Capítulo 20

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〰Layonel〰

Mesmo após um banho bem demorado eu ainda estou me sentindo imundo, cansado, derrotado e algo a mais "que está me deixando perturbado comigo mesmo", e sei que não é por ter matado alguns vampiros.
Talvez seja por causa da cena que vejo quando entrei no quarto da Lindisey. Scott estava muito próximo dela, só que não pareceu nada íntimo. E ela já deixou bem claro que não gostou dele desde que o conheceu.
Vou dar uma de espião e ver o que ele está aprontando, tenho certeza que não é nada bom. E não posso contar com alguém que conheça ele, vou ter que contratar algum caçador que saiba lidar com espectros. Se isso der certo vou descobrir o que ele esconde sem que ele saiba que estou na sua cola.
Mas toda essa desconfiança que eu tenha de Scott, é só uma pequena fração do que realmente está me colocando para baixo.
Há um impasse em relação aos ocorridos. Não sei se o pior foi quando eu dispensei eles do porão ou quando Lindisey salvou minha vida duas vezes.
Eu estava ciente de que não aconteceu nada de ruim, mas poderia ter acontecido. E para que isso não se repetisse eu precisava mostrar que desobedecer não é algo sábio de se fazer "na maioria das vezes" pelo menos.
Não é novidade para meu irmão ou para a srta.Tompsonert que torturamos quem é nosso inimigo ou quem nós traiu.
Só que pareceu que Lindisey ficou meio abalada. Talvez ela tenha ficado com muita raiva ou nojo de mim.
Mas eu tenho que me lembrar que quero ela bem longe de mim. E querendo ou não, essa é a realidade de onde eu venho, de onde ela vem. Ela só não sabe ainda como as coisas funcionam por lá.
A quem eu estou querendo enganar, fiz toda aquela cena de tortura, mas o verdadeiro objetivo não foi punir ninguém, ou afastá-la de mim.
Foi por que eu estava com muita raiva, e não era deles terem me desobedecido e sim de mim mesmo.
Então descontei nos últimos vampiros que sobraram, e deixei alguns tão ruins que nem sei se vão sobreviver. Fiz isso na esperança de provar para mim mesmo que não estou ficando louco e que posso ser forte.
Por que quando eu vi Lindisey salvar minha vida, eu fiquei mais do que impressionado e um pouco espantado, mas acima de tudo eu estava com vontade abraçar ela, e dizer o quanto ela me encanta pois a verdade é que mesmo com o pulso enfaixado ela consegue atirar uma flecha com muita perfeição, e sei que o pulso dela vai ficar doendo um pouco, mas isso não impediu que ela fosse tão bem no manuseio de um arco.
Quando ela me salvou pela segunda vez eu pude sair do traz hipnótico que estava.
Isso é mais forte do que eu, não vai ser fácil me afastar dela mas terei que fazer o possível para tentar.
E agora me encontro em uma situação detestável. Primeiro fico com muita raiva por estar caindo de cara em uma armadilha criada pela paixão, e como se não bastasse, toda minha irá some assim que vi a decepção estampada no rosto dela.
Tenho quase certeza que ela deve estar pensando que eu sou um monstro. O que não foge da realidade, mas quero ouvir ela dizer isso. Talvez assim eu possa ter um motivo pra não sentir nada por ela.
Alguém deve me odiar muito. Pois que pegadinha de mal gosto minha vida se tornou.
Depois de todas as coisas ruins que eu já passei, e os sonhos que me mostram que nem no futuro eu serei feliz.
Depois que eu conheci Lindisey senti por ela algo que nunca pensei ser capaz de sentir por alguém.
Mas já fui avisado que não poderei ficar com ela. E a pior parte é que ela pode se ferir se ficar comigo.
Tudo isso por minha culpa. Quem me dera ter a felicidade de poder ficar com ela para sempre. Sem nenhum problema ou perigo.
Mas a verdade é que até meus sonhos viram pesadelos. Parece que é impossível dormir direito.
Então fico apenas esperando amanhecer pois tenho deveres a por na frente de um desejo bobo.
De manhã começarei a treinar Lindisey, tenho que ensiná-la a se defender.
Já estou me preparando mentalmente para auto controlar os meus desejos, a final irei ver ela toda manhã.
-Bom dia! Como está hoje? -pergunto assim que vejo ela vindo para a cozinha.
Ela estava conversando com a Amélia, parecia ser algo sobre alguma série pois ambas riem. Só que o soriso sumiu do rosto de Lindisey assim que me viu.
-Bom dia mano. -diz Amélia ainda sorindo.
-Bom dia. -Lindisey fala olhando pro chão.
O simples "bom dia" dela pareceu mais afiado que uma faca, direcionada para mim.
Amélia também percebeu que as poucas palavras que Lindisey disse, estão carregadas de negativismo. E acho que ela apóia Lindisey.
-Tente manter uma máscara mais inofensiva, por mais que você se sacrifique para manter. -fala Amélia.
-Desculpa, mas acho que isso não será possível. Não consigo falsificar minha cara.... digo... eu não consigo mentir para mim mesma, não que você seja falsa ou mentirosa...
-Tudo bem, eu compreendo. Não consigo até hoje ficar séria quando algo ilário acontece. Certas máscaras demoram a serem aprendidas, mas no nosso mundo elas são muito importantes. -diz Amélia.
-Nos vemos depois que você tomar café. -digo e saio dali logo.
Vou até o banco, para relaxar um pouco enquanto aprecio a paisagem.
Aghata vem se aproximando, e já sei que dessa vez eu levo uma facada.
-Oi. O que você quer? -pergunto.
-Nossa oi bom dia pra você também.-fala bem irritada.
Como se ver minha irmã irritada não fosse algo normal, só que desde que Lindisey chegou. Ela só piorou seu humor.
-Fala logo.
-Você deve ir embora daqui! -Aghata diz como se já tivesse concluído isso.
-Como é?
-Você sabe mais que ninguém o que irá acontecer.
Ela senta ao meu lado, respira o ar puro do jardim e diz.
-No começo eu queria ficar fora desse horror, mas aí eu descobri que na verdade quem vai se ferir mais será você.
-Dá onde você tirou essa idéia? -pergunto mesmo não querendo saber a resposta. -Você se lembra que eu contei detalhadamente o sonho pra vocês. Não é eu quem vai sofrer é a...
-Você pode mentir para você mesmo. Mas não para mim, sei muito bem que você tem um laço traçado nela. -diz me cortando.
-Desde quando você sabe disso?
-Já tinha minhas dúvidas quando eu conheci ela, pois ela tentava evitar o seu jogo de encarar ela, e você agiu como se ela fosse um presente. Mas só tive certeza quando fomos atacados e ela te salvou, você entrou em transe. -Aghata explica de uma forma que eu não havia imaginado, estou deixando muito na cara.
Eu já sabia que meu destino estava traçado com o de Lindisey com um laço desde quando meus olhos encontraram os dela. Mas não esperava que alguém descobrisse.
-Mais alguém sabe disso? -pergunto.
-Não! Mas se você não sair daqui, você se perderá. Não quero que você sofra Layonel. Você precisa....
-Olá! Estava procurando você Layonel. -diz uma senhora vindo em nossa direção.
-Quem...
-Eu sou uma vidente que veio para te ajudar. -diz ela.
-Eu já vou. E Layonel se livra da princesinha. -fala Aghata se retirando.
-Aghata eu sei o que estou fazendo.
Observo a vidente esperando minha irmã sumir da nossa frente.
-Eu sei dos sonhos que você tem, eu sei do laço que você tem e também sei do medo que você tem.
É ela é bem objetiva.
-Então você sabe o que vai acontecer.-questiono.
-Não! O destino está sempre mudando. Mas posso lhe dar ajuda com o que sei.
-E o que você sabe exatamente?
-Sei que um dia você vai olhar para trás e ver que os problemas eram, na verdade, os degraus que te levaram a sua vitória.
-Então você sabe do meu destino!
-Não foi o que eu disse. Não confunda as minhas palavras, agora podem não fazer sentido. Mas irão, em breve.
-Você pode me dizer que eu não preciso temer abrir meu coração a ela? -pergunto com um pouco de fé.
-Eu não posso tomar frente em tal decisão. Mas tenho algo que você deve levar em consideração.
-Deixe-me adivinhar. Mais charadas.
-Eu vim lhe ajudar. Se não quiser é...
-Tudo bem, me perdoe. E por favor prossiga. -digo antes que ela saia.
-Viva como se fosse morrer amanhã e sonhe como se fosse viver para sempre. -ela diz antes de desaparecer.
E me deixar com um turbilhão de dúvidas, ainda não entendi o que devo fazer.
Por hora vou passar o tempo esperando que o melhor aconteça.

O Fim de uma Vida Normal - 1° Livro da Saga é O FIM  [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora