CHAEYOUNG NUNCA PENSOU QUE UM DIA ESTARIA rodeada de pessoas interessadas em suas pinturas sem estar ao lado dos pais. Naquele momento, num belíssimo vestido de tonalidade ouro rosa, com o cabelo escovado e de lado, cercada por flashes, jornalistas, artistas e acompanhada pelo diretor da galeria de arte, ela sentia vontade de chorar, mas de felicidade.
Perguntaram-na sobre influências, sonhos, sobre sua história e inspirações. Ela respondeu a tudo com calma e pensando muito bem. Chaeyoung queria passar uma boa impressão para a mídia e para as pessoas — mostrar que suas intenções como artista eram as mais sinceras possíveis.
— Eu amo pintar. É a minha vida, sempre foi — ela respondeu à pergunta de uma jornalista. — Meus pais são aqueles que despertam a inspiração em mim. As memórias que eu nunca vou esquecer me mantém pintando por todo esse tempo. Eu aprendi a me deixar sentir um pouco mais e transformei a minha dor em liberdade. Acho que agora estou realmente pronta para seguir em frente. Espero que me acompanhem durante esse processo.
Ela foi tomada durante a noite toda pelos holofotes — e estava linda sob eles —, mas sem se esquecer de Kyungsoo, que assistia tudo de longe com um sorriso plantado no rosto, incomodado pelo terno fazendo-o sair da sua zona de conforto resumida em camisas pretas e calças escuras.
— Seu tempo também vai chegar, Kyungsoo — disse Suho, trazendo consigo uma taça de champanhe. — Logo, logo você será o escritor de sucesso que tanto sonhou. Mas, para ser sincero, a Chaeyoung fica mais bonitas sob câmeras do que você ficaria.
— Obrigado pela parte que me toca — ele sorriu ironicamente e pegou uma taça de um garçom que passava por perto. — É interessante.
— O quê?
— Eu sempre sonhei com a fama e com o momento em que seria soterrado por jornalistas e câmeras, mas a Chaeyoung nunca mencionou que esse fosse um desejo dela — bebericou a bebida com rapidez. — Ela conseguiu o que nem sabia que queria.
— Só se chega ao sucesso quando nos mantemos fiéis a nós mesmos. Você escrevia uma mentira, enquanto ela vivia o que pintava — Suho deu um sorriso ao final da frase, pela primeira vez tendo a última palavra ao invés do amigo.
Kyungsoo concordou, extasiado pelos próprios pensamentos, mantendo os olhos fixos em Chaeyoung, imaginando todos os erros que cometeu ao tentar escrever um romance antes dela.
Tudo parecia uma ilusão. O modo como os personagens caíam lentamente nas artimanhas do desejo e, do nada, começavam a notar cada pequena coisa um no outro: quando o cabelo dela se enrolava nos botões da camisa dele, a maneira como os lábios dela se curvavam ao ver alguma coisa que não gostava, o jeito que ela se sentava para ler (sempre com uma xícara de chá ao lado e uma perna em cima do sofá enquanto a outra ficava estendida à parte).
Kyungsoo se viu notando e adorando cada uma daquelas coisas pouco a pouco. Só não queria admitir para si mesmo. Depois de um tempo, foi inevitável aceitar sentimentos tão insistentes. Ele queria continuar descobrindo pequenas coisas sobre Chaeyoung. Queria ser parte delas, também. Ser tão próximo dela até ambos virarem um hábito como os outros. Rotineiros, mas especiais; e, pelo momento que durassem, eternos.
Vê-la expondo seu sonho e sendo reconhecida por isso — sendo aplaudida por isso — não o invejava. Não o fazia sentir o gosto azedo de todos os anos em que buscou o mesmo sem sucesso. Ele estava verdadeiramente feliz por ela, mais do que estaria se aquele fosse o seu momento. Porque havia sinceridade em tudo o que Chaeyoung fazia. Essa era a beleza do seu trabalho.
Ele precisou conhecê-la para poder entender o que significava se apaixonar de verdade. Se esse seria o preço para que ele tivesse o tão aclamado reconhecimento, Kyungsoo estava disposto a pagar.
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Chasing Cars | Kyungsoo
Hayran KurguEnquanto Kyungsoo é um escritor em busca de sua inspiração, Chaeyoung tenta afastar seus medos do passado e dar mais uma chance para quem ela deseja ser. ────────── a kyungsoo fanfiction jagiyahajima © 2018