Capítulo 1 - A Chegada (NO)

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"We share a place under the same sun."
— Nós compartilhamos um lugar sob o mesmo sol. —

O primeiro sábado do ano poderia ser o mais monótono possível, até porque Sonora não é uma cidade de grandes acontecimentos.
Millie e Robert Brown já estavam no aeroporto da Califórnia, tinham acabado de chegar na sala de desembarque, a garota estava sempre com seu fone de ouvido escutando suas músicas, quase não interagia com o pai, respondia simples perguntas nas quais as respostas eram ‘sim’ ou ‘não’.

— Querida, está com fome? Se quiser comer alguma coisa eu posso voltar na lancho…

— Não, obrigada. — Robert é brutalmente interrompido pela grosseria matinal de Millie. — Não estou tão ansiosa à ponto de descontar na comida. Ainda não.

— Tudo bem... Vou chamar um táxi — ele disse, um pouco cabisbaixo.

~~~

A família Wolfhard já iniciava suas manhãs ao berros dentro da casa. Mary estava chamando a atenção de Eric pelo fato do mesmo ainda não ter acordado Finn. E devido aos gritos, Finn se levantou da cama com o pé esquerdo, lamentando-se por ainda ouvir o despertador que sua mãe naturalmente era.

— Eric, cadê o Finn? Ele já deveria estar acordado! — Mary grita. Procurando pelo filho, com passos apressados e pesados pela casa.

— Calma! Que inferno! Não se pode nem escovar os dentes em silêncio nessa casa? — O garoto exclamava do banheiro de seu quarto.

— Quero só ver quando chegar o dia em que eu for embora dessa casa e deixar vocês se virarem sem a minha ajuda! – A mãe falava e Finn revirava os olhos como se estivesse de saco cheio, ele estava.

Talvez a culpa de atrasar a casa inteira fosse realmente dele. Cuidar de seus cachos para mantê-los todos em ordem e decência não era uma tarefa rápida. Mas ele reconhecia que deveria acordar mais cedo, porém era tão difícil para ele abandonar o travesseiro.

O dia estava lindo e o céu estava de um azul brilhante demais para que os berros de Mary pudessem estragar sua manhã. Finn queria chegar no restaurante e aproveitar o ar forte e gélido do ar-condicionado, que se direcionava para as mesas em frente a porta de entrada.

~~~

Na saída do aeroporto, Millie entrava no banco traseiro do táxi. E era incrível como ela podia ser tão desastrada, o que fazia com que ela, consequentemente, xingasse qualquer coisa que visse pela frente. Ela derrubou sem querer o fone de ouvido, que era emprestado de um dos seus melhores amigos, na poça de água entre o carro e o meio-fio.

— Merda! — Millie gritou, assustando o motorista do carro e Robert.

— Para onde vão? — Perguntou o motorista ainda horrorizado pelo mau humor da menina.

— Pro inferno... — Millie sussurrou para si mesma, mas seu pai pôde ouvir, e olhou sério para ela em repreensão.

— Para Sonora, por favor. – respondeu ao motorista.

A personificação da ignorância seguiu seu passeio de carro por 4 longas horas sem seu melhor amigo. E teve de aturar os sucessos dos anos 80 que tocavam no rádio do táxi. Mas uma daquelas estranhas músicas chamou-lhe muita atenção.

There she goes
Lá vai ela

There she goes again
Lá vai ela outra vez

Racing through my brain
Correndo pelo meu cérebro

And I just can't contain
E eu simplesmente não posso conter

This feeling that remains
Esse sentimento que perdura

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Sonora era uma cidade pequena, e no centro da cidade, localizava-se The Peppery, o restaurante. Além disso, possui hotéis, pousadas, supermercados e outros tipos de comércios. O centro era claramente o lugar mais movimentado da região, e de qualquer forma, mesmo sendo um lugar movimentado, Finn poderia reconhecer qualquer rosto novo que pisasse seus pés em Sonora. O garoto tem uma boa memória.

Enquanto isso em The Peppery, que sempre estava de portas abertas, todos sentiam que seria um dia maravilhoso. A clientela de sempre chegaria por volta do horário de almoço, e talvez até alguns turistas.
Finn não acreditava em pressentimentos, mas por que naquele dia ele não estava se sentindo bem? A todo minuto, ele sentia algo se aproximando, só não sabia o que era. E daria tudo para entender do que se tratava os arrepios constantes que insistiam em subir pela coluna dele.

O furacão nova iorquino estava a pequenos passos pisar de Sonora, ou melhor, a pequenos passos de The Peppery.

SONORA - Fillie | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora