Garoto da Sala 32 [Doyoung]

talvez

A vida de Sun sempre fora rodeada de inúmeros talvez, e isso a deixava aturdida. O que a deixava mais aturdida ainda é o fato de poder ver tantos fios, o mar vermelho tem momentos que lhe causa náuseas.

Andava pelos corredores perdida, desamparada, talvez confusa demais para pensar em para onde está indo, observa apenas uma coisa em meio a todo mundo a sua volta. O fio. O fio que pende de seu menor dedo e se perde em meio a imensidão. 

As vezes se considera louca por ver tantos fios e nenhum que se liga ao seu. Ter o fardo de saber qual fio está ligado com o outro, qual pessoa pertence a outra exceto a sua própria. Acaba voltando para seu mesmo ponto de sempre, a sala de canto.

Hoje ela parece silenciosa, encosta o ouvido na madeira e nada escuta. Põe a mão sutilmente sob a maçaneta afim de abrir a porta e acaba por se sobressaltar ao sentir uma mão pousando em seu ombro coberto por uma camiseta qualquer preta.

- Desculpa. - o garoto lhe dissera e então Sun sentiu seu estômago gelar - Você é a garota que sempre vem aqui quando eu estou treinando?

Sun pondera suas palavras. Nunca gostara de ferir ninguém com verbos ou substantivos quem dirá adjetivos, então sempre tomou muito cuidado com as coisas que fala. Mordeu os lábios levemente e acabou por soltar o ar preso em seus pulmões.

- Talvez. - respondeu incerta e com um sorriso singelo estampado no rosto.

A garota então decide descer seu olhar ao ouvir uma risadinha por parte do mais alto,vidrou seus olhos na mão esquerda do garoto, último dedo da mão. Seu mindinho. Não possuía nada, estava sem um laço. Na verdade, todos os dez dedos das mãos não possuíam laço algum e isso instigou a garota.

- Você não possui o fio. - deixa escapar se esquecendo de que só ela pode ver todos e seus fios.

- Claro que sim. - o garoto franze a testa - Está aqui.

Ao dizer tais palavras ergueu o mindinho, mão esquerda que antes sem nada, agora possuía talvez o fio vermelho mais brilhante que já viu em toda a sua vida. Sun estava, ao que se pode dizer, maravilhada no maior e mais amplo sentido da palavra.

Se sentiu confusa, oras, por que antes nunca conseguira ver o fio vermelho do garoto? Por que só agora? Dúvidas e mais dúvidas rodeavam sua mente agora embaralhada e confusa.