Capítulo 5

11 1 8
                                    

Nina

Uma das coisas mais assustadoras do mundo, que você nunca quer ver na vida, é seus pais indefesos e de olhos arregalados, com medo de verdade.

Meus pais. Eu achava que eles pudessem nos proteger de qualquer coisa. Eles eram tão diferentes dos outros pais... Tão inteligentes, gentis, compreensivos, espertos... E eu podia ver que, naquele momento, eles sabiam de alguma coisa que eu e Chany não fazíamos idéia.

"Eles sabem o que esta acontecendo. E estão morrendo de medo disso, seja lá o que for", pensei.

– Mae? – perguntei, olhando-a bem nos olhos, tentando arrancar dela qualquer mensagem possivel, qualquer sinal sobre o que e deveria fazer agora.

Enquanto olhava para a minha mãe, tive um flash, uma série de lembranças começou a aparecer na minha cabeça. Ela e meu pai dizendo coisas do tipo "Você e o Chany são especiais, querida. Especiais mesmo. Às vezes, as pessoas têm medo de quem é diferente. E o medo faz com que elas fiquem bravas e irracionais". Mas todos os pais acham que seus filhos são especiais né? " Falando sério, Nina, vocês são especiais mesmo", minha mãe tinha dito uma vez, erguendo minha cabeça pelo queixo. "Preste atenção, querida!"

De repente, mais três vultos saíram do meio das Sombras. Dois deles tinham armas presas ao cinto. A situação ja estava fora de controle, de verdade. Armas? Soldados? Na nossa casa? Em um país livre? No meio da noite? E nem era fim de semana.

– Park Nina? – Quando andaram em direção à luz, vi dois homens e...  Park Jimin?

Jimin era um menino da minha escola de Ensino Médio, um ano mais velho que eu e um ano mais novo que o Chany. Até onde eu sabia, nós dois odiavamos aquele cara. Aliás, todo mundo  o odiava.

– O que você está fazendo aqui, Jimin? – Chany rosnou. – Saia da nossa casa agora!

– Quero ver você me fazer sair daqui – Jimin disse ao Chany e abriu um sorriso amarelo e nojento. Na hora, eu me lembrei de todas as vezes  que o tinha visto na escola e pensado: "Mas que imbecil!". Ele tinha cabelo castanho penteado perfeitamente, olhos cor de avelã, frios como os de uma iguana.

E ali estava aquele moleque insuportável, escoltado por dois soldados de uniformes escuros, coturnos pretos e brilhantes, que chegavam acima dos joelhos, e capacetes de metal. O mundo inteiro estava virando de cabeça para baixo e lá estava eu no meu pijama ridículo de gatinhos cor-de-rosa.

– O que você está fazendo aqui? – fiz a mesma pergunta do Chany.

– Park Nina – Jimin disse sem mudar o tom de voz, como um oficial de justiça, e tirou um rolo de papel que parecia oficial de não sei onde. — De agora em diante, você estará sob custódia da Nova Ordem ate seu julgamento. Você está sendo acusada de bruxaria.

Fiquei boquiaberta.

– Bruxaria? Você esta maluco?! – gritei.

Continua...

Bruxos e BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora