Capítulo 29

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〰Layonel 〰

Puxo a Lindisey para trás de mim antes que a gente entre. Esse é o mesmo cômodo que está aquele amigo dala.
A cortina está meio aberta, mesmo assim não dava para ver nada além do sangue que escorria da cortina e pingava no chão claro da enfermagem.
Sem perder mais tempo Henrique abre as cortinas e os dois guardas que vieram conosco entram com uma adaga em cada mão. Logo depois Rique entrou, atrás dele vai o Vicente e Alexsander, eu e Lindisey fomos os últimos. O resto ficará do lado de fora esperando.
Quando eu entro, a primeira coisa que eu procuro é saber quantas pessoas estão ali.
Tem uma garota loira sentada em uma cadeira, de costa pra mim e apreciando o show do seu companheiro, que está com as mãos envolta do pescoço de Marcos. Tem mais uns três caras lá dentro, um deles é um vampiro que está com a enfermeira aos seus pés.
E do nada Lindisey já está indo até o Marcos. Puxo ela de volta só que ela está se debatendo tentando sair.
-Lindisey se acalma. -sussurro em seu ouvido.
Ela para de se debater mas ainda está agitada e tremendo.
A garota se vira, era Giovanna. Já vi que era problemas na certa.
-O que você está fazendo aqui Giovanna? -pergunto.
-Oi Leanzinho. -ela diz vindo até mim.
-Max!! -Lindisey e Alexsander falaram ao mesmo tempo depois que o garoto que está segurando Marcos na parede, vira para ver o que estava acontecendo.
-Max larga ele. É o Marcos. -Lindisey implora.
Ela ainda estava tremendo e insegura, mas isso não impede ela de se manter de pé, embora eu ache que isso exige um grande esforço dela.
-Oi pra vocês também. E eu sei quem é ele, por isso ele está na parede. -responde seco.
-Max nós achamos que você estava morto. -Alex diz na inofensiva.
-Leanzinho larga ela pra que eles possam matar a saudade. -Giovanna fala já arrancando Lindisey de mim.
Estou cogitando a idéia de puxar ela pra mais perto de mim ou tirar a Lindisey desse lugar de uma vez por todas, mas eu preciso deixar a Lindisey escolher o que fazer, por isso a solto.
Assim que a soltei, Giovanna me abraça. Afasto ela, mas não antes que Lindisey pudesse ter visto o abraço no qual eu não esperava.
-Quem é você? -Lindisey pergunta para Giovanna que estava sorrindo feito uma louca.
-Giovanna Growvel, sou uma princess vampire. E já sei quem você é ok Lindinha. -responde como se a Lindisey fosse uma criança ignorante.
"-Hanna" chamo ela mentalmente.
"-oi o que tá acontecendo? -Ela pergunta mentalmente"
"-Giovanna está aqui e Lindisey está pronta para atacá-la. O que eu faço?"
Os nós dos dedos da Lindisey estão ficando brancos de tão forte que ela está apertando o canivete.
"-Pedi reforços, fica tranquilo."
-Lindisey o Max está sufocando o Marcos. -Alex diz mas Lindisey nem se moveu.
As duas estão paradas, se encarando, a diferença é que Giovanna está se divertindo com isso e Lindisey está detestando. Ainda bem que elas não soltam fogo pelos olhos.
E Lindisey já está partindo pra cima. Antes que alguma coisa pior aconteça, me coloco na frente dela.
Faço isso antes que Giovanna a ataque, e com certeza irá ainda. Isso complicado tudo.
Lindisey deu início a um duelo. Mas eu não posso deixar isso acontecer, Giovanna é mais experiente nisso. E ela não me atacará pelas costas, mesmo sendo uma cobra, ela não faria esse tipo de coisa por que gosta de atacar os outros enquanto olha em seus olhos.
-Larga o canivete. -digo calmamente, mesmo estando longe disso.
-Por que? -Lindisey pergunta indignada, mesmo assim solta o canivete.
-Leanzinho ela ia me atacar!- Giovanna fala toda melosa.
Ela já sabe que não quero ver um duelo entre elas, ela sabe que não quero ver Lindisey correndo perigo.
Giovanna falou com duas intenções, uma de provocar Lindisey e a outra sugerindo que eu posso fazer um acordo.
-Eles precisam resolver isso entre família. TODOS PRA FORA! -ordeno.
Meus guardas e Henrique estão saindo, mas os capangas dela nem se movem.
