noites de insônia

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Mais uma noite cai e eu, deitada nesta rede, fecho os olhos e tento fazer a respiração diafragmática que me recomendaram. É bom pra controlar a ansiedade, eles disseram. É verdade, só que depois de um tempo eu perco o ritmo e o foco. A tranquilidade se esvazia e é substituída por uma velha conhecida minha. Quando os pensamentos, vindos de todos os lugares e indo na mesma direção, se chocam, sinto a cabeça pesar. A respiração fica difícil e nem o procedimento com o diafragma ajuda a melhorar. É nessa hora que eu fecho os olhos com força e suplico para minha mente parar de pensar em coisas que me deixam mal. Pense em coisas boas, como a sensação de tomar um sorvete de castanha num dia ensolarado, me recomendam com impaciência. Mas é em vão. Ela, com sua vontade própria, não me deixa controlá-la. Ela tem esse sorriso atrevido e se satisfaz com meu cansaço acumulado de todas essas semanas infernais. Respiro fundo. De novo. Solto o ar. Repito o mesmo ato por pelo menos umas dez vezes até os lágrimas brotarem dos meus olhos. Exausta. Cabeça cheia. Corpo maltratado. O acúmulo da exaustão se espalha pelo meu corpo e tem seus malditos efeitos. Noite após noite. Um pandemônio. Todos dormem pesadamente, rolam pela cama inconscientes emitindo seus roncos em alto e bom som. Continuo ali naquela cama, deitada, encarando o nada. E entro em desespero. Desesperada para mergulhar naquele mar de inconsciência por pelo menos seis horas. Nem música ajuda, só desencadeia a atividade de uma mente perversa. Noite após noite. Eu me deito nesta mesma rede. Olho para o céu, vejo as estrelas sendo lentamente cobertas por uma camada fina de nuvem. Fecho os olhos. Respiro fundo. Solto o ar. Repito o procedimento por pelo menos umas dez vezes enquanto me balanço de lá para cá. Tomara que eu consiga dormir esta noite.

x.

Um copo de ansiedadeOnde histórias criam vida. Descubra agora