer hoje? Posso pagar para você no restaurante que eu vou.
— De novo isso? Eu tenho coisas para fazer hoje, então dispenso.
— Você? Com coisas para fazer? Tipo, ao ar livre, junto de pessoas? — abriu a boca em espanto.
— Sim. Vou assistir um filme indicado ao Oscar no cinema ao ar livre — sorriu, há muito tempo queria assistir aquela obra de arte, principalmente porque um de seus diretores favoritos o havia dirigido. — Talvez outro dia. Por ora, preciso de mais inspiração para meu futuro sucesso. Imagine meu filme sendo indicado ao Oscar, que brilhante! Você não sabe como sonho com isso.
— Pior que sei.
Kyungsoo torceu a cara e guardou o bloco, vendo que Suho havia trazido os horários de visita na galeria para que ele organizasse. Mais uma tarde longa, pensou, sem coragem.
Horas depois, Chaeyoung pegou as chaves e esperou que Suho saísse para ela fechar porta da galeria. Kyungsoo já havia ido embora e ela estava apressada para chegar em casa; tanto que seu cachecol quase voou para longe quando o jogou na bolsa desajeitadamente.
— Por que tanta preocupação? — o amigo perguntou.
— Eu quero assistir um filme hoje, no cinema ao ar livre. Te convidaria, mas você está ocupado — ela riu, finalmente trancando a enorme porta de vidro.
Suho franziu sua expressão. Cinema ao ar livre também? Poderia ser...
— Não, eles nem conversam direito — ele balançou a cabeça ao falar baixinho. Pensou mais um pouco. — Será?
— Estou indo. Até amanhã, Suho — ela disse, batendo no ombro dele.
— Até. Se divirtam! — ele respondeu com um sorrisinho que a deixou confusa para logo depois, quando virasse as costas, fazer uma dancinha feliz.
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Chasing Cars | Kyungsoo
FanfictionEnquanto Kyungsoo é um escritor em busca de sua inspiração, Chaeyoung tenta afastar seus medos do passado e dar mais uma chance para quem ela deseja ser. ────────── a kyungsoo fanfiction jagiyahajima © 2018