"-Hanna! mandei todos saírem, espera três capangas dela e leve todos para fora de enfermagem, diz pra Celeste entrar e diz pra Amélia ficar por perto caso o Marcos precise de ajuda e a Aghata para cuidar do Lucien que ainda está nas piscinas."
"-Sim senhor."
-Vão! -Giovanna dá sua ordem e eles obedecem. Mas ela não se move, certamente está esperando para ver se eu também vou ficar.
Confiro se a Lindisey vai ficar bem, mas ela ainda está encarando a Giovanna.
Puxo o braço de Giovanna de uma forma nada delicada e só a solto depois de passar pelas cortinas.
Quase esbarramos na Celeste que está meio abismada com a forma pouco cortês que tratei Giovanna.
Saio pelo corredor, ouço os passos dela atrás de mim mas paro antes de sair da enfermagem.
-O que você quer pra não duelar com ela? -pergunto sem enrolação.
-Duas coisas apenas.
-Que seriam?
-Leanzinho a segunda coisa eu ainda não sei. Vai depender da resposta da primeira.
-Fala logo! - digo me segurando pra não estourar logo com ela.
-Me conta qual o lance que vocês tem e por que você está disposto a barganhar para que não haja um duelo!
-Ela é a princesa herdeira do trono de Nayden. -dito isso Giovanna arregala os olhos e muda a postura.
-Eu compreendo a gravidade disso, mesmo assim quero saber por que você quer tanto proteger ela. Está apaixonado?
Se eu falar que estou apaixonado, vai ser igual a pintar um alvo nas costas da Lindisey. E eu me recuso a causar qualquer mal a ela.
-Apaixonado por ela. -digo dando uma gargalhadas zombaria. -Ela está mais para meu pesadelo.
-Como? -Giovanna pergunta.
-Uma bruxa idiota colocou um feitiço em mim. Agora eu sempre sonho que ela está morrendo, e é chato ver ela morrer quase toda a noite. Então pelo menos de dia, posso impedir que ela morra.
-Vamos supor que é verdade, mesmo as...
-Supor? -corto ela.
-Mesmo que você diz não gostar dela. Ela tem sentimentos por você. -Giovanna fala convicta.
-Você lê mente agora? -pergunto zombando.
-Ela não é tão boa com as máscaras! Eu percebi o quanto ela ficou magoada quando você ficou na frente dela.
Não deu nem tempo pra mim ficar bravo por ela ter insultado a Lindisey, suas últimas palavras foram como adagas cravadas no meu peito. Eu já sabia que tinha deixado ela surpresa com meu ato, mas magoada é além do que eu imaginei.
-Está se sentindo culpado pelo estado em que a deixou? -pergunto com um sorriso de cobra.
Não tem como ela ter descoberto isso, eu me mantive inexpressivo.
-Eu pareço estar me sentindo culpado?
-Layonel querido, você é o Rei das Máscaras, mas o silêncio veio a ser teu inimigo.
Dou de ombros como se não fizesse diferença.
-Vamos voltar aos negócios! Já que você quer tanto defende-lá. Até onde você irá? -Ela pergunta cheia de expectativa.
-Apenas dá logo o seu preço.
Eu estava pronto a dizer que daria minha vida, mas isso ainda seria ruim pra Lindisey, pois depois disso eu não estaria mais aqui para defendê-la.
-Uma bebida direto da fonte. Dizem que o sangue de Beast são os melhores. -Giovanna lambe os lábios.
Isso não é lá muita coisa. Mas eu espero ela ficar um pouco impaciente, talvez assim ela pense que a Lindisey não é tão importante pra mim.
"-Layonel, tem algum problema aí?"
Hana entrou em contato comigo,mas não sei o por que, estou dando conta da cobra na minha frente e ninguém foi até o corredor que dá acesso a ala onde os outros estão.
"-Aqui está bem por que?"
"-Aqui estamos com problemas nas piscinas, não é algo natural e as pessoas estão evacuado."
"-Lucien?" -pergunto preocupado.
"-Ele já saiu. Henrique e um dos caras da Giovanna estão tentando ver quem está causando isso."
-Então qual vai ser?-Giovanna perguntou sem paciência.
-Aceito mas vá logo pois lá fora está um caos.
Ela nem pergunta nada, só vem bem perto de mim e crava suas presas no meu pescoço, isso incomoda um pouco.
Isso não vai demorar mais de cinco minutos, vampiros se alimentam rápido e ela não vai beber muito do meu sangue.
-Nem pense em ir aí! -Giovanna solta meu pescoço e grita.
