As Sete Cores do Arco-íris

VIOLETA - Parte III

No carro silêncio absoluto um climão que ficou entre a Letícia e a Cristina, elas mal se cumprimentaram, rolou um beijinho falso, a Leticia sussurrou um obrigado no ouvido da Cris que deu um sorriso completamente sem graça. Eu tentava fazer algumas gracinhas par animar o clima, mas minhas tentativas foram frustradas, estava no banco do passageiro, aumentei o volume para não parecer um bobo da corte.

Assim que chegamos em casa as duas se trancaram no quarto, não ouvimos nada, acreditem, nós tentamos, ficaram lá por mais de uma hora, depois saíram, as duas choravam.

- Se resolveram? – questionou o Leo.

- Isso não é uma coisa que se resolve da noite para o dia, conversamos, já foi o primeiro passo, com o tempo tudo vai se ajeitar. – falou Cristina com a voz leve, soluçava um pouco de tanto chorar, seus olhos estavam vermelhos e inchados.

Já passavam das dezessete horas, nós estávamos famintos e queríamos sair para comer, entretanto a Cristina preferiu ir para casa, ela queria ficar sozinha, nós compreendemos. Então decidimos por pedir uma pizza mesmo.

Falei para a Leticia tomar um banho, esfriar a cabeça, a coitada tem sido muito pressionada nos últimos dias, não é decente ficar crucificando as pessoas.

Após nos banharmos fomos para a mesa de jantar, enquanto comíamos, conversávamos também, entretanto os dois apenas falavam sobre a família, não entraram em nenhum assunto polêmico.

- Leticia, depois do jantar, eu vou querer ter uma conversa séria com você, nada para te intimidar, apenas para explicar sobre as regras da casa para o bom convívio entre nós. – afirmei na intenção de mudar de assunto, ela concordou, logo em seguida eu fiz um questionamento que deixou os dois boquiabertos.

- Agora, vem cá, me conta toda a história que rolou com o marido da Cristina.

- DIEGO. - gritou o Leo com os olhos esbugalhados de espanto.

- Deixa primo, essa história precisa ser esclarecida. – respondeu serenamente Leticia.

- Vamos acabar de comer e depois eu conto a história toda. – ela completou.

Assim que terminamos fomos até a cozinha, enquanto lavávamos a louça ela começou a contar o fato.

Eu sei que cometi um grave erro, mas não me arrependo e explicarei o motivo. Tinha ido passar dez dias na casa da Cristina, eu acabara de completar dezoito anos e queria conhecer melhor a cidade para tentar a vida aqui.

Até ai tudo bem, só que a partir do segundo dia eu comecei a perceber um comportamento estranho do Ronaldo, marido dela, ele não parava de me olhar, às vezes ficava me dando uma piscadinha e vivia sempre me fazendo elogios.

Eu já tinha sacado qual era a dele, mas não dei bola.

No dia seguinte a esses fatos acordei cedo, era aproximadamente sete horas da manhã, tomei uma vitamina e fui até a academia do prédio, fiquei malhando, eis que o cara aparece, todo arrumado para ir trabalhar, sentou num aparelho e ficou me olhando.

- Você não vai trabalhar? – questionei, pois estava um pouco receosa.

- Claro, hoje eu entro as nove, ainda são sete e quarenta. – ele respondeu.

- Mas o que veio fazer aqui?

- Te observar, você é muito gostosa sabia?

Eu fiquei em silêncio, um pouco constrangida, mas mesmo assim agradeci e continuei malhando.