Capítulo 01 - Beijo roubado ❤

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Rio de Janeiro, 2014.

Era um dia normal no trabalho. Eu só estava servindo mais mesas, alegrando os clientes e sendo gentil. Tirando o lixo para fora e bufando pelos cantos sozinha querendo que um milagre aconteça para me tirar daqui.

Eu gosto do meu trabalho, mas ninguém pode viver feliz assim. Eu tenho um quartinho no fundo do café, como bem e até durmo bem, mas feliz, eu não sou. Eu quero felicidade.

Meu chefe é o maior bobão, sempre brinca comigo e com as outras meninas do café. Um dia perguntamos a ele porque ele só contrata meninas e ele disse: "É para enaltecer o café, se for por mim, ninguém vem. Mesmo as mulheres, só vem aqui porque amam odiá-las".

Estava no fim do expediente. Fui levar o lixo para fora antes de ir tomar um banho e dormir, finalmente. Nos fundos da cafeteria só tinha uma lambada em cima da porta de trás, que piscava a todo momento. Tinha outro estabelecimento bem a frente, então ficava bem estreito, eu virei minha cabeça para os dois lados e a direita vi um grupo de jovens bêbados rindo ao longe.

— Pelo menos parecem estar satisfeitos com a vida – Murmurei para mim enquanto colocava o lixo na grande lata.

— E aí, gata? – Assustei-me com a voz atrás de mim.

Virei-me para encarar o homem nos olhos. Eu não o via direito, pois estava contra a luz, mas ele estava, claramente, bêbado. Dei dois passos para trás, não tendo mais para onde ir, pois estava encurralada na parede.

— É... – Cocei a garganta. — Com licença. – Tentei sair, mas ele me prendeu na parede entre os dois braços.

Olhamo-nos um segundo nos olhos. Só tinha tristeza ali e um bafo desgraçado.

— E-Eu... Me deixe ir, por favor. – Olho para o lado.

— Nem pensar – Ele ri de mim e coloca a mão no meu rosto.

Num ápice de loucura ele me beija. Tento com todas as forças me desprender dele, mas não consigo. Então o empurro para longe e dou-lhe uma bofetada.

— Você está louco? – Limpo minha boca e em seguida cuspo no chão.

— E-Eu... E-eu só quero amor, gata. – Ele tenta se aproximar novamente, mas me esquivo.

— Você é nojento – Bufo.

Eu coloquei a mão na maçaneta para entrar novamente, mas o mesmo me segura pelo braço.

— Se não me soltar eu vou gritar. – Rosno.

— Você está me rejeitando? Sabe quem eu sou? – Respiro fundo e me desprendo dele.

— Não sei e nem quero – Rebato.

— Meu nome é Chuck Wolves. – Ele se tropeça e quase caí, mas se equilibra. — Minha mãe é reitora da melhor faculdade de Belas Artes do Rio de Janeiro! – Enfatiza bem.

Coloco a mão dentro do bolso do terno dele e pego sua carteira com sua identidade. Como ele estava tonto não conseguiu me impedir. Peguei meu celular, que estava bem caquético por sinal, e tirei uma foto da mesma. Também tirei uma foto dele bêbado na minha frente, com flash. Só aí que consegui vê-lo melhor.

— Pior que é bonito. Pena que é cretino – Abro a porta dos fundos e entro na cafeteria.

Deixei ele sozinho do lado de fora, tranquei a porta e olhei de novo a foto para ver se estava tudo certo. Eu poderia muito bem denunciá-lo agora, mas eu preferia tomar um banho e dormir primeiro. Não dava para ir denunciar ninguém com cheiro de gambá morto e com olhos de panda., se bem que isso ajudaria a convencer.

Castelo de pedraOnde histórias criam vida. Descubra agora