Caos e ordem . Amor e ódio . Paz e guerra .
O que fazer quando tudo está tão fora de lugar que os limites entre estas palavras se tornam confusos e imprecisos na sua mente?
Uma cidade marginalizada.Esquecida no meio do nada,abandonada aos ratos e a...
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Feixes finos de luz vindos de um sol claro e apático me acordaram.Bocejei tentando não pensar no dia tedioso que teria que enfrentar e fui me ajeitar.Penteei o topete loiro perolado para cima,vesti um jeans e uma camiseta do Nirvana e complementei com uma camisa xadrez azul completamente inútil e ornamental amarrada na cintura.Fui avaliar a composição no espelho e revirei os olhos para as olheiras profundas que me acompanham constantemente.Botei os óculos e saí do quarto.
Para mim,sair do meu quarto era como pular de um porto seguro direto para um mar aberto,revolto e impiedoso.Minha casa na verdade é uma mansão,fria e escura,toda cinza e preta,e eu odiava.Se bem que as vezes eu acho que odeio coisas demais.Após trocar apenas as palavras "bom" e "dia" com o meu pai durante o café da manhã(vulgo maçã),entramos no carro,eu botei o meu fone de ouvido e fui lendo os muros pichados e ouvindo Imagine Dragons,até chegar ao local da reunião.Mais uma coisa para qual eu insisto em expressar extrema repulsa,mas o que eu expresso ou deixo de expressar nunca importou nada,de qualquer forma.
O carro estacionou com um barulho exagerado de fricção.Parabéns pai,sempre querendo aparecer. Desci do carro batendo a porta e logo me misturei a grande quantidade de gente mal encarada usando cinza(a cor oficial),tentando decifrar aonde eu estava.Um beco escuro,cheio de latas de lixo e caixas empilhadas.Clichê até o osso,perfeito lugar para uma reunião de uma gangue.Pensei que seria bom ao menos tentar não sermos descobertos pela polícia,mas pelo jeito ninguém aqui tem cérebro para pensar nisso.Logo ele subiu numa caixa e começou a falar sobre entregas,Bolívia,armas,política,heroína e essas coisas da administração,momento no qual me permiti entrar em estado "dormindo de olho aberto",no qual identifiquei que o arsenal foi saqueado pelos Guns(de acordo com o "perdeu playboy"pichado na parede)
Os Guns são nossa gangue rival.Não me pergunte o por quê, essa briga toda faz tanto sentido quanto esse nome ridículo e sem criatividade.Só sei que não nos damos bem desde a época dos meus bisavós.Talvez seja por dominação da cidade,talvez por que somos diferentes demais,mas nunca fizemos alianças de nenhum tipo.Eles atacam sem estratégia,roubam bancos e atacam o governo.Nós preferimos traçar planos para evitar baixas,dominar o banco e nos infiltrar no governo.Mesmo que eu não me importe e não me interesse por nada disso,e esteja aqui obrigado,não simpatizo com esse povo.Só causam ainda mais desgraça nessa minha vida,além de me darem um pouco de medo.
-Lugar agradável.Bastante gente.Mas eu acho que vocês deveriam se preparar para apanhar um pouco.Ou muito.
Uma voz feminina carregada de ironia pareceu surgir do nada,muito mais alta do que qualquer outra coisa em volta.Quando me virei.Sua dona puxava um bastão de baseboll das costas de uma jaqueta de couro.Todos viraram assustados,para encarar o raiz empinado de Lucy Macnair a líder do inimigo, seu sorrisinho malicioso e as quarenta pessoas atrás dela.
MERDA.MERDA.MERDA.MERDA
Eu nunca havia participado de uma briga de verdade,mas sabia que aconteceria mais cedo ou mais tarde.Desde criança fui preparado para isso.Aprendi a usar armas,atirar facas e socar coisas antes de escrever direito em letra cursiva.Sempre odiei tudo isso,mas não tive outra alternativa.Meu pai é a única pessoa da minha família que eu conheço.Nunca nem tive irmãos.Fui criado para ser o perfeito sucessor dele,mas devo ter nascido com algum defeito,por que eu definitivamente não pertenço a este lugar.Não nasci para nada disso.nem queria ter nascido.Mas,infelizmente para mim,esse não parece ser o caso da garota à minha frente,que agora sorria respirando fundo,alguns segundos antes da situação explodir.
