Capítulo 20

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Precisava de ajuda, procurei por Danny e não o vi, percebi que Gabe estava com os olhos cravados em mim. Se era para não deixar minha amiga ir presa por matar a Pequena Sereia, valia a pena pedir ajuda a ele.

Joguei um olhar rápido para Gabe, que estava sentado no fundo da sala. Ele ficou me olhando, mas acho que não entendeu minha súplica silenciosa.

– Chamo sim, ele me pagou um lanche e um sorvete. Foi perfeito – essa garota estava cavando a própria cova.

– Nossa!!! – Ana falava de um jeito muito desdenhoso. – Posso imaginar – ela estava um pimentão, precisava fazer algo urgente.

– Nossa, Ariel, sua festa estava muito bacana... – eu disse tentando desconversar.

Pelo amor de Deus, Gabe precisava me ajudar, elas iam se matar ali mesmo, eu conhecia Ana. Olhei para trás e fiz sinal para Gabe vir até nós, esperava sinceramente que ele me ajudasse. Ana segurou minha mão por baixo da carteira e começou a apertá-la.

– Mas e aí Ariel, me conte mais. O que ele te disse? – ela perguntou, tentando reprimir o ódio, mas ainda assim com um tom de cinismo perceptível, só a imbecil da Ariel mesmo para não ver nada de errado.

– Ai gente, ele é um fofo. Uma hora me sujei comendo e ele limpou o cantinho da minha boca com o polegar. – Ana havia abaixado a cabeça bem de leve e respirava fundo. Ela iria matar a menina; eu não queria estar na pele do Danny. Não mesmo. – Nossa, me derreti toda!

– Hum... Ele limpou a sua boca? Nossa! – Ana mexia as pernas e acho que nem percebeu que estava fazendo barulho de tanto bater com elas na mesa.

– É. Depois ele me levou em casa, até abriu a porta do carro para eu descer; achei um máximo ele dirigir, mesmo sendo errado... Você consegue imaginar como é maravilhoso estar com ele?

– Realmente, Ariel, eu consigo imaginar! – Ana apertava tanto minha mão que parecia que iria quebrar.

– Oi, meninas. – graças a Deus, Gabe tinha vindo me ajudar.

– Cai fora, Gabe. Já falei para você ficar longe! – Ana disse entredentes.

– Hey, Gabe, onde está o gatinho do seu amigo? – perguntou Ariel. Gabe olhou para mim, depois para Ana, e coçou a cabeça.

– O Danny? Ele está no banheiro, Ariel – nunca tinha visto Gabe sem jeito.

– Fala para ele que vou sim à casa dele hoje – não entendi por que ela pediu para ele dar o recado; fez só para se mostrar, com certeza.

– Claro – Gabe me olhava. Ana ainda apertava a minha mão, que já estava ficando roxa.

– Gabe, aproveita que você é o garoto de recados aqui e entregue um ao seu amiguinho por mim... – A cara da Ana não era das melhores.

– Sim – disse ele.

– Diz para ele que acabou! – Ana elevou a voz.

– Que amigo? – perguntou a sonsa da Ariel. Jesus, aquela criatura não tinha neurônios.

– Nenhum que você conheça – disparou Gabe.

Ele foi se sentar em seu lugar. Todos foram, inclusive a Pequena Sereia; a professora de geografia, Rosana, estava entrando na sala.

– Jasmim... – ela só precisou dizer isso, sabia tudo o que ela estava sentindo.

– Eu sei, Ana, tente se acalmar – a gente precisava se benzer. Não era possível dois dias seguidos de desilusões amorosas. Agora nós duas precisávamos de colo.

O Último BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora