Oque eu mais me preocupava antes de entrar no quartel era sobre o teste de saúde que se faz pra saber se você é apto a servir o exército. Bom meus tios sempre falavam que eu tinha que ficar pelado na frente de todos e sim, realmente eu tive que ficar pelado na frente de um sargento, era só uma pessoa, mas eu quase desmaiei de tanto nervosismo que eu estava. Enquanto eu estava pelado ele pediu pra mim beijar a minha mão e soprar, isso é feito pra ver se você não tem nenhum problema de bexiga ou outra coisa. Eu fiz e depois fui logo para o teste de visão, eu juro pra vocês que eu não tenho nenhum problema de visão, mas quando o soldado começou a apontar as letras, eu de tão nervoso que estava só consegui acerta uma letra, todos que estavam lá riram de mim, foi o primeiro momento de vergonha que eu tinha passado no quartel.
Se teve um momento em que eu tive certeza que tinha entrado pro exército foi quando eu fui fazer o teste do fardamento, e nessa fase o quartel infiltra um soldado deles no meio do pessoal que está prestes a entrar, e enquanto eu esperava para fazer o meu teste de fardamento um garoto que estava no meu lado puxou assunto comigo e começamos a falar dos sargentos e eu falei muito mal deles pra ele, mas é claro que eu não sabia que ele era um soldado, depois disso eu fiz meu teste de fardamento e fui fazer a minha entrevista com o Tenente Luiz.
A minha entrevista é um momento marcante pra mim porque como eu disse antes eu entrei pro exército sem saber como eram as coisas e as pessoas lá dentro e se tem uma coisa que me surpreendeu e me deu muito medo foi esse Tenente Luiz, ele começou a entrevista perguntando meus dados pessoais, perguntando sobre minha família e depois se eu fumava ou bebia e eu respondi não porque eu realmente não fumo e nem bebo. Mas não foi essas perguntas que me deixou com medo dele, na entrevista ele foi uma pessoa muito gente boa, uma pessoa engraçada, ele até fez piada comigo, então a imagem que eu tinha dele era de uma pessoa legal e engraçada, ele é o que chamamos de duas caras, talvez ele tenha sido assim porque eu ainda não tinha entrado "oficialmente" no exército, ele mostrou um lado de sua cara e outro ele mostrou no meu primeiro dia de internato do quartel, mas isso é uma outra história que eu vou contar mais na frente.
Depois desses testes, chega um momento em que a gente tem que aprender a marchar e isso é no sol ou na chuva, é claro que se for uma chuva forte eles tiram agente da chuva, mas agente só para de treinar pra tomar água, ir no banheiro ou quando acaba o expediente pra gente ir embora. Esse treinamento é necessário e muito importante, durante o ano vão ter várias formaturas que você tem que marchar e uma delas é a de entrada pelo portão, é a nossa entrada ao exército sendo oficializada. Eu gostava muito dessas formaturas, os familiares são convidados a ir ver então isso pelo menos pra minha família foi muito emocionante, principalmente pra minha mãe, e eu quero que a minha família fique com essas memórias na cabeça, a minha mãe e ninguém da minha família sabe o que eu passei no quartel, pra eles foi um ano em que eu passei tranquilamente, eu não dizia nada pra eles e nem pretendo falar, mas eu preciso falar pra alguém, desabafar e vai ser pra vocês.
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ALVORADA
ActionMe chamo Bruno zuchinali, tenho 20 anos e em 2017, eu servi o exército por 11 meses, um ano que eu jamais vou esquecer, tudo foi culpa minha? Não demorou muito pra eu perder a cabeça depois da primeira morte. Em um lugar onde nada é realmente oque p...