Paint It,Black

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Desliguei a chamada respirando fundo

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Desliguei a chamada respirando fundo.Reunião de emergência.Espero que seja alguma coisa importante de verdade pra Lucy resolver me chamar às dez da noite de uma terça feira.Bem,ela disse que convocou todos os membros(que não são poucos),então deve ser desesperador.Não posso deixar o Vítor sozinho,mas se eu faltar é o meu fim.Tentei deixa-lo coma mulher idosa solitária que mora do meu lado,mas ela não estava em casa.O mundo parece realmente contra mim hoje.Mas eu já sabia o que fazer,apesar de não gostar muito da ideia.

-Vem Vítor!

-Eu vou na reunião com você?-Ele saltitou,ansiosamente.

-Não.Vai ter que ficar com o tio Martin.

-Tio navalha?-Disse ele,pulando novamente-eu gosto dele!

-Não chama ele disso,é nome besta que ele inventa para parecer intimidador.Rápido,vai se vestir.

-Ele não me parece nada intimidador-Ele disse,calçando os chinelos.-Mãe,o chinelo tá estourado!

-Droga,me dá aqui!

Ele ria de mim enquanto eu sofria para enfiar um prego naquele troço o mais rápido possível.

-Vem logo,vem.-Puxei ele pela mão e logo começamos uma caminhada tão apressada que parecia uma corrida.Ele já compreendia o porquê de toda essa precaução.Estava acostumado com o medo.A paisagem lentamente foi mudando.Menos barracos e casas sem reboco,mais prédios desgastados e pichados.Apartamentos baratos extremamente populares na cidade,grande parte da população mora nesse bairro.Andamos até entrar debaixo de um viaduto sujo bem conhecido.Era cheio de canos expostos,alguns gotejavam preguiçosamente.Algumas pessoas faziam uma roda em volta de uma fogueira numa lata de lixo,sentadas no em cadeiras de plástico.

-Hey,Martin!-Gritei,acenado,um pouco de longe para ter certeza que não era um momento perigoso.

Ele se virou,sorrindo largo com os braços abertos teatralmente.Martin era um homem alto,de feições que lembravam algo vindo da índia.

-Se não é Cherry,rainha da luz vermelha!

-Cala a boca,o Vítor tá aqui,anta.-Sussurrei.Ele era a única pessoa com a qual eu conseguia brincar sobre isso.Na maioria das vezes,tocar no assunto de repente traz tudo de volta....Mas por algum motivo,ele conseguia me fazer sentir normal.

-Oi!

-Como vai garoto?-Disse ele,levantando Vítor e o girando no ar.

-Você pode cuidar dele hoje?Eu tenho umas coisas pra fazer e não consegui mais ninguém.

-Então eu sou a última opção?-Exclamou em tom de falso-ofendido colocando com cuidado o garoto no chão.-Esperava mais da minha querida amiga...

-Aliados não  são amigos-Puxei ele pela gola da camiseta e falei baixo,pro Vítor não ouvir-Eu tô recebendo umas ameaças com relação à ele então...gatilho pronto,no bolso,ok?Lembra,você me deve uma.

Anthem for the BrokenOnde histórias criam vida. Descubra agora