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Amei Ricardo desde a primeira vez que o vi. E não são apenas palavras, são verdades quase inconcebíveis ao cérebro. Por esse motivo fui em busca do meu sonho ou qualquer coisa que me fizesse cruzar em seu caminho, mal sabia como era ser senhora do meu destino. Nessa altura o coração jazia em prantos concedidos dessa paixão de cárceres, guardei aquela imagem única daqueles pés trôpegos indo à tarde na lanchonete, onde tinha um café tão bom quantos os beijos de Ricardo, pois bem, mesmo minha boca nunca tendo tocado em uma gota sequer de sentir da dele, eu sabia.
Todas as vezes que o via na esquina da rua dos Desesperados, número 321, meu coração parava de bombear por um milésimo da eternidade, sondando a vivência arrebatadora do meu ser. E o que dizer das sextas-feiras quando lhe faltava queijo? E mesmo não me faltando nada, eu procurava algo no mesmo mercantil, nem que fosse minha sobriedade. Quando as suas mãos tocavam as mesmas fatias, me repartia os olhos da cara, pois tornava explêndida qualquer ação que aquele indivíduo apaixonável tornasse a fazer. E ele seguia satisfeito pela aquisição, agora tomaria seu café da manhã em completude, podia ir embora sem imaginar por um segundo como sua presença magnânima confortava meus pedaços de gente, não notados, nunca notados.

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Amei Ricardo - Rani FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora