Capítulo 14

739 44 9
                                    


Ao contrário do que Jeremy havia prometido, no dia seguinte, quando Ava acordou, as coisas não estavam melhores. O clima ainda estava tenso na casa, com o ator estressado tentando encontrar quem havia informado o paradeiro das duas no dia anterior. Apesar dele tranquiliza-la, Charlie ainda esperava que a qualquer momento ele fosse se convencer de que ela era culpada. Mas Jeremy ia mais em direção ao prometido em não a manter afastada do que acusá-la de algo.

Aos poucos, as notícias foram morrendo e o interesse da mídia na saúde da criança e os motivos de Jeremy ter escolhido esconder aquilo foi diminuindo até que eles finalmente conseguiram respirar mais aliviados e começar a pensar no grande feriado de Ação de Graças que estava chegando. Charlie havia considerado passar em Norfolk, já que fazia tempo que ela não via os pais, mas na véspera de anunciar a viagem para os mais velhos, eles a ligaram perguntando se ela se importaria se eles viajassem para a Alemanha visitar Ted. Os pais nunca haviam viajado para conhecer o local onde o caçula morava, claro que ela não se importou. Jeremy até se ofereceu para pagar a passagem e hospedagem dela para acompanhar os pais, mas a mulher garantiu que não tinha problema. O Natal estava chegando e ali ela tinha certeza que não passaria a data longe da família.

Tudo estava combinado para eles viajarem para Modesto, já que a mãe de Jeremy queria ter uma última grande reunião na casa antes de se mudar para Los Angeles, onde conseguiria ficar mais perto dos netos. Ava havia passado o fim de semana anterior na casa da mãe, para que pudesse ficar livre no feriado com o pai e o resto da família. Sonni parecia cada vez mais irritadiça com a insistência de Jeremy em continuar com Charlie, mas o ator só a ignorava a cada comentário feito pela modelo. Ele havia falado sério, estava cansado dela querendo se intrometer em tudo. Principalmente em seu relacionamento.

E Jeremy morreria antes de permitir que a mulher atrapalhasse o primeiro feriado de Charlie com sua família.

Ava falou durante metade do trajeto da viagem, e dormiu a outra metade. Charlie e Jeremy conversavam vez ou outra, mas o ator sabia que a mulher estava tensa. Só não conseguia entender o porquê. Como sua filha ficou falante durante boa parte do caminho, ele preferiu esperar quando ela apagasse de vez para abordar o assunto. Não deixando de perceber que a cada quilômetro que se aproximavam da casa de sua mãe, Charlie ia ficando mais monossilábica e aérea em suas conversas.

- E ai eu disse para ela que tudo bem, porque o que tínhamos não era muito sério – Jeremy deu de ombros, olhando rapidamente para a mulher, que murmurou algo sem parecer absorver o que o ator falava. – Charlie!

- Oi? – disse a mulher, alarmada pelo tom mais alto do ator. Ela olhou para trás, confirmando que Ava ainda dormia e depois olhou para Jeremy. – O que foi?

- Eu acabei de confessar um assassinato e você nem reagiu.

- Ah... Quem você matou?

- Pelo jeito você e substitui por outra – disse ele. – O que está acontecendo?

- Nada.

- Nada? Quer tentar de novo? – Jeremy perguntou, encarando a estrada e encontrando um local para encostar e conseguir conversar apropriadamente com a mulher. Não estavam tão longe do destino final, podiam gastar algum tempo.

- Por que estamos parando? – perguntou Charlie.

- Porque nós precisamos conversar.

Nunca era algo bom quando aquela frase era dita. Normalmente, sempre indicava que uma das partes envolvidas na conversa havia feito alguma merda muito grande e a outra iria se sentir extremamente irritada ou magoada. Naquela situação específica, Charlie sabia que não havia feito nada de errado, e esperava que Jeremy também não houvesse feito. Na verdade, ela sabia que aquele não era o caso. Ela sabia que não havia conseguido disfarçar tão bem quanto o imaginado a sua tensão. Sabia que o ator havia notado sua distância à medida em que se aproximavam da casa de Valerie. E sabia que em algum momento ele iria querer respostas. Jeremy não costumava ser uma pessoa curiosa, ele era mais para o tipo intrigado silencioso, mas ele não gostava de não ter respostas. Ela já havia aprendido aquilo sobre ele.

Babá por AcidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora