Sete

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- Senhora, aqui está o gelo. - Antônia se aproximou. - Patroa?

- Ah. Sim. Deixe aí. - Apontei para a mesa de centro.

- Está tudo bem, patroa? - Eu estava olhando para o telefone, estática.

- Hum... Sim. Claro... - Coloquei o telefone sobre a mesa de centro. - Você já fez a comida do Daniel?

- Está no fogo.

- Leve-o para a cozinha e dê o jantar lá.

- Não prefere que fiquemos aqui com a senhora?

- Não. Estou bem. Eu quero ficar sozinha um pouco e descansar.

- Está bem. - Antônia saiu segurando a mão de Daniel. Ela tinha uma expressão de preocupação no rosto.

Assim que eles saíram, peguei o gelo e coloquei sobre o braço direito. Ele doía bastante, tanto como a minha cabeça. Na verdade, todo o meu corpo parecia não estar em seu equilíbrio habitual. Tudo parecia desordenado dentro de mim. Não sei se pela minha queda ou pela queda da ligação que eu acabara de atender, mas tudo em mim não parecia estar certo. Tudo parecia irreal.

Pensei em ligar para o delegado Colato e falar sobre a ligação, talvez ele conseguisse rastreá-la. Entretanto, não é a primeira ligação desse tipo que recebo nos últimos dias. Muitas pessoas me ligaram dizendo saber sobre coisas e a maioria era mentira - exceto pelo senhor que morava perto ao rio. Essas pessoas usaram informações falsas com a finalidade de obter algo por isso... Então, não vou encher minha cabeça com possibilidades, mas sim com fatos. As provas contra Amélia são incontestáveis. Não será mais uma ligação de má fé que me fará mudar de ideia.

Eu adormeci no sofá depois de alguns minutos pensando. Acordei com o barulho da porta da frente sendo aberta. As luzes da casa estavam apagadas, exceto, pela sala, onde eu estava.

O gelo que estava em meu braço havia se transformado em líquido e meu braço estava molhado. Sequei-o com a minha blusa e levantei. Segui em direção à porta e Humberto estava lá. Ele me olhou com estranheza.

- O que está fazendo aqui em baixo a essa hora?

- Eu dormi no sofá. Que horas são?

- Duas.

- Onde você tava?

- Eu fui ao bar.

- Sério isso?

- Sim. - Ele tirou o casaco e colocou no mancebo.

- Uau. Pensei que inventaria uma desculpa, como das outras vezes. - Eu dei um risinho. - Gostei da sua versão sincera. Poderia usar mais vezes. - Dei as costas e voltei à sala.

- Por que está segurando o braço? - Ele me seguiu.

- Está doendo. - Me sentei no sofá.

- Você se machucou? - Ele se sentou próximo a mim.

- Caí da escada. - Eu me afastei.

- Você está bem? Como você caiu? - Ele se aproximou novamente.

- Eu acho que minha pressão caiu. Aí eu acabei no fim da escada, provavelmente por cima do braço. - Mostrei o braço, dando um sorriso forçado.

- Você nunca teve problemas de pressão... - Ele estranhou.

- Pois é. E você nunca admitiu que foi ao bar antes... As coisas estão bem estranhas hoje. - Ele deu um sorriso e depois ficou sério. Eu tentei mudar de assunto, porque eu não queria contar a ele que tive um pequeno ataque de pânico na escada. Não quero que as pessoas comecem a perceber que não estou conseguindo lidar com tudo. Preciso ser forte, não por mim, mas pelo Daniel.

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⏰ Last updated: Mar 06, 2018 ⏰

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