2 de dezembro de 2011

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Eram 3:33 quando senti as unhas dele a cravarem-me o peito e quando a porta do sótão começou a ranger. 

Acordei. Era tudo um pesadelo. Olhei para o relógio e eram 3:32 quando a porta do sótão começou a ranger, abrindo lentamente. Eu assustei-me, tudo o que eu ouvia era o ranger daquela porta e a minha respiração abafada. Era como um "Déja Vu". Eu estava com medo mas algo me atraía para dentro do sótão, algo me chamava para lá ir outra vez e para ser sincera ainda estava curiosa acerca do jornal que tinha encontrado no dia anterior. Erro meu, a minha mãe sempre dizia que a curiosidade matou o gato.

Fui em direção ao sótão. A Catarina estava a dormir. Continuei o meu percurso subindo as escadas para o sótão, acendi a luz e dirigi-me ao tão famoso jornal. Comecei a ler. Fiquei pasmada. A capa do jornal relatava sobre o enforcamento de um homem, imigrante, de nome Bill Jones que se suicidou no sótão da sua casa porque a mulher fugiu com a filha deixando-o sozinho, sem família, traído; mas isso não era o pior... o pior era que tudo isto tinha acontecido nesta casa, nesta casa onde eu e a minha irmã estávamos a morar.

Tínhamos de sair daquela casa. Fui a correr para fazer as malas e ligar ao meu pai, mas, assim que cheguei às escadas a lâmpada que iluminava aquele sótão sombrio partiu-se e no meio daquela escuridão um cheiro forte a podridão caiu sobre mim e passado alguns segundos uma figura alta e com a pele de cor azulada parou à minha frente e eu não conseguia fazer nada a não ser olhar-lhe nos olhos e assim que o meu olhar cruzou com o olhar do que quer que aquilo fosse eu percebi... percebi que aquele era o "Billy" e de repente ele agradeceu-me dizendo: "Obrigado..." e de imediato riu-se como se o tivesse libertado de algo e desaparecendo logo de seguida.

Tudo voltou ao normal... dirigi-me rapidamente para o telefone para telefonar ao meu pai mas no meu caminho até lá deparei-me com a minha irmã ao fundo das escadas do Hall de entrada. Do cimo das escadas disse-lhe que estava tudo bem e que tínhamos de sair daquela casa. Quando cheguei perto dela e lhe pus a mão no ombro ela ergueu a cabeça e olhou para mim. Congelei... outra vez...desta vez parecia diferente, parecia mortal, os olhos da Catarina estavam completamente pretos, aquilo era real, os olhos dela eram como azeitonas, mas nem sequer brilhavam, aquilo, fosse o que fosse, não era a minha irmã.

Quando já só se ouvia o palpitar do meu coração e a minha respiração ofegante a Catarina disse numa voz perturbadora com um tom desumano:

                                              -"O BILLY GOSTA DE TI"-

Hoje vivemos noutra casa e não vimos mais o "Billy" e a Catarina não se lembra de qualquer pessoa ou entidade com esse nome

                                                                  FIM

O SótãoOnde histórias criam vida. Descubra agora