041| HARLEY.

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O cheiro não permitia dúvidas: aquele não era o meu quarto.

Levantei-me, olhando ao redor. Não tinha noção de onde estava, mas bastou descer as escadas para descobrir, já que Jack dormia tranquilamente no sofá. Avistei minha bolsa largada no chão e lentamente andei até ela. Por algum milagre, meu celular ainda tinha bateria. A tela estava lotada de notificações, o que me fez bufar. Quais as chances de eu ter feito alguma besteira?

Alisha me ligava e, por mais que não quisesse atendê-la, decidi não ignorá-la mais, já que provavelmente estava surtando.

—Eu estou viva. –disse, reprimindo um bocejo.

—Você é uma completa vadia! Quase nos matou de preocupação! Gwen e Becca estão com tanta raiva que tenho medo do que vai acontecer quando as encontrar. Onde você está? O que andou fazendo? Merda, Harley, você sabe o que sua reação causou?

—Posso imaginar pelo seu tom de voz. Estou na casa do Jack. Bom, ao menos penso que isso é a casa dele.

—Quê? Como foi parar aí? –a voz de Ali era estridente e irritada, o que me fez revirar os olhos.

—Não sei. Não me lembro de nada.

—OK, a situação é pior do que eu imaginava. Só não faça mais besteiras, por favor.

—O que deu em você? Também se tornou uma certinha? –disse, levantando do chão.

Ao virar de costas, no entanto, soltei um grito. Bufei ao ver a expressão risonha que tomava o rosto de Jack. O babaca queria me assustar.

—O que aconteceu? –Alisha pergunta, preocupada.

—Nada, só o Gilinsky sendo um idiota.  Escuta, Ali, mais tarde eu te ligo, ok? Amo você, não me mate por desligar, tchau!

O garoto começou a rir assim que encerrei a chamada. Respirei fundo, cruzando os braços. Queria ir embora, mas primeiro precisava descobrir como havia chegado ali.

—Muito engraçado, realmente.

—Eu ia te cutucar. Não é minha culpa se virou-se antes do tempo. –disse, dando de ombros.

—Tanto faz. Como cheguei aqui?

—Aproveite que está com o celular na mão e leia a conversa comigo. Explica tudo.

Jack se sentou novamente no sofá. Eu segui seus passos e fiz o que ele disse, quase me matando por dentro. Claro que tinha surtado.

—Obrigada, eu acho. Provavelmente implorei para não me levar pra casa, estou certa? –digo, após concluir a leitura das mensagens.

—Sim e não foi nada. Tudo bem, foi, mas você entendeu.

—É, entendi...

—Harley, precisamos falar sobre o que aconteceu.

Ergui meu olhar, deparando com a expressão séria que tomava o rosto de Gilinsky. Sabia que esse assunto viria a tona.

—Foi só um beijo, acho que está tudo bem.

—Não, não está. Se estivesse, você não teria surtado e me confessado que está confusa. Isso depois de me beijar outra vez.

—Olha, não deveria levar a sério o que digo enquanto bêbada. –respondo, me levantando.

—Deveria considerar as mentiras que diz enquanto sóbria, então? –pergunta, segurando meu braço.

—Não quero conversar sobre esse assunto.

—Mas eu quero. E nem tudo se trata das suas vontades, Harley. Tem noção do inferno que foi quando desapareceu? Quando fugiu por que eu simplesmente te beijei? Tudo bem se quiser continuar fingindo que não se importa com isso, mas eu preciso saber a razão de ter ido embora.

—Eu me afasto toda vez que penso estar criando um sentimento. Basta um sinal de que estou começando a nutrir algo, mesmo que bobo. Foi o que aconteceu. Me senti atraída por você e não pude suportar essa ideia. Satisfeito?

—Sabe que gostar das pessoas não é algo ruim, certo?

—Sei. Mas se machucar por confiar nelas é. –respiro fundo, me levantando– Há uma razão para que eu seja do jeito que sou, right boy.

E, sem deixá-lo responder, saí pela porta. Estava cansada demais para discutir aquilo.

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GENTE!

Estou planejando um crossover do As She Pleases (álbum maravilhoso da Madison Beer) pra começar mais ou menos mês que vem, mas já estamos organizando o grupo e tal. Caso alguém queria participar, eis o link do grupo: https://chat.whatsapp.com/AZlev6zI8yb6WtLddhKP9Y
(Vou colocar na bio caso não dê aqui)

Eh isso,
Nath.

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