Gênesis

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- No princípio Deus disse "QUE HAJA LUZ!", e assim separou as trevas da luz... - dizia o padre em uma das missas de domingo.

Eu tive um sonho bem doido enquanto eu cochilava por mais ou menos 3 minutos. Não me lembro muitas vezes dos sonhos, mas sei que era o mesmo sempre.

E lá estava eu, me obrigando a ir na missa procurando por respostas que eu mesmo não conseguia encontrar, tentando fazer com que algum Deus me ouvisse e me desse um sinal claro do que fazer e a que caminho preciso percorrer, já que estou perdido e triste.

Não... Eu não tenho depressão... eu acho.

Enfim, a vida é cheia de surpresas e nenhuma delas me surpreendeu ainda, apenas o fato de que eu mudei há um ano de cidade para morar com meus irmãos, longe dos pais, longe de amigos, longe do que eu construí.

Não... Eu não estou me lamentando... eu acho.

Quem liga? nem sei porque eu escrevo coisas aleatórias enquanto o mundo funciona da mesma forma, e da pior forma possível.

A missa finalmente acabou e eu tinha perdido o sono. Meu pai costumava a dizer que isso era o que acontecia quando os demônios estavam por perto, ele dizia que eles sussurravam e faziam com que nós nos desconcentrasse de alguma forma na missa, e cortava qualquer vínculo com Deus. Acho que os demônios me venceram há muito tempo, e que Deus já deve ter abandonado esse lixo que é a humanidade.

Saindo da missa, pensava no que fazer no dia seguinte, já que precisava estudar e isso, meus amigos, é um dos dramas de um adolescente que terminara o ensino médio e se encontrara em um poço e vocês sabem em que lugar do poço eu me encontrava, bem no fundo, junto com insetos e sujeira. Enquanto pensava em como eu era inútil mas precisava viver, recebo uma mensagem, mensagem de Marnie, minha única amizade aqui.

*Oi Mi. Vamos pegar um cineminha hoje, vão lançar aquele filme que você gosta sobre sadomasoquismo haha!*

De fato, adoro o sadomasoquismo, vejo como uma incrível arte que gostaria de praticar, e o filme era o ultimo da triologia 5o tons de cinza,

mas eu odeio sair de casa no domingo, eu só queria assistir TV até dormir, e então eu digitei em resposta:

*Perdão, minha querida, preciso ir pra casa agora, mas prometo que irei outro dia*

Enviei enquanto andava pelas ruas escuras e cheia de árvores.

Tudo o que costumo ver e analisar acaba se tornando poesia, e fico recitanto enquanto ando rápido, assim passa logo o tempo e chego em casa rápido.

Enquanto voltava pra casa, encontrei um homem, aparentemente um mendigo, passando mal. Gritei por ajuda, ninguém me ouvia. Liguei pra emergência, e, enquanto isso, ele pegou minha perna.

- Senhor, calma! Estou tentando ligar pra alguém! Vai ficar tudo bem! - dizia desesperado, achando que ele estava morrendo, até que ele mordeu minha perna!

Eu estava de calça, mas machucou um pouco, e no extinto chutei a cabeça dele.

- Seu louco eu tava tentando ajudar! - eu gritava enquanto corria, mas ele não correu atrás de mim.

Cheguei em casa, lamentando pela calça rasgada, mas desmenti a história para meus irmãos.

- Miguel! O que houve? Parece que você participou de uma corrida! E o que ouve com sua calça - dizia Gianna, minha irmã, aparentemente preocupada.

- Um cachorro me atacou, tive que correr. - disse, mesmo sabendo que o cachorro na verdade era um humano esquizofrenico.

- Parece que os cachorros te odeiam *risos*

- Pois é - ri de uma maneira sem graça.

O dia estava terminando, e eu jogado na cama pensando em mil maneiras de como deixar de existir, e nesses pensamentos sempre vinham o episódio da mordida. Achei bizarro, estranho, assustador e engraçado ao mesmo tempo.

Depois de horas em claro consegui dormir, e como sempre sonhei o mesmo sonho. Nesse sonho eu me via nu, amarrado. Achei que era um sonho erótico, e estava bem lúcido. Até que no sonho aparecia todas as pessoas que eu conhecia, inclusive Gianna e Pedro, meus irmãos; Marnie, minha amiga e Herick, um garoto a quem me apaixonei. Estavam todos nus, e enquanto isso alguém me desmembrava e jogava minhas partes a todos, e eles brigavam entre si como animais famintos, afim de comer o que estava sendo servido. O sonho durou horas, e se repetia várias e várias vezes. Até que acordei

Eram quase meio dia, e eu estava sentindo um sentimento ruim, inexplicável.

Até que olhei para meu corpo e me deparei com marcas roxas, bem escuras, como se eu tivesse sido espancado.

Não sabia o que era, mas futuramente talvez eu saberia o que me esperava, era isso que eu pensava várias vezes, de uma forma automática.

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