Naquele dia ensolarado, Jisung apenas queria o conforto da livraria fresca com o ar-condicionado e um banho gelado para completar. Uma semana se passara, outra vez quinta-feira e suas esperanças estavam à flor da pele para que Mark pudesse voltar. Ele não gostava de criar expectativas e nem gostava de se decepcionar, mas Jisung confiava na sua intuição e ela nunca o levou para caminhos os quais pudesse se arrepender. Crente da volta do seu novo hyung, Jisung quis mostrar que era tão maduro quanto ele. Não sabia se tinha sido uma má escolha deixar de lado todas aquelas estampas infantis de desenhos ocidentais ou se pentear o seu cabelo de outra maneira também seria uma ideia ruim; apenas fez o que achou que deveria ser feito.
Habituado a estar inclinado sobre a bancada da loja, ele balançava os pés freneticamente no ritmo da música que tocava na estação de rádio. Além de usar um chapéu preto na cabeça — o qual contribuía para o engradecimento da sua auréola resplandente —, usava seus óculos redondos no rosto; tais estes tinham sido comprados há dois anos, mas quase nunca o jovem Park o usava. Seu tênis não era um Chuck Taylor coloridinho ou de Hora de Aventura ou dos Minions (ambos foram usados nos ambos encontros com Mark Lee). Na verdade, Jisung estava feliz com o seu tênis preto de Pop Art, cujo guardava para ocasiões especiais — ocasiões quase inexistentes, pois todos os dias eram a mesma monotonia de sempre, chegando a ser desgastante e cansativo.
Se até Jisung estava surpreso com o seu senso de moda encoberto, por que seu pai haveria de passar direto sem sobressaltar-se? Ele até riu quando o homem olhou-o por todos os ângulos que podia, e também revirou os olhos ao vê-lo limpar os óculos e arquear o cenho. O sr. Park não estava delirando: Jisung realmente estava mais diferente e, após colocar outra vez o óculos no rosto, notou que o menino também havia passado um pouco de lápis de olho (surpresa, appa!). Levou a mão ao peito e, com um leve drama, argumentou: Quanto tempo dormi?
Mas não houve nenhuma viagem no tempo ou a aceleração do mesmo; o presente continuava vivo e em constante mudança. O que acontecera, nada mais nada menos, era que o seu doce filho estava, supostamente (?), tentando impressionar alguém em especial.
— Okay, appa. Give me the truth — ele tirou do saquinho o picolé de flocos que seu pai trouxera — Eu pareço ter quantos anos?
— Por que falou em inglês? — o homem tinha outros interesses, provavelmente. Sr. Park conseguia se dispersar facilmente.
— Appa! Diz logo, antes que Mark chegue! — Jisung mostrou-se apressado.
— Mark vem hoje? Ele é o menino do skate, certo? — Sr. Park caminhou para detrás do balcão e empurrou Jisung daquele lugar.
— Eu não sei, talvez sim. Só preciso saber se pareço mais velho.
— Ué, por quê?
Park Jisung amava o seu pai, mas às vezes ele parecia demasiado impertinente e aquilo o tirava do sério. Quando ansioso, Jisung sempre se mostrava irritadiço por qualquer coisa, causando um amontoado de aborrecimentos internos. O que é uma lástima, pois Jisung sempre zelava pelo seu agradável estado de emocional assíduo.
— Eu só quero saber se eu pareço mais velho, só isso! — veio um tom cáustico de Jisung, e seu appa o estudou por segundos suficientes que desse a entender que aquilo tinha sido um erro.
— Catorze — o sr. Park respondeu, virando-se em seguida para o computador e digitando uma senha qualquer de uma conta qualquer.
Jisung suspirou baixinho e se manteve-se quieto enquanto assistia o seu pai mexer no celular. Vez ou outra pedia alguma informação para o menino, que respondia baixinho quase sem som algum. Era estranho ver o seu pai tão afiado nas tecnologias e até com um celular melhor que o seu — isso desencadeou um pouco de indignação, mas não passava de uma pequena birra adolescente. Quando seu pai recebeu uma ligação e avisou que precisava fazer uma coisa, Jisung sabia que teria a loja inteira para ele por algumas horas. No entanto, fora só o seu appa pisar os pés fora do estabelecimento que os clientes resolveram aparecer. Não querendo deixá-los na mão, Jisung ocupou-se em atendê-los com gentileza e rapidez, assim como o seu pai lhe ensinara. Com o seu já habitual bom humor e um sorriso reluzente, ele deslizava entre as prateleiras, oferecendo livros e mais livros, indicando alguns e criticando outros — não queria, mas ele não criticava os de preços mais elevados e que eram, pelo seu ver, decepcionantes.

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Pizza | Mark.Sung
FanfictionJisung amava comer pizza com Mark toda semana nos fundos da livraria do seu pai. [fuffly | marksung | 19.02.2018 | inspirada na canção "Pizza" de OOHYO]