xxiv. anjo

46 1 0
                                    

CAPÍTULO 24

LYDIA

Lydia tinha acordado com os gritos apressados da sua mãe, não demorou muito para que se apresentasse vestido no andar de baixo. Não teve tempo de comer o pequeno almoço, o que também não era uma surpresa, mas a sua mãe arranjou maneira de fazer conversa no caminho para a escola. Não havia muito para onde fugir.

"Já sabes o que fizeram com o Ethan?" Amelia não tirou os olhos da estrada.

A pergunta deixou a ruiva desconfortável. Mais uma vez, deparou-se com a mesma pergunta em que tropeçava sempre que alguém lhe perguntava sobre o incidente com o vampiro: devo contar? Claro, ela acabava por enumerar as razões porque deveria manter as coisas para si e depois acabava por dizer, de qualquer maneira.

"Ele fugiu, mãe." Lydia olhou pelo vidro para evitar observar a expressão da mulher.

"O quê?!"

O solavanco levou a cabeça da ruiva em direção ao tablier, mas o cinto de segurança travou-a, provavelmente marcara-lhe. A sua mãe havia travado o carro tão de repente que tudo aquilo era inevitável. Antes de olhar para Amelia, olhou para a sua janela e percebeu que haviam chegado à escola.

"Desculpa, querida. Eu-."

Jones olhou a sua mãe, "Tudo bem. Só me assustei."

"Como é que... como é que isso aconteceu?" Amelia perguntou, procurava uma explicação assim como todos eles.

"Ninguém sabe. Acham que alguém o libertou." Lydia disse-lhe, "O Ethan antes de ser transportado para a fortaleza tinha confessado ao Alexander que... mais estavam a caminho."

"Mais vampiros?" A sua mãe arregalou os olhos.

"Sim." Ela assentiu.

Amelia encostou a sua cabeça ao banco e fechou os seus olhos, nunca retirou as mãos do volante. Então a sua filha tirou o cinto e colocou a mala castanha ao ombro. Voltou-se para a sua mãe, mais uma vez.

"Já estou atrasada, tenho mesmo de ir."

"Espera, querida." Amelia agarrou-lhe a mão e suspirou, "Estás... bem? Eu sei que isto não deve ser fácil para ti. Tu não tens de ser forte o tempo todo, Lydia."

"Porque continuam a dizer isso?" Lydia franziu a testa, ofendida, "Não fui eu que morri! Nenhuma das vezes! Eu sou apenas aquela que vê e não pode fazer... nada."

"Oh, Lyds..." A sua mãe engoliu, "Não devemos ter pena dos mortos, eles estão em paz. São os vivos que não o estão."

A ruiva desviou o olhar para o tejadilho, respirou fundo, cerrou os dentes. Fungou algumas vezes, e só então voltou a encarar Amelia.

"Talvez nós mereçamos isso."

Lydia abriu a porta e saiu para fora do carro, fechou-a e encaminhou-se para a escola. Não olhou para trás, não podia ou seria lembrada mais uma vez de que não há nada que possamos fazer pelos mortos. Isso revoltava-a.

Quando entrou na sala de Biologia Aplicada, o Sr. Styles deu-lhe um olhar desaprovador e ela só teve tempo de murmurar uma pequena desculpa, antes que ele voltasse à matéria. Sentou-se no seu lugar habitual. Só depois de tirar todas as coisas da mala, olhou para Alexander. Ele, claro, já a olhava. Parecia aliviado, então Lydia apenas lhe deu um pequeno sorriso.

"Porque chegaste atrasada?" Octavia sussurrou-lhe.

"A minha mãe atrasou-se." A ruiva encolheu os ombros.

Amor Faminto || Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora