Fight For The Future ... Our Future

Recepção

O dia tinha acabado de começar, olhava do trenó o sol que nascia atrás das montanhas, e que brilhava por entre os flocos de neve, que caiam calmamente. A viagem não era longa, mas parecia uma eternidade.

Enquanto passávamos na cidade, algumas pessoas prestavam homenagem ao seu príncipe lançando pétalas de rosas brancas pelas janelas ou mesmo fazendo uma vénia na rua. Era o primeiro dia de aulas de muitos outros que viriam. Apesar do esforço da minha corte para manter em sigilo o percurso e a hora que seria transportado de casa para o colégio NorthCastle, o povo estava ocorrente do que o seu soberano fazia, pois era habitual iniciar as aulas neste dia.

Entramos no recinto do Castelo, atravessando um grande portão embutido na muralha, com grandes extensões de rosais, logo em frente havia a fonte Esperança, situada no centro da rotunda de paragem, era aí que os transportes paravam para as pessoas saírem, a maioria dos alunos ia pedir ajuda à fonte antes de qualquer trabalho, teste ou exame, acreditava-se que era mágica, que o fundador do colégio a tinha enfeitiçado para o ajudar e aos seus alunos a superar os seus problemas do dia a dia. O Castelo era rodeado de espessas e altas muralhas cobertas de neve e envolvido por pinheiros, com nove torres de vigia todas elas com guardas para manter a segurança, talvez de alguma criatura ou algo do género, até porque não acredito que as nações não tão fiéis à Coroa fossem fazer algo, não ali, num sítio repleto de inocentes e crianças. Infelizmente e já habitual, todos os anos tenho uma grande recepção. Trombetas soaram, avistei então a grande cooperativa de docentes no pátio em frente ao Castelo, ao longo do caminho havia então os tocadores, atrás deles havia tambores e logo depois estava uma multidão dos meus colegas de colégio. A maioria dos alunos já estava habituada a estas extravagâncias, acabou por ser tradição ao longo do tempo, as filas da frente continham os novatos do colégio, pois logo à minha chegada, dar-se-à a recepção dos caloiros e só depois todos prosseguem a sua vida naturalmente. Como se não fosse mau suficiente ter todas aquelas pessoas à minha espera, tinha de caminhar todo o caminho até ao pátio de entrada, apesar de saber o que tenho de fazer, como ser um aluno exemplar, ser nobre, demonstrar a rigidez da alta nobreza, acabo por ter timidez mas antes de ser tímido sou corajoso, e não sucumbo a esse sentimento.

O momento chegou, o trenó pára, as trombetas param, faz-se silêncio total. Despeço-me, desço do trenó, quando começo a caminhar, os tambores rompem o silêncio começando com batidas suaves, eu conhecia aquela música, toda a gente conhecia, apesar de não ser oficial, era como se fosse um hino (https://www.youtube.com/watch?v=EDwogwZ1exU), conforme vou avançando, os alunos que começam a ficar atrás da longa capa que trazia, vão fazendo vénia à minha pessoa, à minha frente, pétalas de rosas começam a chover no decorrer do meu caminho, o nervosismo aumenta e o som dos tambores intensifica-se seguido por trombetas que voltaram a juntar-se à recepção, o Director desce as escadas, coloca um joelho no chão e curva a cabeça, assim que me aproximo, beija-me o anel real, o corpo docente curva-se também, passam-se dois segundos, e toda a gente volta à postura normal. Subo as escadas em direcção ao pátio e permaneço diante dos docentes, ficando frente a frente à multidão, o director sobe então logo atrás de mim permanecendo a uma certa distância, ano passado a minha mãe viu a recepção e não achou que seria aconselhável o director estar tão próximo a mim, enfim, questões de segurança. De repente fogo de artifício é lançado cobrindo então o céu juntamente da neve que caia. A multidão fica surpresa, tanto quanto eu, este ano o colégio esmerou-se mais que nos anos anteriores, até por que é este ano que chego à idade considerada para subir ao trono, e acredito que o director queira que me lembre deste dia e do colégio quando subir ao trono.