8 - Ferro e carne

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 Estacionei na frente do restaurante e o manobrista pegou meu carro

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Estacionei na frente do restaurante e o manobrista pegou meu carro.

Comer ali era só para elite, já que era um dos locais mais caros da cidade. A fachada de madeira escura ostentava uma decoração rústica. Luzes num tom diferente do normal davam um toque de cidade turística que eu tanto odiava, e que agora parecia enfim estar em sintonia com a minha vida. Eu vivia num paraíso litorâneo e nunca havia me dado conta.

Um garçom me recebeu na porta de entrada e não havia outros clientes, só eu.

— Boa noite, senhorita Savana. Me chamo Pablo, Dante está esperando. — me recebeu entre sorrisos, ele era educado e de uma beleza tipicamente latina.

— Boa noite, Pablo. — Respondi simpática. Ele me indicou o caminho, mas não me seguiu.

Dante sentava-se próximo às janelas que davam de vista para o mar, numa das últimas mesas, meus passos rápidos se tornaram lentos assim que o vi. Lembrei-me do nosso encontro na boate, e como foi intenso, e da minha obsessão mental por ele nos últimos dias. Meus batimentos começaram a acelerar, eu lutava contra uma moleza súbita nas pernas.

Os pelos do meu corpo se eriçaram.

Comecei a suar.

Seu rosto era assustadoramente mais bonito do que eu lembrava.

"Ele é um sonho..."

Um sonho com pele de porcelana e olhos...

Felinamente azuis.

E a medida que me aproximava, me perguntava como aquilo não era uma visão. Não seria possível existir na Terra e ao meu alcance alguém tão perfeito.

Aquele homem segava a minha razão e isso era perigoso, eu sabia.

Dante usava uma camisa branca de botões e uma calça jeans. Ele levantou e, sem me dar boa noite, afastou a cadeira para que eu sentasse. Pensei em falar, mas a voz embargou em minha garganta.

E o seu cheiro, meu Deus, só poderia ser descrito com uma palavra:

Luxúria.

Na mesa uma garrafa de Blue Label.

Ironia.

Ele me olhava intensamente, a íris já praticamente invisível. A tensão fazia com que eu ficasse cada vez mais nervosa... Quando ele, enfim, parecia que ia falar algo, eu tomei a sua frente e perguntei:

— Como? Como consertou meu carro? Como sabia onde eu morava? Como sabe meu número? Como sabe que vi seu vídeo? E como tem tantas certezas sobre mim? — Joguei todas as perguntas de uma única vez porque se parasse eu travaria.

Ele sorriu sedutoramente, franzindo a testa — tenho certezas sobre tudo. Mas que tal boa noite primeiro? — Sua linguagem corporal e verbal não se encaixava e me confundiam ainda mais.

Blue Label: sobre meninas e pássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora