xvi. família

82 1 0
                                    


CAPÍTULO 16

LYDIA

Quando as coisas más acontecem, é de repente. Elas colidem contigo numa esquina qualquer. Não importa o quanto nos preparemos. Tentamos dar o nosso melhor, mas às vezes não é suficiente. Colocamos o cinto de segurança, andamos por aí com cuidado. Não faz diferença, porque quando as coisas más acontecem, elas não batem à porta. Mas nós esquecemo-nos que é assim que as coisas boas também vêm. Sem avisar, sem bater. Apenas vêm.

"Lamento."

Lydia percebeu os olhos azuis passarem pela recente mordida no seu pulso direito, enquanto os seus dedos hesitantes a traçavam com carinho.

"Eu também."

"Nunca te quis fazer uma coisa destas." Alec olhou-a com ternura. "Morder-te."

"Tu fizeste o que tinhas de fazer." Ela assegurou.

"Vais falar com a tua mãe?" Ele perguntou, com cautela.

Lydia ajeitou-se na cama, aproximou-se do calor corporal de Alexander. A sua mão procurou a dele e, quando a encontrou, as mãos entrelaçaram-se sobre o olhar de ambos.

"Talvez..." Jones murmurou.

"Ela não se lembra, de qualquer maneira, pelo que ele disse, certo?" Alec recordou.

"Sim."

Ela só se conseguia lembrar das palavras de Ethan: "Isto é sobre o teu pai. Como ele me tirou tudo!", e da sua expressão perplexa e dolorosa quando percebeu o que Amelia havia feito. Seria realmente a verdade? Lydia perguntava-se como alguém poderia pedir para se esquecer de alguém, como a sua mãe o poderia ter feito. Ela amava-o?

"Os teus olhos são tão profundos." Ele inclinou a cabeça. "O que estás a pensar, Lydia?"

"Não queres saber." A rapariga dos cabelos vermelhos deu um longo suspiro.

"Não precisas de falar." Alexander sussurrou-lhe e beijou-lhe o nariz. "Mas, se quiseres, podes gritar comigo. Eu não me importo."

Lydia levou os seus pequenos dedos curiosos à boca dele, traçou-lhe os lábios com toda a calma do mundo, como se a tentar memorizar o seu formato. Como se estivesse com medo de se esquecer.

"Não quero gritar contigo, Alexander." Jones então olhou-o nos olhos. "Não foi tua culpa. Não foi minha culpa. Foi... do meu pai."

"Tu não sabes disso." Ele avisou, então suspirou. "Talvez seja nossa culpa, minha culpa, sabes. Tu estares neste problema todo com o vampiro, talvez-."

"Para." Lydia pressionou o seu indicador contra os lábios, agora, selados, "Se não fosses tu talvez eu nem estivesse viva."

"Não..." Alec balançou a cabeça, "Eu tentei, eu juro. Tentei não sentir alguma coisa por ti, mas aconteceu. Desculpa-me."

E então, ele beijou-lhe de leve os lábios.

O gesto tocou Lydia profundamente, um nó formou-se na sua garganta. Sentiu os seus olhos encherem-se de lágrimas, mas estava determina a não as deixar aparecer. Era ridículo, afinal, ele tinha acabado de confessar gostar dela e ela estava com vontade de chorar? O amor faz das pessoas uns idiotas, honestamente.

"Dorme e tudo vai melhorar." Alec deu um sorriso triste, "Tudo fica melhor de manhã."

Então, Lydia voltou-se de costas para Mathews e fechou os olhos, quieta, apenas se limitou a sentir o calor do corpo dele e a respiração quente nos seus cabelos vermelhos. 

Amor Faminto || Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora