Irresponsabilidade e Autoridade

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— Isso não vai ficar assim. Você começou um jogo perigoso, Coral. — disse Ace, encarando ameaçadoramente tanto Alex quando o menor, que agora se encontrava meio encolhido em seu colo.

Assim que Shiro e Ace se afastaram, o moreno jogou um dos braços ao redor dos ombros de Coral, trazendo-o para mais perto.

— Você está bem? — murmurou, notando o quão tenso ele estava. Honestamente, ninguém merecia passar por um desencontro daqueles.

— Estou...

— Quer que eu te leve pra casa?

O menor pareceu considerar suas opções. Suas sobrancelhas estavam cerradas e ele parecia um pouco abalado, mesmo que estivesse tentando disfarçar. Acabou concordando com a cabeça, levantando-se do colo de Alexander e esperando o moreno pôr-se de pé também.

Entretanto, assim que Coral tentou dar o primeiro passo, quase caiu de cara no chão — a única coisa que o salvou foi a mão do maior em sua cintura.

Alex ergueu uma sobrancelha.

— Coral?

— N-Não é nada.

Naquele momento, o rapaz de olhos azuis notou como as bochechas do outro estavam meio avermelhadas, como ele estava agindo um pouco estranho desde o começo da festa, e chegou a uma conclusão bem óbvia.

—... Você está bêbado.

— C-Claro que não!

O moreno revirou os olhos.

— Não tem problema, pode se apoiar em mim.

— Você não está entendendo, Alexy... Não quero que ninguém saiba que eu fiquei assim só porque bebi um pouquinho. — explicou, murmurando a última parte.

— É porque você não deveria estar bebendo. — falou novamente, ainda não conseguindo entender como liberaram bebidas alcoólicas naquela festa. Entretanto, acabou por ter uma ideia. — Finge que está dormindo. Aí eu te carrego e digo que está cansado.

Coral olhou ao redor, querendo ter certeza de que ninguém estava vendo, então fechou seus olhos e encostou-se ao peito do maior. Alex não enrolou muito, simplesmente o pegou em seus braços e começou a o carregar em direção à saída. Porém, novamente, foi interrompido por Ace.

— Já vão? Ainda é cedo.

— Coral está cansado. — disse Alexander, tentando ignorá-lo, mas o outro continuou a impedi-lo.

— Se é assim, posso levar ele para casa.

— Não precisa.

— Eu insisto, Alexander. Conheço ele há muito mais tempo que você.

O moreno sentiu Coral segurar um pouco mais forte em sua blusa, e engoliu em seco. Não podia arrumar briga com Ace, não naquele momento, não enquanto o menor estivesse se sentindo daquela forma.

— Saia da frente, Ace. Nós resolveremos isso depois. — disse, desviando-se do outro rapaz e saindo do local. Alex provavelmente se ferraria mais tarde, porém tinha suas prioridades do momento.

Assim que estavam longe o suficiente, gentilmente chamou o garoto em seus braços, avisando-o que não precisava mais fingir. Ele abriu os olhos lentamente.

— Pronto, saímos.

— É... — ele murmurou, e Alex pôde perceber que ele estava tremendo um pouco. Talvez fosse por causa do frio, mas o moreno suspeitava que ele estivesse um tanto nervoso, e não era à toa.

— Onde você mora? — perguntou, e Coral explicou-lhe calmamente. Era um pouco longe para ir a pé, mas Alexander não se importava muito. Até mesmo pensou em perguntar se não tinha ninguém que poderia buscá-lo, mas já havia notado que ele tinha algum problema familiar, então optou por deixar quieto.

No meio da caminhada silenciosa, com Coral ainda encostando seu rosto ao peito do moreno, o garoto de cabelos rosados disse, baixinho:

— Ei, sobre aquele momento com o Ace... Obrigado por me defender.

— Ah... Não foi nada.

— Foi sim. Eu nunca fiz isso por você, e mesmo assim...

— Eu defendo todas as pessoas que eu gosto. E, uhm, eu me preocupo com você — falou, e Coral sentiu seu rosto esquentar automaticamente. Não estava acostumado com as pessoas gostarem dele, muito menos se preocuparem assim. Ace nunca faria aquilo por ele.

O menor resolveu mudar de assunto antes que suas emoções se tornassem fortes demais novamente. Abrindo um sorrisinho, perguntou:

— Alexy, você se importa se eu dormir de verdade? Sabe, o caminho é longo.

— Vá em frente.

Coral ficou inicialmente confuso, já que não achava que o moreno fosse realmente deixar. Fechou os olhos, então, dormindo pelo resto do caminho.

Enquanto ia em direção à casa de Coral, não pôde evitar reparar um pouco nas feições dele.

Com as roupas mais escuras, ele parecia um pouco mais durão, ainda mais com os piercings que possuía. Porém, o fato de ele ser extremamente baixinho e pintar o cabelo da cor de algodão doce estragava toda a imagem, ainda mais quando ele estava dormindo de forma tão fofinha e confortável.

A casa de Coral era absolutamente normal. Nem grande nem pequena, simplesmente mediana, e as paredes eram de tons claros. Tinha um jardim pequeno, porém bem cuidado, e basicamente era o tipo de casa comum que se veria em qualquer lugar daquela cidade.

O menor acordou assim que chegaram e, esfregando os olhos, pediu para que Alex o colocasse no chão, dizendo que seu pai não gostaria de o ver nos braços de outro garoto. Felizmente, Alexander nunca teve problema com pais homofóbicos, mas meio que sabia como Coral se sentia, pois já teve conflitos relacionados a isso em sua outra escola.

Eles estavam prestes a se despedir quando a porta se abriu. A primeira coisa que saiu de lá foi um gato branco, pequeno, porém meio gordinho e bem peludo. Ele tinha olhos azuis e animadamente foi se esfregar nas pernas do menor assim que o viu. Coral o pegou no colo sem hesitar.

— Quem é esse? — perguntou Alex, cuidadosamente aproximando sua mão do gatinho, que roçou o rosto contra seus dedos.

— É a Baunilha. A gata da minha mãe. — respondeu, um pequeno sorriso formando-se em seu rosto. O moreno nunca pensou que Coral tivesse uma gata, ainda mais uma bolinha de pelos branquinha e fofa com o nome de Baunilha.

A próxima a aparecer na porta foi uma mulher de cabelos louros, presos em um coque, aparentando ser nova demais para ser mãe de um adolescente do Ensino Médio. Além disso, ela não se parecia em nada com Coral, mas o moreno não conseguia ver outra possibilidade além de ela ser a mãe do menor.

— Coral, você já está de volta... O que aconteceu? Louis nem sequer saiu para o trabalho ainda. — disse a mulher, e um sorriso gentil formou-se em seu rosto ao ver Alexander. — Esse é seu amigo?

— Eu estava cansado, então o Alexy se ofereceu pra me levar pra casa. Esse é o Alexander, meu... — ele se perdeu um pouco, sem saber como explicar a relação deles. Algumas semanas atrás eles praticamente se odiavam, e agora Coral já tinha até mesmo beijado o maior. —... Isso. Meu amigo.

— É um prazer te conhecer, Sra. Mayhem.

— Pode me chamar de Rose. — ela disse, seu sorriso sendo a única coisa radiante naquela noite escura. Este se desmanchou, porém, quando um homem alto, de cabelos negros e barba razoavelmente rala aproximou-se deles. Ele mantinha os braços cruzados, uma postura autoritária, e Alex assumiu que ele fosse o pai do menor.

— Então você já está saindo com outro garoto, Coral? — perguntou o homem, fuzilando Alex com os olhos, sua voz grave e rouca ecoando pela rua com um tom de escárnio.

Be my bad boy ღ {romance gay}Onde histórias criam vida. Descubra agora