Só mais uma pequena carta de amor

s i x

Antes, você sempre me levava onde eu pedia.

Você reclamava muito dizendo que eu deveria achar que você era meu mototaxi.

Eu podia estar com problemas precisando ir pra casa, eu te ligava, você reclamava, mas ia me buscar.

Você me levava pra comprar bebida com as minhas amigas, já que você era maior de idade, mas nós não.

Você odiava que eu bebesse, mas suas reclamações nunca fizemos diferença pra mim.

Mesmo que eu fosse louca por você, sua opinião nunca mudou minha forma de agir como eu queria.

Eu sabia que você não me queria.

Não faria sentido tentar me moldar para você.

Depois, você começou a se afastar.

Negou uma ou mais caronas.

Então eu parei de ligar.

Furava várias vezes as saídas com os nossos amigos.

Então, eu disse para pararmos de chamar.

Você dificilmente me mandava uma mensagem.

E quando mandava, era perguntando algo nenhum pouco importante.

Então, eu parei de mandar também.

Você se afastou de mim e eu te perdi.

Eu sofri.

Porque durante aquele tempo todo, eu nunca te contei porque tinha medo que isso fizesse eu perder você.

E eu te perdi mesmo sem você saber.

Três anos depois de termos nos conhecido eu tive que ir embora da cidade. Eu tinha dezoito anos.

Eu queria fazer faculdade em Nova York.

Mas você, que já tinha vinte e um, já estava no sexto semestre de faculdade em Denver mesmo.

No dia de eu ir embora, você foi até o aeroporto junto com os meus outros amigos.

Eu até mesmo me assustei quando te vi lá.

Tinha seis meses que mal nos falávamos.

Você me abraçou, disse que me amava e que ia sentir saudades.

Nós quase nunca nós abraçavamos, mas eu adorava abraçar você.

Você tinha dito que me amava no meu aniversário de dezessete anos, um ano antes de eu ir embora.

Mas eu sabia desde sempre que você me amava.

Mas sempre quando eu dizia que você me amava, você fazia graça e dizia que nem sabia o que era aquilo.

Naquele dia, eu chorei por dentro ao dizer que te amava também.

O meu era diferente do seu.

Mas você nunca soube.