Capítulo 1

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Meu nome é Kassidy Crow, chamada por Kassi pelos meus amigos e conhecida como Vermelho Sangue pelos meus inimigos. Posso parecer uma garota de 20 anos normal quando uso meus jeans desgastados, meu cabelo amarrado em um coque bagunçado e minha camiseta preta com a estampa do Led Zeppelin. No entanto quando visto minha capa vermelha e me equipo com a minha adaga Misit, não tem para ninguém. Se é que eu possa chamá-los de ninguém. Em pleno século 21 eles existem, sorrateiros, predadores e espertos. Os lobisomens disfarçados de belos homens atacam em casas noturnas, bares e moças desprevenidas que caem em seu papo sedutor ou simplesmente aceitam uma bebida de um estranho. E como meu destino manda, em um sábado à noite eu não estou em casa relaxando ou indo ao cinema com meu namorado, ou ainda, dançando em uma boate com as minhas amigas. Eu estou caçando para matá-los. Exterminá-los.

Essa sou eu.

A lua já aparecia alta no céu, e a escuridão tomava conta do lugar quando estacionei meu Impala 67 preto com a pintura descascada e enferrujada em frente a um bar de esquina. O carro antigo que meu pai me deixou era a única lembrança física que eu tinha dele, e mesmo sendo uma lata velha, eu amava esse carro imensuravelmente. Há vários dias venho investigando e seguindo a pista de um bando de lobisomens que se instalaram nas redondezas da cidade de Winterspool. Tarefa nada fácil já que eles sabem muito bem como se esconderem, e se manterem disfarçados. Os lobisomens vinham atacando mulheres sozinhas durante a noite e fazendo muitas desaparecerem, mas a pista de seus ataques me trouxe até esse bar de esquina. Carreguei minha Magnus com as balas de prata, firmei-a no meu cinto junto com a adaga Misit, e as estrelas ninjas, e por fim vesti a capa. A famosa capa da Chapeuzinho Vermelho. Quando a visto, eu sinto o poder em minhas veias se misturando com as minhas células e me preenchendo como se ela fosse uma parte de mim. Meu sangue corre mais rápido e quente pelo meu corpo, meu coração acelera tão apressadamente em meu peito que as batidas fortes podem ser ouvidas facilmente, e então, ele para. Para de bater, e eu sinto que estou morta. Enquanto eu a uso ela me mantem em uma linha fina entre a vida e a morte. Meu poder vem do Deus da morte, e preciso estar em contato com o além para o poder fluir através de mim. Essa é uma das partes ruins de ser uma caçadora, acredito não ser legal brincar com a morte dessa maneira, sempre chegando tão perto dela, sem jamais deixá-la te levar.

Coloquei meus fones de ouvido, e liguei meu iPod na música de luta. "Sim, eu tenho uma música de luta". Não é como se eu precisasse ouvir Survivor – Eye of the Tiger para me animar e me incentivar a lutar, mas a música do AC/DC – Highway to hell me acompanha em cada caçada. A letra da música é uma descrição clara da minha vida cotidiana, sempre a caminho de um inferno que não tem volta, sem que ninguém consiga me parar. Eu sou a porra de uma caçadora e faço meu trabalho bem feito. E isso é simplesmente um tipo de brincadeira particular para tornar as coisas mais divertidas. A brincadeira é simples, antes que a música acabe todos os lobos devem estar mortos, simples assim. Eu sei que pode parecer besteira, mas é o máximo de diversão que uma garota como eu consegue ter em um sábado à noite.

"E quem não gosta do AC/DC, certo?"

O bar parecia bem antigo com uma estrutura feita em madeira, porém um letreiro piscava em cima da porta de entrada com uma bela mulher que cobria e descobria os seios, as aréolas de seus seios piscavam com luzinhas vermelhas. Ficou claro que por sua fachada, o bar era uma espécie de prostibulo ou bar de strip-tease. Senti o vento gélido que cortava o ar da noite bater na pele do meu rosto quando saí do meu Impala e bati a porta. Vi um pequeno redemoinho de vento dançar ao meu lado trazendo poeira para cima. Até parecia que o pequeno redemoinho sabia o que aconteceria a seguir, e já dançava em expectativa.

Andei até o bar e abri as portas duplas de madeira, assim que entrei no estabelecimento mantive minha cabeça abaixada e minha franja escondendo meu olhar. Eu podia senti-los ali, a presença e a vibração que eles exalavam era inconfundível. O cheiro deles também era forte, uma espécie de almíscar e suor que impregnava o ar e se infiltrava por minhas narinas, era impossível não reconhecer. O ar estava também carregado por fumaça de cigarro e perfume barato, o que fez meu estômago se embrulhar e me dar ânsia de vômito só em respirar. Luzes estroboscópicas piscavam sem parar criando um ambiente sedutor e convidativo ao prazer. Música tocava, mas eu não pude identificar o tipo de melodia que era, pois eu já estava ouvindo uma, mas observei várias mulheres dançando sensualmente nos poli dance espalhados pelo local, e algumas entretendo os convidados dançando sobre seus colos.

Vermelho Sangue DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora