A família

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Se você esta lendo essa carta é porque provavelmente eu estou morto agora. Antes de mais nada me chamo Fernado, tenho 32 anos e se você gosta de historias felizes e alegres, está história não é pra você.
Eu tinha apenas 15 anos quando meus pais morreram. Me Lembro muito bem até hoje das sensações que senti naquele dia e mais do que isso, me lembro de tudo que fiz naquele maldito dia, de cada mínimo datalhe que me perturba até hoje.
Era uma segunda- feira chuvosa, acordei as 6:00 da manhã com o sempre barulho insuportável do meu despertador, sempre programo ele pra tocar as 6:30 pois sei que consigo me arrumar até as 7:00 que é a hora que vou pra escola de carro com meu pai e meu irmão casula lucas. Porém, minha mãe não concorda com isso e sempre o reprograma pras 6:00, e diz que assim eu tenho tempo suficiente pra tomar o café da manhã. Como se o café da manhã fosse a refeição mais importante do dia, né? As pessoas dizem isso mas não acho que elas realmente acreditem nisso, eu pelo menos não acredito, até porque comer tão cedo me embrulha o estômago. Tentava sempre explicar isso pra minha mãe mas... bem, mãe é mãe sabe como é né. Na verdade, a minha mãe sempre foi muito diferente das mães normais e convencionais, ela sempre foi muito paranóica com horários e tinha tempo determinado pra tudo na vida, até mesmo pra ir ao banheiro, se alguém entrasse no banheiro quando fosse a hora dela... bem, basicamente a guerra estava feita, e ela sempre ganhava a bendita guerra... mesmo o fato de você ter um tempo arbitrário pra escovar os dentes não fazerem nenhum sentido lógico, mas pra ela tinha e era o que importava. (é como se as bactérias que estão na sua boca só pudessem morrer ás 6:25, ás 12:25, e ás 23:25, e em todos os outros horarios do dia elas se tornassem imortais ou imunis a escovas e a pastas de dentes... sei la.) Pra mim, parece ser essa a lógica que minha mãe encontrou pra escovar os dentes apenas nesses horários.
Quando deu 7 horas em ponto, eu entrei no carro do meu pai, o Lucas ja estava lá com o seu Nintendo Switch na mão, ele sempre foi viciado em video-games portáteis, ele tinha um 3DS e um PSP também, e sempre carregava os três consigo na mochila.

- lucas, você viu o novo jogo que saiu da nintendo, O "The Legend of Zelda Breath of the Wild"?
- Claro que vi né, o que você acha que eu estou jogando?
- Ah... legal. Como você conseguiu ele tão rapido? Saiu essa semana apenas eu acho...
- Um amigo meu me emprestou!
- hum... deixa eu jogar depois que você terminar?
- claro! Basta você comprar um Nintendo Switch e pedi o jogo emprestado pra algum amigo seu, ai com certeza você poderá jogar.
- Lucas, Eu te odeio sabia?
- também te amo, mano!

Lucas era do tipo arrogante e mesquinho sempre adorava tirar vastagem de tudo e por conta disso adorava passar isso na minha cara. ( como não amar alguém assim ne?) Ele era muito popular e tinha muitos amigos na escola, e por conta disso estava sempre ganhando coisas. Apesar de eu ser um ano mais velho que ele, estudávamos juntos no 8° ano pois reprovei no ano anterior por faltas. Quase fui linchado em casa por conta disso, ainda mais quando meus pais descobriram que minhas matanças de aulas constantes eram pra fumar maconha na rua com meu amigo Caio, por conta disso fomos obrigados a nos separar, os pais de dele mudaram de cidade e tiraram o celular dele, só nos falamos agora trocando mensagens pelo Facebook, mas já não é mais a mesma coisa, nos falamos bem raramente, nossa amizade virou algo quase que superficial, a última vez que falei com ele foi semana passada, ele me disse que tinha parado de fumar, não fiquei surpreso até porque ele nunca gostou muito mesmo, me acompanhava mais pra fugir das aulas chatas de Química e Física e pra comer sanduíche no Burg king que claro eu que sempre pagava. Já eu... bem, eu era viciado mesmo em fumar admito, ainda continuo fumando mas diminui um pouco a frequência por causa das minhas terapias, consultas em psicólogos, e por causa do meu irmão que abre sempre a boca pros meus pais se eu mato aula. Mas enfim, depois eu volto nesse assunto.
Ás 7:05, meu pai finalmente entra no carro com uma cara de sono e com olheiras enormes, parecia que nem dormiu ontem, ou dormiu muito mal. Ele olha pra nós brevemente, pensa em dizer alguma coisa mas desiste, simplesmente da a ré no carro e saimos da garagem, vamos finalmente começar de fato o pior dia da minha vida, o dia que me arrependo até hoje de ter vivido!

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