Capítulo 6

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Nina

Os dois capangas de cinza marcharam em minha direção. Instintivamente, levantei as mãos. Para minha surpresa, os soldados da Nova Ordem pararam na hora e eu me senti forte, mesmo que só por um momento.

– Será que acabamos de voltar no tempo? – perguntei com a voz aguda. – Porque, da ultima vez que me lembro, estavamos no século 21 não no 17!

Estreitei os olhos. Olhar de novo para aquele puxa-saco do Park Jimin, que também vestia aquelas botas brilhantes, me deu mais coragem.

– vocês não podem simplesmente aparecer aqui e nos pegar...

– Park Chanyeol! – Park Jimin me interrompeu, sem educação alguma, e continuou lendo o pergaminho com o seu tom oficial e monótono. – Você esta sendo acusado de bruxaria e ficará sob custódia até seu julgamento.

Ele deu um sorrisinho sarcástico para Chany, apesar de, em situações normais, meu irmão ser caoaz de erguer aquele idiota e torcer o pescoço dele como o de uma galinha. Acho que não é difícil ficar se achando quando se tem dois soldados armados à sua disposição.

– Nina tem razão. É loucura demais! – meu irmão respondeu, exaltado. Seu rosto estava vermelho, seus olhos pretos brilhavam de raiva. – essa coisa de bruxaria não existe! Contos de fadas são um monte de besteira. Quem você pensa que é, seu cara de doninha? Um personagem de Gary Podre e a Ordem dos Idiotas?

(História profundamente perturbadora de um menino maluco que percebe que seu emprego de escriturário se torna muito mais dificil ao utilizar os chamados "poderes mágicos". Livro especialmente ofensivo que foi banido como ditado por O Único Que Bane Livros)

Meus pais pareciam horrorizados, mas nada surpresos. Então, que diabos estava acontecendo?

Comecei a me lembrar de umas aulas meio estranhas que nossos pais tinham nos dado quando éramos crianças. Eles falaram sobre plantas, ervas e o clima (sempre o clima), e como se concentrar, como focar em algo. Também nos ensinaram um monte de coisas sobre artistas que nunca tínhamos estudado na escola, como Wiccan Trollack, De Glooming e Frieda Halo. À medida que fui ficando mais velha, comecei a achar que meus pais deviam ser, sei lá, meio hippies. Mas nunca tinha questionado aquilo. Será que aquelas aulas e tudo mais estavam, de alguma forma, relacionadas com esta noite?

Jimin  olhou calmamente para Chany.

– De acordo com o Código da Nova Ordem, vocês podem levar um objeto de casa. Eu não concordo, mas se isso é o que a lei diz, a obedecerei, é claro.

Sob o olhar observador dos soldados vestidos de cinza, minha mãe foi rapidamente até a estante de livros. Ela hesitou por um momento, olhando de relance para o meu pai.

Ele fez que sim com a cabeça e então ela pegou uma baqueta antiga que sempre tinha ficado naquela prateleira. Dizia a lenda da minha família que meu avô, um cara muito louco na época dele, tinha subido ao palco no meio de um show dos Groaning Bones e arrancado a baqueta da mão do baterista. Minha mãe a estendeu para mim.

– Por Favor... – ela disse, quase choramingando – Pegue-a logo, Nina. Leve a baqueta. Te amo tanto querida!

Em seguida, meu pai esticou o braço para pegar o livro sem título na lombada. Nunca tinha o visto. Era tipo um diário e estava na estante ao lado da poltrona de leitura dele. Colocou o livro nas mãos do Chany.

– Eu te amo, Chany – ele disse.

Uma baqueta e um livro velho? Que tal um tambor também? Eles não podiam nos dar alguma herança da familia ou algo vagamente pessoal para nos dar uma força? Ou talvez a pilha gigantesca de porcarias não perecíveis do Chany para matar aquela vontade de comer doce?

Nem um segundo daquele pesadelo fazia menor sentido.
Jimin pegou das mãos dos Chany o livro caindo aos pedaços e o folheou.

– Está em branco! – ele disse, surpreso

– Isso mesmo! Como a agenda da sua vida social – Chany respondeu. Às vezes ele é bem engraçado, isso eu tenho que admitir, mas sua capacidade de esperar pelo momento certo para fazer uma piada ainda deixa um pouco a desejar.

Jimin  bateu com o livro no rosto de Chany e sua cabeça foi jogada para o lado como se fosse girar.

Chany arregalou os olhos e partiu para cima de Jimin, mas foi bloqueado pelos corpos dos soldados enormes, com um sorrisinho malicioso nos lábios.

– Levem os dois para o furgão! – Jimin  ordenou e os soldados me pegaram de novo.

– Não! Mãe! Pai! Socorro! – berrei e tentei me soltar, mas era como tentar sair de uma gaiola feita de aço. Braços duros como pedra me arrastaram em direção à porta. Consegui virar o pescoço e olhar para os meus pais pela última vez, marcando a ferro e fogo na minha memória o terror no rodto deles, as lágrimas em seus olhos.

E, bem naquele momento, me senti envolvida por uma brisa, como se um vento forte e quente estivesse soprando contra mim. Imediatamente, o sangue subiu para a minha cabeça e o suor pareceu pular da minha pele e fritar  até virar vapor.  Ouvi um zumbido ao meu redor e então...

Você não vai acreditar, mas é verdade. Eu juro!

Eu vi e senti chamas enormes explodirem de cada poro do meu corpo.

Continua...

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