040| GILINSKY.

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Harley entrou na minha casa tropeçando nos próprios pés. Revirei meus olhos, segurando seu braço antes que ela caísse.

Meu plano inicial era deixá-la em sua própria residência, mas além de implorar para não a levar até lá ou ligar para alguma das meninas, Harley não tinha condições de ficar sozinha. Era capaz de se matar no processo. Restou então a minha moradia, mesmo que essa opção não me agradasse.

Subi lentamente a escada, servindo de apoio para a morena. Ela se sentou na minha cama, enquanto eu pensava no que fazer.

—OK, acho que precisa tomar um banho e trocar de roupa. É o que fazem com bêbados, certo? Não sei, é a primeira vez que lido com isso.

—Você fala demais.

Sua voz estava arrastada e enrolada, típico de quem encheu a cara. Sei disso porque no dia anterior havia me comportado da mesma forma. Patético, admito.

—Me desculpe, senhorita encrenca. –murmurro descontente, enquanto ela se erguia devagar.

—Eu não sou encrenca. –disse, balançando os pés até seus sapatos caírem.

—Claro que não, eu quem vivo me metendo em furadas.

Ela fechou a cara, se aproximando. Ótimo, provavelmente haveria um daqueles clássicos discursos de bêbado.

—E o que exatamente "furada" significa para você?

—A palavra é auto explicativa, Harley.

—Você não me chamou de troublemaker... Está com raiva de mim, não? –perguntou, mudando sua expressão para triste.

—Não. É só seu nome, não é como se eu sempre te chamasse por um apelido.

Harley me encarou, se aproximando ainda mais. Parecia a ponto de chorar,  o que definitivamente não era um bom sinal, especialmente dado seu estado.

—Não quero que fique chateado comigo. Sei que pisei na bola, mas não me odeie, por favor. Eu realmente gosto muito de você, Jack.

—Só estou confuso com sua reação, mas agora não é o momento de discutirmos isso. Você não está sã.

Ela suspirou, baixando a cabeça. Dei de ombros, como se dissesse que não podia resolver aquilo (e não podia) e permaneci em silêncio. Pensei que o assunto havia acabado enfim e virei de costas, andando até a porta. Avisei que iria pegar uma toalha para que ela pudesse tomar banho e saí do local. Quando retornei, minutos depois, Harley estava encostada no batente da porta, parecendo perdida.

—Tudo bem?

—Sabe, você não é o único confuso.

Abri a boca para responder, mas fui impedido pela garota, que me puxou pela camisa e me beijou. Afastei-me segundos depois, olhando-a assustado.

—O que você está fazendo?

—Não sei. –admitiu.

—Quer saber? Tome um banho, deite-se por um minuto e depois nós conversamos.

Ela fez uma expressão furiosa, arrancando a toalha da minha mão e entrando no banheiro. Não entendia qual a lógica que Harley Downwind aplicava em sua vida.

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3/3

Nath

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