O problema é que ela não estancou o sangue que agora escorre por toda minha roupa. Tento tapar o local e me viro para observar com quem ela gritou.
Tinha uma enfermeira parada no meio do caminho. Ela aponta para o corredor de onde viemos.
Vou até o começo do corredor e vejo Celeste servindo de muleta para o Marcos. Vou até lá e o ajudo.
-O que está acontecendo? -pergunto.
-Lindisey mandou eu trazer ele para alguém. A coisa lá dentro não está boa, mas não há nada com que se preocupar. -ela diz tentando me acalmar. -Você foi mordido?
-Não. Ele quem pediu. -Giovanna responde.
Antes que eu respondesse o bebedor de água cai no chão e a água escorre se espalhando pelo corredor. Quando eu vejo tem água passando pelas portas.
-Mas o que está acontec...
-Alguém me ajuda. -Alguém vem gritando.
Não demora e o outro irmão aparece com uma adaga na mão. Ele está atrás do Alex, e atrás dele está a Lindisey.
Todos vem correndo, Alex passa por nós correndo e quando abre as portas mais água invade, pelo mínimo uns 2 centímetros de água chegam aos meus pés.
Celeste tenta parar o Max, só que ele enfia a adaga no peito dela.
Amélia, Henrique, Vicenti e os capangas da Giovanna entram no lugar.
-Antes às águas estavam borbulhando, depois começou a criar ondas e agora está espirrando água pra fora e está tudo vindo pra cá. -Amélia diz desesperada e só depois vê Celeste e Max.
-NÃO! -Lindisey grita tirando Max dali.
Ela começa a negar com a cabeça, retira devagar a adaga que ainda estava cravada em Celeste.
Amélia vem perto de mim, passo Marcos pra ela.
-Leve ele pra casa. E chama a Hanna, a Aghata, Alex e o Lucien pra irem também, eu levo os outros depois de resolver as coisas.
Ela assente e puxa Marcos que está plantado no chão, ele está apavorado com tudo aquilo. O que dificultou o trabalho de minha irmã.
Meus guardas bloquearam a saída assim que Amélia passou. Agora Max e os subordinados de Giovanna estão brigando com o meu pessoal.
Celeste desaba, Lindisey a segura antes dela cair por inteira no chão.
Celeste sussurra algo para Lindisey, me aproximo para ver se posso ser útil, mas não atrapalho as duas.
-Você irá comigo! -Lindisey diz entre choro.
Depois de um ataque de tosse, espirrando sangue por todo lado, Celeste puxa todo o ar possível para seu pulmão. Sei que esse vai ser seu último suspiro.
-Cumpra seu destino minha Ra..i...i..nha.
Lindisey se agarra ao corpo sem vida de Celeste, e chora.
Uma onda "que mais parecia uma tsunami" invade a enfermagem. Acabo perdendo o equilíbrio e mergulho, levanto o mais rápido que pude.
As águas batem na minha cintura, mas não estão em Lindisey e Celeste. É tipo um redemoinho em volta delas.
-HAAAAA! -Lindisey grita.
Ela olha para onde está Max que acabou de levantar, de repente a água começa a subir pelo corpo inteiro dele. Mesmo ele se debatendo a água o prende dentro de uma enorme prisão de água, ele se debatendo mas não consegue sair.
As pessoas que ainda estavam nas outras alas começam a gritar desesperadas.
-Lindisey olha pra mim. -falo me aproximando do redemoinho, ela me olha. -Para ou você irá machucar pessoas inocentes.
Não sei mais o que dizer pra fazer ela parar.
Ela percebe os gritos, larga Celeste e para o redemoinho, olha pro sangue em suas mãos e para água em toda parte.
-Eu não sei como.- diz chorando.
Vicenti pula em cima dela, os dois estão debaixo da água.
Ele já está levantando, mas ela ainda está deitada no fundo. Pego ela no colo mas ela não se move.
-O que você fez ? - pergunto à ele.
-Relaxa! É tipo sonífero. Ela vai acordar em uma hora. -responde tranquilo.
A água começa deixar a enfermagem, todos nós estamos de pé com exceção de Max que procura respirar direito.
-Henrique pega Max e o coloca amarrado no porta malas. Vicenti por favor carrega Celeste até o carro que vocês vieram e vá pra minha casa. Giovanna vá embora, já cumpri minha parte no acordo. -ordeno já deixando o estabelecimento.

O Fim de uma Vida Normal - 1° Livro da Saga é O FIM  [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora