I could go with you

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Uma bomba relógio programada para explodir a qualquer momento.
Era isso que Dean tinha em seu peito. Não era a melhor das soluções, mas era a única no momento. O sol estava morrendo, e junto com ele, seria o fim de toda vida na Terra. Dean não poderia deixar isso acontecer. Nunca!

Era esse seu dever, não era? "Salvar pessoas, caçar coisas, o negócio da família"? Era esse o negócio da família, não era? Salvar as pessoas inocentes que nem ao menos tinham conhecimento de que "coisas" a serem caçadas existiam. Deixa-las seguras para seguirem suas próprias vidas como se nada nunca tivesse acontecido, e na maioria das vezes nem ganhar um "obrigado" em troca. Ao contrário, tudo o que conseguiam eram seus rostos estampados em todas as páginas policiais como se fossem eles o grande perigo. Mas isso não importava. Esse é o negócio da família. O mesmo que um a um matava todos aqueles que eram importantes para eles.

Primeiro fora Mary, quando ele ainda era uma criança pequena e o irmão apenas um bebê. Anos mais tarde fora John. E funerais atrás de funerais rodeavam suas vidas: Ash, Jô, Ellen, Pâmela, Bobby, Kevin, Charlie... Pessoas boas, mas que fizeram a grande merda de se envolver com caras tão amaldiçoados como aqueles dois. Uma maldição que os cercavam desde a infância, e não teria fim até que todos daquela família estivessem mortos.

Mas para Dean aquele era o fim. Em seu coração havia uma bomba de almas prestes a explodir em questão de horas.

Não, aquele não era o fim que Dean pensava em ter algum dia. Apesar de sempre achar que já havia vivido demais para um caçador como ele. Mas morrer para impedir que o mundo todo acabasse não era tão ruim assim, era?

O que mais o preocupava na verdade não era isso. Pouco importava se teria mais algumas horas ou muitos anos de vida. O que lhe preocupava era o irmão. Samuel ficaria bem sem ele? Ora, o caçula já não era mais nenhum garoto, ele sabia se cuidar e Dean sabia disso. Mas Dean sabia mais do que ninguém o que era ficar sozinho. Depois dele, só restaria Sam vivo de sua azarada família. Céus e infernos estariam atrás dele, como sempre estiveram, mas desta vez estaria completamente sozinho. Seria a grande chance do mais novo largar tudo aquilo que nunca quis e ir enfim atrás de sua tão sonhada vida normal. Não era mais tão jovem, mas Sam sempre foi muito inteligente. Poderia voltar a estudar, se apaixonar novamente, construir uma família, ter filhos, cachorro, uma casa confortável longe de todas aquelas lembranças horríveis... Samuel podia ter um futuro. E isso já confortava o mais velho.

Sam saberia viver sem ele. E se algo desse errado, ainda teria Castiel.

Ah, Castiel...

O anjo que o havia salvado da danação eterna estava de volta. O anjo que enfrentara todos os tipos de criaturas, e até mesmo seus próprios irmãos para ajudar aqueles dois filhos da puta. Aquele que se rebelou, e passou de "o honrado anjo Castiel", para o seguido, perseguido e odiado Castiel, o que sempre escolhia os malditos Winchesters. O anjo que Dean tinha aprendido a admirar, a respeitar, a confiar, a...

Não! Nada disso importava mais.

Com a cabeça perdida em seus devaneios, Dean se via agora diante do espelho, sozinho em seu próprio quarto, onde podia deixar com que todas as incertezas e medos fluíssem, onde não precisava mascarar toda a angústia contida em seu peito.

Mudara muito nos últimos anos. E não pensava isso por sua expressão cansada refletida á sua frente. Seu interior havia mudado. Tinha marcas demais por todo seu corpo, mas nada estava mais ferido do que seu interior. Ás vezes sentia falta de ser o Dean Winchester piadista e divertido de antes. Seus gostos eram os mesmos, mas havia um fardo grande demais em si. Perdas e desilusões completavam o conjunto. Seu irmão talvez não notara, mas Dean estava cansado demais. Cansado demais de perder pessoas, de ver tudo se destruindo aos poucos.
Olhava para o lado avistando seu objeto de desejo a alguns centímetros de distância. Esticou o braço e alcançou a garrafa sob a pequena cômoda ao lado de sua cama. Droga! Precisaria ir até a cozinha do bunker pegar mais uma, aquela também estava chegando ao fim... Assim como tudo em sua vida...

Not even God can save meOnde histórias criam vida. Descubra agora