Cinco

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- E aí?

- Haviam digitais de muitas pessoas na capa. Inclusive da senhora. - Ele se sentou ao meu lado. - A capa é mesmo de sua casa.

- Mas então vocês não descobriram mais nada? Não descobriram quem fez isso?

- Não exatamente. - Ele respirou fundo. - Achamos digitais por cima de uma das manchas de sangue. Isso significa que o plástico foi usado por essa pessoa com as mãos já sujas.

- Quem? - Ele parecia não querer chegar ao ponto. - Diga logo.

- Senhorita Queiroz. - Eu perdi a noção dos segundos que se passaram enquanto eu tentava entender aquela resposta. - Já enviei policiais para trazê-la. - Enquanto eu tentava absorver aquela informação, meu rosto parecia estar em chamas de tão quente.

- Não... Não pode ser... Deve ter algum engano... - Eu balancei a cabeça para os lados. - Não acredito nisso! - Eu gritei depois de olhar o vazio por alguns segundos. Me levantei da cadeira sem perceber. Meu corpo estava falando sozinho, não tinha mais controle dos meus impulsos. - Meu Deus! Ela matou a minha irmã? Por que ela fez isso!? - O delegado se levantou.

- Se acalme. - Olhou para um policial. - Traz uma água. Rápido. - Olhou novamente para mim. - Isso ainda não é prova suficiente para afirmar que sua irmã foi morta pela senhorita Queiroz.

- Como não!? Você mesmo disse que as mãos delas já estavam com sangue quando ela pegou o plástico! - A cada frase meu tom de voz aumentava.

- Sim, mas isso só prova que a senhorita Queiroz moveu o corpo e não que ela a matou. - Como ele diz "só"!?

- Então vocês não vão prendê-la!?

- Vamos trazê-la para ser interrogada novamente. Ela será presa por ter ocultado informações da polícia e... - O policial chegou com o copo d'água e o delegado pegou para me entregar.

- Ocultar informações da polícia!? - Eu derrubei o copo de sua mão. - Ela tem que ser presa por assassinato! - Ele se virou.

- Leve-a à outra sala. - Ele disse ao mesmo policial que trouxe a água. - A senhora não está em condições de entender isso agora. - Olhou rapidamente para mim. - Assim que eu acabar de falar com a senhorita Queiroz eu falarei com a senhora novamente. Ela já está a caminho. - E saiu.

- Mas o quê!? - Eu olhei para o policial vindo em minha direção. - Vocês não podem... Vocês... - Eu o observei sair sem nem dar a mínima para o que eu estava falando. Em volta, os policiais me olhavam com a cara fechada. Decidi me acalmar, respirar fundo.

O policial continuou caminhando até mim e ameaçou pegar meu braço. Eu me esquivei e disse que o seguiria. Eu não exitei em segui-lo porque queria estar por perto para ter certeza que não liberariam a Amélia. Não deixaria que eles fizessem isso.

Ele me colocou na mesma sala em que fui interrogada. O observei parar do lado de fora da sala como uma espécie de segurança. Parecia que quem estava sendo presa era eu.

Peguei o meu celular. Haviam inúmeras ligações perdidas das quais três eram de Humberto. Ele também me mandou mensagens perguntando sobre o que tinham descoberto e se eles divulgariam as informações à mídia. Pensei que ele estava me ligando pra saber como eu estava, mas acho que só estava interessado sobre como isso influenciaria em sua carreira. Típico dele se importar mais com seu emprego a se importar comigo.

Pensar em Amélia daquele jeito não fazia sentido algum. Por que ela faria isso com Julia? Ela sempre foi fiel à nossa família, sempre tratou Daniel como seu filho e Julia como a irmã que nunca teve. Eu até já senti ciúmes da amizade das duas, da união que elas tinham. Sempre quis ter uma amizade como a delas... E agora eu descubro isso? Por mais que me esforce pra encontrar razões pra essa atitude, eu não encontro. Me sinto apunhalada pelas costas.

EvidênciasWhere stories live. Discover now