Fios sem ponta

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Mesmo depois de ter manipulado aquela tempestade na forma de mulher, ele sabia que se um dia ela o pedisse algo ele teria que dar, mas ele não teria nada. Ela perceberia as mentiras, por isso ele entendeu que tinha que levar isso até o final.

Em minha opinião essa foi a pior decisão que ele fez, sua ruína estaria ligada à isso. Arthur deu passos mais largos e longos que suas pernas e por isso estaria escrito que cairia, infelizmente ou felizmente eu convencia minha irmã a não segurar o rapaz, ele ainda tinha muito para viver, por isso implorei que ela não o levasse por conta de seus deslizes. Ela assentiu.

- Betha, precisamos conversar- disse ômega. Arthur se levantou e caminhou até ela, ao chegar mais próximo respirou fundo e prosseguiu na fala.
- Algo de errado Elen?- ele lembrava que ela ficava mais vulnerável quando a chamava pelo nome.
- O sigma e o delta estão rindo de mim, o alpha me chamou para conversar, você está me manipulando não é?- eu vi a essência nos olhos daquela mulher, já conhecia aquele olhar, mas algo me dizia ( talvez minha experiência ), "não vai dar certo". Deixei que ele tomasse seus pensamentos rapidamente.
- Ômega, porque eu manipularia você? O que eu ganharia com isso?- disse frio.
- Minha obediência, minha lealdade, um peão que você simplesmente pode mandar e desmandar, mas adivinha só? Não rola, eu quero que você vá para o inferno!- aquele turbilhão de coisas passavam na mente do rapaz, e ele usou um golpe frio de misericórdia, naquele momento, eu vi. Ele teria assinado para sempre uma sentença de tormento.
- Elen eu...- ele friamente baixou a cabeça fingindo baixar a guarda, ela caindo como uma tola, aproveitou para aplicar-lhe um soco, cuja mão foi pega.
- Solta- ela disse com fúria nos olhos e na alma, dava para sentir que a energia só piorava, e eu não poderia fazer nada a respeito.
- Porque você acha que eu faria isso?- ele a olhou com um olhar pedinte, fazendo a chama de ódio diminuir minimamente, escutei o pensamento dele: "Culpa e desapontamento vão pará-la, ela vai ceder. Preciso manter a cabeça fria, ela não é ninguém de qualquer maneira ela é substituível. Mas por ora é uma boa aliada". Eu queria que ela o acertasse mas ele estava certo.
- Pare! Se você acha que essa cara me engana está errado!- ela soltou a mão que ele segurava.
- Elen! Por favor, me escuta! Eu fico preocupado com você, não quero que nada de mal te aconteça por que você é!- escutei outro pensamento dele : "agora pare de falar, ela vai te instigar".
- Eu sou o que?! Uma burra?! Arthur eu juro por minha alma podre no inferno, que se você não parar eu mato você aqui mesmo!- ela sacou um canivete, mas a chama de ódio estava ficando fraca, fraca o suficiente para que ele segurasse a lâmina.
- Se eu sou tão inútil assim para você, tão insignificante, acaba com isso- ele levou a lâmina até o lado do seu peito onde residia seu coração- é só um movimento de força com o pulso e usar seu peso contra o meu corpo. Acaba... - ele a olhou por uns segundos e abaixou a cabeça, fingindo fechar com força os olhos para que ela o "acertasse".
- Você é um idiota!- ela teve êxito ao por peso, deixando o canivete sem um ponto certo, notando isso ele a segurou o rosto.
- Porque eu mentiria para você? Me de um bom motivo?- ele usou dos olhos mais uma vez, a puxando para si.
-Betha... Me larga...- ela não tinha mais nenhum resquício de ódio, estava tão calma quando o oceano após uma tempestade. Não tinha força para lutar conta a manipulação dele, ele a soltou.
- Não vou fazer nada contra sua vontade. Só não pensa assim de mim, tá?- ele abriu um sorriso falso, naquele momento ele fisgou o coração daquela garota.

Dias se passaram e eu comecei a perceber que fios brancos saiam da mente dela, estes fios tentavam se enrolar nos pulso de Arthur, sem sucesso pois aqueles, eram fios sem ponta.

Mais uma vez eu percebi, ele tinha fios azuis amarrados e emaranhados em seus calcanhares, só aqueles que conseguiram se firmar, mas os daquela pobre garota manipulada não se fixavam.

Eu vi a alma daquela coitada se manchar, era uma alma de cores claras, mas todo momento que ela falava com Arthur eu via cores fortes e opacas mancharem sua alma, dia após dia a alma dela se corrompia, seus pensamentos antes bons sumiam gradualmente, sua pouca bondade se perdia, ela estava tomada.

Tomada pelo ódio, tomada pela dor de saber que ele ainda a manipulava e mexia com ela, minha irmã tomou a frente e começou a tingir a alma dela, o que já não seria boa coisa, ou algo saudável, ela definhava. A essa altura eu deveria saber que para ela deixar Arthur em paz ela teria que ter algo em troca, e a troca foi manchar a alma de uma inocente.

Minha irmã a Morte, gostava e gosta de mexer com a cabeça dos mais sensíveis, homens, mulheres... Tudo é questão de diversão para ela. Enquanto a mim, Vida, tento amenizar e salvar ao máximo meus humanos, eu que os tanto amo nem sempre consigo salvá-los, eu prolongo a vida deles até onde posso mas quando eu me descuido minha irmã os toma de mim... Sempre.

Elen, ficava mais triste a cada dia, diariamente se desvinculava da gang. Mas não iria fazer nada de mal.

Entre nós e apenas nós Onde histórias criam vida. Descubra agora