capítulo quatorze.

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— Não se incomodem com isso, eu carrego tudo lá para cima. — Um homem de cabelos dourados foi o primeiro a oferecer ajuda  quando chegaram ao grande chalé. Era bem maior do que Louis imaginou que seria. — Recebemos uma correspondência do Rei e ele nos pediu sigilo completo, então também não devem se preocupar com isso. Ninguém, pelo menos não de mim, irá saber que o Príncipe Edward está aqui.

E então sua atenção caiu sobre o Rei de Ignis, mas ele deu tanta importância à ele como deu ao doutor. Louis sentia-se um pouco ferido por não ser reconhecido, mas aliviado pois aquilo seria uma redução e tanto nas preocupações.

— Eu agradeço sua compreensão, então. — Jeffrey tomou sua palavra, polido e parecendo ter um gancho erguendo os cantos de sua boca.

Harry tentou dar um jeito no volume de sua barriga, agitando o paletó discretamente quando o loiro fixou o olhar sobre ele. Louis deu um passo instintivo, limpando a garganta e conseguindo a atenção do que parecia ser o mordomo.

— Huh, você não acha que pode ser agora? Estamos todos exaustos e Edward precisa muito descansar, então eu ficaria grato se nós pudéssemos fazer isso logo. — Jeff, obrigado aos Deuses do quatro componentes, salvou a pele de todos.

— Oh, claro. Sim, desculpe pela distração. Eu vou levar tudo, agora mesmo, apesar de não ter quase nada aqui. Não há muito nestas malas, certo?

Louis percebeu que ele era um tagarela, mas aquilo estava longe de ser uma coisa ruim. Seu garoto, há tempos, foi submetido ao silêncio quase absoluto. E aquele homem parecia o oposto da calma, embora aquela não fosse uma característica tão forte dos Cultum.

— É bagagem para alguns dias de folga, não pretendo... — Harry fitou o assoalho de madeira escura e as cortinas que iam de verde musgo à vermelho como a maçã que ele comera no trajeto. — ficar por muito tempo.

O outro homem assentiu em silêncio e subiu a escadaria, deixando os três à mercê do ambiente arejado e caloroso, com flores regadas em vasos de porcelana e tapetes que faziam um convite – não tão absurdo – de:

deite em mim, eu preciso confortar alguém.

— Aqui é tão bonito. — Harry deixou escapar num suspiro. — As roupas, o solo...Deuses, aqui tem tantas flores. E o ar, Louis, parece ser tão puro. Eu quase esqueci desse lugar. Você viu, não viu? Aquelas pessoas, lá fora? Todas estavam usando vestidos.

Louis assistiu ao que ele espreitava uma das janelas e a pele pálida refletia o sol alaranjado. Deveria esperar que seu garoto ficaria ainda mais belo sob à luz de Cultum, mas ele sempre excedia.

— Nunca te vi em um vestido.

O garoto virou num estalar de dedos, o rosto era tão vermelho quanto o interior de melancia.

— Bem, eu...você sabe, eu não tenho. Não tenho um desses.

— E você quer? — Ele sorriu e soprou as próprias unhas curtas, casualmente. — Não deve ser difícil conseguir um por aqui, todos parecem ter um.

Jeffrey foi quem limpou a garganta daquela vez, carregando sua valise degraus acima. — Por Deuses, ao menos tentem ser discretos.

— Não tem ninguém aqui. — Harry aplicou seu ponto, ainda corado. — Tem?

— Talvez, eu não sei. — Jeff disse, subindo. — Mas não falem sobre aquilo, por favor, e muito menos sobre a outra coisa. Aquela coisa suja. Se comportem. Vou encontrar um quarto e deitar um pouco, me sinto como um passageiro das rodas daquela carruagem.

— Nós vamos num segundo. — Louis afirmou. — A alteza precisa se adaptar.

— Oh, precisa? — O garoto de suspensórios estava de volta, esbarrando em Jeffrey ao descer a todo vapor. — Eu posso ajudar, sei tudo sobre esse lugar. Tudinho. Querem ir lá fora? Nossa, eu complemente esqueci de perguntar. Como devo chamá-los, senhores?

light of mine • mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora