I - A grande ideia

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Grande parte das pessoas passam o carnaval nas cidades, pulando nos blocos de rua, bebendo, beijando, ou então indo à avenida vendo as escolas de samba desfilarem. Bom, como eu disse, grande parte das pessoas, pois eu e minha família vamos todo ano para uma cidade no interior de Minas Gerais, e passamos os quatro dias de folia em uma chácara, que você provavelmente deve achar entediante, mas que eu e mais vinte parentes conseguimos tirar boas histórias.

No primeiro dia, a maioria dos primos não haviam chegado, então a calma reinava no mato, até os carros irem chegando, até os seis carros encherem um espaço de terra batida perto de onde as crianças brincam. Passamos esse dia e o posterior jogando baralho, bola, colocando a conversa em dia, nadando em um rio no bosque atrás do pasto, fugindo de vacas e coisas que as pessoas fazem para descansar a cabeça.

Cansados de descansar, resolvemos ir à cidade, que fica na beira de uma rodovia, e consiste em alguns comércios em volta de uma praça razoavelmente grande pra cidade, e alguns quarteirões de residências, tudo simples, porém bonito e aconchegante. No carnaval é montado um palco na praça e uma banda toca desde as marchinhas antigas até os hits dos carnavais de hoje. No caminho da chácara até a cidade, passamos em frente de várias plantações, e uma chamou a atenção da minha prima Rô, e ela até falou que queria entrar para pegar alguns milhos, o comentário se dispersou no meio da conversa no carro, que seguiu até a festa.

A matinê foi boa, muito axé, espuminha, cabelo colorido, fantasia, sorvete de máquina antiga que tem umas garrafas PET com suco em cima. Na volta, o mesmo comentário sobre a plantação de milho. Dessa vez eu botei reparo, realmente era uma plantação enorme, todos os pés estavam carregados, provavelmente para fazer ração pro gado.

Na chácara, o namorado da minha prima Janne começou a tocar violão, então fizemos uma fogueira pra curtir o momento. Até que uma das crianças soltou a frase:

- Bem que poderia ter algo para assar na fogueira, né?!

No mesmo instante minha prima Taila, que nem estava no mesmo carro que a Rô quando ela falou do milharal, deu a ideia de roubarmos milho. Todos se entreolharam, aparentemente todos já tinham pensado nisso, e estavam atentados a fazer. Rô quase surtou de felicidade quando Taila disse aquilo.

Na verdade seria simples, pois a cerca não tinha arame enfarpado, não havia nenhuma casa perto do milharal, muito menos postes de luz perto, a polícia nunca passaria numa estrada de terra no meio do nada no carnaval, então aquela era a ocasião perfeita. Minhas primas só precisavam de algum homem, então chamaram eu e meu primo Juan. Quando vimos já tínhamos formado uma quadrilha de oito primos loucos para cometer o crime do século. Precisávamos de um carro, porém deveríamos ser discretos para nossas tias mais velhas não descobrirem e barrarem nosso ato.

Primeiro Taila foi pedir o carro do namorado dela, enquanto já esperávamos no portão, porém ela chegou de mão vazias. Acesso negado. Então Rô pediu pro namorado dela. Alguns minutos depois o carro estava no portão. E foi ai que começou a emoção!

Pulando a CercaWhere stories live. Discover now