Parte 1

1.5K 155 62
                                    


Ela o encarou do outro lado da sala cheia de adolescentes com os hormônios em ebulição. A música tocava no último volume, todos pareciam estar alcoolizados ou a caminho disso.

Ele parecia estranhamente deslocado naquela festa, recostado em uma parede com um copo de bebida na mão. Parecia esperar que alguém o salvasse da expiação em que se encontrava ou então que um meteoro colidisse contra a terra para salvá-lo dessa situação.

Ele usava um jeans surrado, uma camiseta preta e uma blusa xadrez escura amarrada na cintura. Seu cabelo preto saía pelas bordas de sua touca cinza que a lembrava uma coroa. Os olhos escuros mostravam seu tédio.

Ele era tudo o que um garoto não devia ser para ter uma chance com Betty Cooper, a garota certinha e pura, número um da turma, presidente do jornal da escola e líder de torcida. Mas mesmo assim ali estava ela, em uma festa na casa de Archibald Andrews, encarando Jughead Jones III e observando cada detalhe do garoto.

Jughead, na opinião de Betty, era um garoto muito bonito. Não bonito como qualquer garoto do time de futebol, não, era uma beleza diferente, peculiar. Seu jeito misterioso e rebelde lhe tornavam extremamente interessante e atraente aos olhos de Betty naquele momento.

Ela mordeu levemente a borda do copo que bebia, imaginando como seria beijar os lábios de Jughead e sentiu um calor tomar conta de seu corpo. Ninguém nem ao menos poderia imaginar que Elizabeth Cooper tinha a capacidade de ter o tipo de pensamento que ocupavam sua mente naquele instante. Ela parecia tão pura, mas sua mente provava exatamente o contrário.

Observou quando Jughead se dirigiu para a cozinha em busca de mais bebida e aproveitou o momento, seguindo-o.

– Acho que vou querer um pouco disso. – ela disse enquanto se aproximava do garoto que enchia seu próprio copo com uma bebida muito suspeita. Betty se inclinou sobre a bancada em direção ao garoto, jogando seu cabelo para o lado e sorrindo angelicalmente. Para Jughead, um sorriso de anjo infernal, vindo diretamente do submundo para atormentá-lo.

– Não está muito bom. – ele disse a encarando enquanto servia – Só pra avisar.

– Ninguém bebe qualquer coisa alcoólica porque é bom. – ela diz sorrindo novamente enquanto recebia o copo de volta. – Se fosse por isso, estaríamos todos no Pop's bebendo milkshake.

Jughead riu. Betty não conseguia deixar de prestar atenção no som agradável de seu riso ou na forma como seus lábios se moviam, deixando a mostra seus dentes perfeitos. Ela era bonito demais para ser O excluído, misterioso e obscuro da Riverdale High School.

– Você tem razão. – ele concordou ainda sorrindo. – Eu beberia um de baunilha com calda de morango.

– Eu também. Simplesmente amo o sorvete de baunilha do Pop's...! Mas você não parece gostar muito da festa. – ela pontuou mudando de assunto enquanto dava um gole em sua bebida e sentia o gosto do álcool em sua boca.

– Eu não gosto muito de festas. – ele admitiu encarando os olhos azuis de Elizabeth Cooper como se tentasse desvendá-la.

– Bom, talvez você só precise de um incentivo. – ela sugeriu.

– Eu já bebi muito.

– Não foi isso que eu quis dizer. – ela rolou os olhos. Ergueu as sobrancelhas de um modo desafiador e lhe estendeu a mão direita. – Venha, vamos dançar.

– Eu não danço...

– Eu não aceito um não como resposta Juggy. – e o modo como ela disse seu apelido fez o sangue de Jughead correr muito rápido por seu corpo.

– Ok. – ele se rendeu, deixando a garota o puxar para o meio dos outros tantos adolescentes alterados. – Mas eu já aviso que eu não sei dançar.

Enquanto iam em direção a "pista de dança", ou usualmente a sala de visitas de Archie, alguns garotos ofereceram alguma bebida que desceu queimando e fez efeito muito rápido. Betty logo se sentia muito solta, a música soava muito alta. Ela jogou os braços para os ombros de Jughead enquanto dançava muito perto do garoto. Betty se sentia estranhamente confortável com a proximidade.

– Segure minha cintura Jughead – ela instruiu sorrindo.

Ele colocou suas mãos na cintura de Betty, o que fez seu corpo todo aquecer, ao mesmo tempo que deixava-a com vontade de se aproximar mais. E foi o que ela fez.

Jughead aumentou o aperto em sua cintura. Agora seus corpos estavam praticamente colados e a cabeça de Betty praticamente tocando no ombro do garoto. Ela respirou fundo, sentindo a fragrância do perfume de Jughead atordoar ainda mais seus pensamentos.

O que estava acontecendo com ela? Porque de repente estava se sentindo assim? Convivia com ele diariamente e nunca havia se sentido dessa maneira sobre o garoto. Ele era apenas um colega como vários outros. E porque ao observá-lo naquela festa se sentira tão atraída por ele?

Era todo esse clima da festa e a bebida, aquilo mexia profundamente com ela, fazendo com que fizesse coisas que geralmente não teria a coragem.

Ergueu a cabeça e encarou Jughead, seus lábios quase se tocando. Seu hálito impregnado pelo álcool chegava a seu rosto e seus lábios roçaram nos dele.

– SETE MINUTOS NO PARAÍSO!!! – Ouviu alguém gritando, enquanto a puxavam e empurravam para um quarto apertado sob as escadas junto com Jughead. Tudo aconteceu muito rápido. Logo os dois estavam trancados no escuro, a única luz vinha do cronômetro de um celular que fazia a contagem regressiva dos sete minutos.

Sete minutos no paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora