Capítulo 6

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Ben e eu resolvemos ir tomar um café em outro hotel para pôr o papo em dia. Já não dava mais para ficar nesse hotel, poderiam ter mais lobisomens vindo e eu estava cansada para lutar agora. Descobri que Ben estava seguindo um bando de lobisomens e acabou os encontrando aqui na cidade de Mexrool, foi pura sorte ele ter me encontrado a tempo.

— Vão bem, minha vó me deu um presente que minha mãe deixou para mim, e agora acho que tenho uma pista de como matar o lobo que tirou a vida dos meus pais. — Falei tomando um gole do café forte e quente.

— Você ainda continua nessa? — Ele perguntou, tomando um gole do seu café.

— Não posso viver sem que aquele cretino esteja morto. — Digo já me enfurecendo. Só de pensar naquele lobo ordinário o meu sangue fervia.

Ele chacoalhou a cabeça negativamente.

— Você já é grandinha, sabe o que faz, mas eu não concordo com isso.

Ben era um cara legal, além de ser o único contato masculino que tive praticamente minha vida inteira. Nós nos conhecemos quando ele e seu pai vieram passear na casa da vovó quando meus pais haviam morrido, e eu tinha ido morar com a minha avó. Nós nos demos bem de imediato, acho que o fato de não termos amigos foi o que fez surgir uma amizade tão forte entre nós. O mais legal na nossa infância era que ao invés de brincarmos de esconde-esconde ou pega-pega como a maioria das crianças da nossa idade, a nossa maior diversão era lutar, passávamos o dia todo treinando um com o outro. Desde pequenos, até agora nós sempre batíamos de frente, medindo nossas forças e sempre acabávamos empatados, isso claro, quando eu não estava usando a minha capa vermelha, mas não achava justo lutar com Ben usando meus poderes sobrenaturais, mesmo assim até hoje, nenhum de nós conseguiu vencer o outro.

— Fazia algum tempo, não? — Perguntei, e enfiei uma rosquinha com açúcar na boca.

— Sim, andei ocupado caçando esse bando. — Ele maneou a cabeça. — Como está a sua avó?

Sorri.

— Ela está bem. Mas ainda continua falando coisas sem nexo. Espero que quando eu consiga matar o lobo negro ela pare com esse medo de me perder.

— Você precisa entender ela. Ela passou por muita coisa, Kassy. E se ela te perder não terá mais ninguém.

— Sim, eu sei. — Acabei ficando triste pela minha avó. Ela sempre quis meu bem e aqui estava eu, desobedecendo ela completamente.

— Além do mais, eu tomaria cuidado se eu fosse você, pois aqueles lobos que te atacaram não estavam apenas passando por ali e te acharam. Eles sabiam que você estava naquele hotel. — Ele disse franzindo o cenho.

— Eu também acho isso. Se não fosse por você... Eu estaria morta agora! — suspirei.

— Não foi nada, é para isso que servem os amigos. — Ele deu um sorriso doce. — Mas ainda não consegui encontrar o alfa deles, por isso quero que tome cuidado. Eu segui algumas pistas e descobri que eles costumam frequentar uma boate chamada Noturno. Irei lá essa noite. ­­— Seu olhar determinado em cumprir seu legado como caçador era o que eu mais admirava em Benjamin.

— Beleza, vamos matar alguns lobisomens, então! — Exclamei animada, já me levantando e limpando uma mão na outra para tirar o açúcar das rosquinhas que estavam grudados nas minhas palmas.

— Você vai comigo? — Ele perguntou surpreso.

— Se como você disse, a boate seja uma espécie de ninho de lobisomens, acredito que lá eu vá encontrar algumas pistas boas que podem me levar até o esconderijo do lobo negro que matou meus pais.

Vermelho Sangue DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora