AZUL - Parte II

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Logo em seguida liguei para a Tamela, ninguém melhor do que ela para eu compartilhar essa alegria. Foram horas no telefone, a gente chorou junto, riu junto, desde quando a conheci tem sido assim.

Corri para vê-la, íamos ao shopping, sair para jantar, comer num restaurante japonês. Tomei aquele banho, me vesti impecavelmente bem, me perfumei todo de Paco Rabanne, eu estava um luxo, parecia que eu iria me encontrar com o Brad Pitt, sai saltitante, parecia o bambi, minha mãe abriu um belo sorriso, ela estava "toda, toda" de ver a alegria do seu filho.

- Amigaaaa, gritou a Tamela para o shopping inteiro ouvir;

- Para, para, para. Miga sua louca, você está me constrangendo.

- Ai amigo eu estou tão feliz por você, eu acompanhei de perto seu drama, sua angústia, que bom que sua mãe aceitou bem.

- Querida você não sabe, vou até arrumar um marido agora, entrar de noiva na igreja, você será minha daminha de honra.

- Hahahaha, só você Di, mas e seu pai, como vai ser?

- Então gata, eu tive um papo cabeça com minha mãe, ela acha melhor eu não contar nada para ele né, eu vou para São Paulo fazer faculdade e querendo ou não, eu dependo dele para me sustentar e para bancar a minha faculdade. Vou contar para ele quando eu tiver a minha vida, for dono do meu próprio nariz, além do que, tenho que respeitá-lo, eu amo ele né miga, ele é meu papis.

- Entendi amigo, pai é mais complicado né, essa questão machista que envolve a nossa sociedade e cultura, seu pai é um policial, mais tradicional ainda, faz a sua vida com as bênçãos da sua mamãe.

- Falou tudo, mas agora cala essa boca e vamos logo comer que eu estou faminto.

Ficamos por quase duas horas nesse restaurante comemos muito, comida japonesa está ai uma coisa que eu adoro. Contamos dos nossos planos, o nosso medo de nos separarmos, afinal eu iria para Sampa, mas a Tamela não fazia ideia para onde iria, resolveu fazer medicina né, teria que estudar muito e ficar satisfeita com a faculdade que entrasse.

Do shopping fomos até a casa dela, liguei para minha mãe avisando que dormiria lá. Os pais dela não estavam em casa, começamos a tomar vodca com suco de laranja, apesar de ser uma quinta-feira, não iríamos para o colégio no dia seguinte, teria simulado de vestibular, nada que agregaria muito.

Conversamos apenas sobre sexo, como nessa idade a cabeça remete a isso, já passava das onze, estavas alegrinhos, começamos a relembrar das nossas transas, logo o Thales veio na nossa mente, pensamos em ligar para ele, o bom senso não nos permitiu.

Tinha uma pessoa querida na nossa sala, ele assumiu sua homossexualidade aos amigos a pouco tempo, chamava Leonardo, iria para São Paulo também, estava combinando de morar com ele lá.


Ligamos para o Leo, pedimos para ele ir até a casa da Tamela, para jogarmos conversa fora, ele falou que levaria um amigo, já estava com segundas intenções.

Ele era moreno, magro cabelo encaracolado, nascido na Bahia, mas veio no Mato Grosso do Sul já fazia um tempo, a família tem fazendas no estado e ele preferiu aqui a viver num lugar que tenha praia, meu Deus, só ele.

Cerca de quarenta minutos depois eles chegaram, trouxeram mais uma garrafa de vodca e alguns energéticos. O peão de uma de suas fazendas acompanhou o Leo, Leonardo o nome do boiadeiro, ele era mais velho, tinha vinte e três, ele era forte, pois estava acostumado com o trabalho braçal.

- Oi gente, esse é o Leonardo, meu xará, ele trabalha na fazenda do meu pai, nos conhecemos desde moleque; Apresentou-o.

- Oi Leonardo, seja bem-vindo na minha casa, não repara a bagunça, meus pais não estão em casa e a empregada só vem amanhã.

As Sete Cores do Arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora